Manias e Crendices em Nome da Ciência
Manias e Crendices em Nome da Ciência: as curiosas teorias da falsa ciência; apaixonante estudo da credulidade humana | |
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Fads and Fallacies in the Name of Science | |
Capa da edição brasileira | |
Autor(es) | Martin Gardner |
Idioma | inglês |
País | Estados Unidos |
Assunto | Ciência, Pseudociência, Ceticismo, Ceticismo científico |
Gênero | Não ficção |
Arte de capa | Nelson Coletti |
Tradutor | Jorge Rêgo Freitas |
Editora | IBRASA-Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A. |
Formato | livro |
Lançamento | 1960 |
Páginas | 314 |
ISBN | 9780486203942 |
Um clássico do ceticismo científico, Manias e crendices em nome da ciência: as curiosas teorias da falsa ciência; apaixonante estudo da credulidade humana é o segundo livro do matemático Martin Gardner.[nota 1] Foi lançado em 1957 e publicado em português em 1960.[2]
Michael Shermer disse que "O moderno ceticismo acabou se tornando um movimento baseado na ciência, a começar com o clássico de Martin Gardner, em 1952."[3]
Gardner estruturou o texto discutindo as teorias pseudocientíficas e seus proponentes.
Capítulos
[editar | editar código-fonte]Em nome da ciência
[editar | editar código-fonte]Desmascara várias pseudociências e os pseudocientistas que as propagam. Descreve "5 maneiras pelas quais comumente transparecem as tendências paranóicas dos pseudocientistas":[4]
“ | 1. Ele se tem na conta de um gênio 2. Considera seus colegas, sem exceção, como néscios 3. Acredita ele ser injustamente perseguido e isolado. Identifica-se com Bruno, Galileu, Copérnico, Pasteur e com outros grandes homens injustamente perseguidos por suas heresias 4. É ainda fortemente compelido a focalizar os seus ataques contra os maiores cientistas e contra as teorias mais bem estabelecidas 5. Tem ele também a tendência de se expressar num jargão complexo, usando em muitos casos termos e frases por ele mesmo forjados |
” |
Plana e oca
[editar | editar código-fonte]Neste capítulo o livro trata de "três teorias excêntricas que conseguiram um número surpreendente de adeptos no presente século:" a Terra plana, a Terra oca e a de que "estamos vivendo no interior de uma esfera oca".[5] Relata as crenças religiosas de Wilbur Glenn Voliva na cidade de Zion (Illinois), nas proximidades de Chicago:[6]
“ | Os objetivos de Voliva eram de duas naturezas - um desejo de defender um dogma religioso e uma crença paranóica em sua própria grandeza, tão afastada da realidade a ponto de confundir-se com a psicose. | ” |
Trata ainda do percurso histórico das ideias sobre a terra oca, iniciando com o ex-capitão do exército estadunidense John Cleves Symmes, seguindo sua trajetória por James McBride, Americus Symmes, Marshall B. Gardner, Cyrus Reed Teed e chegando até à alemanha nazista, onde o aviador Peter Brender, influenciado por intensa troca de correspondências com Teed, criou o termo Hohlweltlehre.[7] O capítulo finaliza tratando do autor alemão Karl E. Neupert, autor do mais importante livro sobre essa mania: Geokosmos.[8]
Monstros da destruição
[editar | editar código-fonte]Os fortianos
[editar | editar código-fonte]Discos voadores
[editar | editar código-fonte]Objeto voador não identificado
Ziguezagues
[editar | editar código-fonte]Abaixo Einstein
[editar | editar código-fonte]Sir Isaac Babson
[editar | editar código-fonte]Rabdomancia e engenhocas mágicas
[editar | editar código-fonte]Sob o microscópio
[editar | editar código-fonte]Geologia versus gênese
[editar | editar código-fonte]As ideias de Mortimer Adler sobre evolução
O debate de Hilaire Belloc com H. G. Wells
Lysenkismo
[editar | editar código-fonte]Jean-Baptiste de Lamarck e Lamarquismo
Apologistas do ódio
[editar | editar código-fonte]O capítulo trata das origens do discurso de ódio, desde Martinho Lutero, que propôs a expulsão dos judeus da Alemanha[9] e o Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas de Arthur de Gobineau, que mistura fatos antropológicos com superstições para hierarquizar raças superiores, compostas por brancos louros nórdicos, e inferiores, os negros. Discorre sobre das origens do nazismo a partir do antropólogos alemães Hans F. K. Günther, Ludwig Woltmann e Ludwig Schemann[10] até Mein Kampf de Adolf Hitler.[11]
O racismo nos Estados Unidos é descrito a partir do reverendo Buckner H. Paine e de Charles Carroll,[12] passando por Madison Grant e Lothrop Stoddard até chegar à Segunda Guerra Mundial, quando a Cruz Vermelha foi obrigada a manter bancos de sangue separados de doadores brancos e negros.[13]
Atlântida e lemúria
[editar | editar código-fonte]Novamente Ignatius Donnelly, Atlântida
Madame Blavatsky, James Churchward e Lemúria
A grande pirâmide
[editar | editar código-fonte]John Taylor, Charles Piazzi Smyth, Charles Taze Russell e outros proponentes de teorias sobre a Pirâmide de Quéops
Manias e extravagâncias médicas
[editar | editar código-fonte]Samuel Hahnemann, Organon da Arte de Curar, e a homeopatia
Medicina natural, iridologia, reflexoterapia e técnica de Alexander
Andrew Taylor Still e osteopatia
Daniel D. Palmer e quiropraxia
Médicos charlatães
[editar | editar código-fonte]Dietas excêntricas
[editar | editar código-fonte]Rudolf Steiner, antroposofia e agricultura biodinâmica
Jogue fora os seus óculos!
