Museu de Biologia Professor Mello Leitão
Museu de Biologia Professor Mello Leitão | |
---|---|
Tipo | Biologia |
Inauguração | 1949 |
Diretor(a) | Hélio de Queiroz Boudet Fernandes[1] |
Página oficial | www.museudebiologiamelloleitao.gov.br |
Geografia | |
País | Brasil |
Localidade | Santa Teresa, ES |
Coordenadas | 19° 56′ 09″ S, 40° 35′ 59″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O Museu de Biologia Professor Mello Leitão (MBML) é um museu público federal, subordinado ao Instituto Brasileiro de Museus, localizado na cidade de Santa Teresa, no interior do estado do Espírito Santo. Fundado em 1949 pelo naturalista Augusto Ruschi, é uma das principais instituições ligadas ao patrimônio natural do país. Seu nome é uma homenagem ao zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão, importante pesquisador brasileiro e amigo pessoal do fundador.[2]
O museu tem por objetivo coletar, estudar, preservar e expor exemplares de plantas e animais, principalmente da Mata Atlântica.[3] Possui um acervo com aproximadamente 40.000 exemplares, destacando-se as coleções de beija-flores, morcegos e o herbário. Mantém as estações biológicas de Santa Lúcia e Caixa d'Água, ambas no município de Santa Teresa. Desenvolve pesquisas biológicas e atividades de educação ambiental e conta com biblioteca especializada. Publica semestralmente o Boletim do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, destinado à divulgação de pesquisas nos diversos ramos da biologia. O museu é um dos cinco pólos de educação ambiental da Mata Atlântica no Espírito Santo, atendendo aos municípios da região serrana.[2]
História
[editar | editar código-fonte]O Museu de Biologia Professor Mello Leitão é o legado de décadas de trabalho do naturalista capixaba Augusto Ruschi (1915-1986). Desde a infância, Ruschi se interessava por observar e coletar plantas e insetos. Aos dezoito anos, já organizava cientificamente suas coleções, acervo-base do futuro museu. Ruschi foi responsável por identificar, registrar e catalogar centenas de espécies de animais e vegetais, sobretudo beija-flores - família de aves que o fascinava a ponto de ter se tornado um dos maiores especialistas mundiais no assunto. O naturalista teve ainda papel de destaque na criação de parques e reservas no Espírito Santo, no ativismo em prol da contenção do desmatamento e do alerta sobre o impacto ambiental causado pelas indústrias.[2] É considerado o Patrono da Ecologia no Brasil e um ícone da luta pela preservação do meio ambiente.
O Museu de Biologia foi fundado por Ruschi em 26 de junho de 1949 como uma organização privada sem fins lucrativos, logo reconhecida como de utilidade pública.[4] Batizou a instituição com o nome de "Mello Leitão", homenageando seu professor e amigo Cândido Firmino de Mello Leitão, com quem trabalhou no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro a partir de 1937.[2] O museu foi instalado na "Chácara Anita", de propriedade do fundador, que tinha por objetivo utilizar a instituição não apenas como depositária de suas coleções científicas, mas como base para suas pesquisas e um instrumento de suporte para a política estadual de meio ambiente.[5]
Para dar início às atividades científicas do museu, juntou todos os levantamentos que havia realizado até então e começou a publicar os seus trabalhos. A primeira edição do Boletim do Museu de Biologia Professor Mello Leitão foi disponibilizada no mesmo ano em que o museu foi fundado . Desde então, o Boletim é publicado semestralmente, somando mais de 400 números. Entre os temas abordados, destacam-se duas teses principais, uma sobre reservas ecológicas e outra sobre desenvolvimento agrícola auto-sustentável em florestas tropicais. Nas décadas seguintes, o museu conseguiu projeção nacional e internacional, sobretudo pelas pesquisas desenvolvidas no âmbito da história natural do Espírito Santo e dos beija-flores brasileiros. O engajamento do fundador na defesa da natureza também garantiu notoriedade ao seu legado, sobretudo após a década de 1970, quando Ruschi enfrentou o governador do Espírito Santo, impedindo-o de instalar uma fábrica de palmitos enlatados na Reserva de Santa Lúcia.[5]
Em 1984, dois anos antes de sua morte, Ruschi doou o Museu de Biologia Professor Mello Leitão e suas reservas à Fundação Pró-Memória do Ministério da Cultura.[5] Posteriormente, a instituição passou a integrar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)[2] e, após a sanção da Lei n.º 11.906, o Instituto Brasileiro de Museus.
Atualmente, o Museu de Biologia é uma das mais importantes referências brasileiras para pesquisas voltadas à biodiversidade da Mata Atlântica, sobretudo no estado do Espírito Santo, desenvolvendo trabalhos de botânica, comportamento, ecologia e biogegrafia de grupos de animais do estado. Também possui forte atuação na área educacional, recepcionando anualmente cerca de 30 mil visitantes, sobretudo dos municípios da região serrana. O Boletim do Museu de Biologia Professor Mello Leitão é distribuído para mais de 500 instituições do Brasil e de outros 73 países.[6] Em 2003, o museu recebeu o Prêmio Muriqui, concedido pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica para os trabalhos e atividades mais significativos em benefício da proteção da biodiversidade, do desenvolvimento sustentável ou do conhecimento científico da Mata Atlântica.[4]
Instalações
[editar | editar código-fonte]O museu encontra-se instalado na antiga Chácara Anita, que pertencia a Augusto Ruschi. A área total construída soma 3 400 m2[3], distribuídos por uma série de edificações envoltas por uma um amplo parque de farta vegetação. A administração e a biblioteca situam-se na sede da chácara, erguida em 1874 por imigrantes italianos, sendo uma das mais antigas residências remanescentes de Santa Teresa.[7]
Integram o espaço dois viveiros de aves, uma para aquelas em processo de readaptação, posteriormente soltas nas estações ambientais do museu, e outra com exemplares de araras, um ofidário com diversos exemplares de serpentes peçonhentas e não-peçonhentas, os pavilhões de Botânica e Zoologia, o Pavilhao de Ornitologia, com diversas espécies de aves taxidermizadas, além de alguns exemplares de mamíferos e répteis, o Pavilhão de Exposições Temporárias, o orquidário, o herbário, o jardim rupestre, com com vegetação adaptada a lugares pedregosos, com