[editar | editar código-fonte]Teorias sexuais excêntricas
[editar | editar código-fonte]Orgonomia
[editar | editar código-fonte]Dianética
[editar | editar código-fonte]L. Ron Hubbard, Dianética. (O termo Cientologia foi criado depois da publicação do livro de Gardner)
Semântica geral etc
[editar | editar código-fonte]Alfred Korzybski, Samuel I. Hayakawa
Jacob L. Moreno e “psicodrama”
Das bossas à grafologia
[editar | editar código-fonte]Franz Joseph Gall e frenologia
ESP e PK
[editar | editar código-fonte]Percepção extrasensorial (ESP) e psicocinese (PK) são expressões cunhadas por J. B. Rhine, cuja vida e obra são o foco do capítulo, pois ele deu respeitabilidade científica à parapsicologia. Rhine e sua mulher assistiram uma conferência de Arthur Conan Doyle sobre espiritualismo no início da década de 1930 e ficaram muito impressionados. Daí imergiram na literatura e na prática do espiritualismo, período posteriormente definido por Rhine como de "aventuras psíquicas".[14] O capítulo inicia afirmando que:[15]
“ | A crença em fenômenos psíquicos - ou "Parapsicologia", como os seus proponentes mais conceituados gostam de dizer - é tão velha como a humanidade. | ” |
Nas notas a este capítulo, o livro apresenta a relação entre Rhine e a égua Lady Wonder, descrevendo as pesquisas que ele e sua mulher publicaram sobre a "telepatia entre homem e animal".[16]
O caso de Bridey Murphy e outros assuntos
[editar | editar código-fonte]Apêndice
[editar | editar código-fonte]Notas
[editar | editar código-fonte]Recepção
[editar | editar código-fonte]Uma revisão contemporânea no Pittsburgh Post-Gazette analisou positivamente as críticas de Gardner sobre a Terapia Hoxsey e sobre Krebiozen, que estavam sendo promovidas como medidas anticâncer na época. A resenha concluiu que o livro "deveria ajudar a neutralizar alguns cultos divertidos e positivamente prejudiciais, cuja existência é muitas vezes promovida pelo jornalismo irresponsável".[17]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Notas
- ↑ (em inglês) "Fads and fallacies in the name of science", do original "In the name of science". A publicação de 1957 de Dover Publications é uma versão revisada e expandida da publicada por G. P. Putnam's Sons em 1952.[1]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Martin Gardner (1957). Fads and fallacies in the name of science (em inglês) 2 ed. Mineola, Nova Iorque: Dover Publications. 363 páginas. ISBN 0486203948. Consultado em 6 de março de 2015
- ↑ Martin Gardner (1960). Manias e crendices em nome da ciência: as curiosas teorias da falsa ciência; apaixonante estudo da credulidade humana. São Paulo: IBRASA-Instituição Brasileira de Difusão Cultural S.A. 314 páginas
- ↑ Michael Shermer (2011). Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas: pseudociência, superstição e outras confusões dos nossos tempos 1, rev. e ampl. ed. São Paulo: JSN Editora. p. 44. 382 páginas. ISBN 9788585985301
- ↑ Gardner 1960, p. 9-10.
- ↑ Gardner 1960, p. 13.
- ↑ Gardner 1960, p. 15.
- ↑ Gardner 1960, p. 16-22.
- ↑ Gardner 1960, p. 22-23.
- ↑ Gardner 1960, p. 136.
- ↑ Gardner 1960, p. 137.
- ↑ Gardner 1960, p. 139.
- ↑ Gardner 1960, p. 140.
- ↑ Gardner 1960, p. 146.
- ↑ Gardner 1960, p. 268.
- ↑ Gardner 1960, p. 267.
- ↑ Gardner 1960, p. 310-311.
- ↑ «A Study of the Strange Growth of Pseudo-Science». Pittsburgh Post-Gazette. 16 de novembro de 1957 – via Google News Archive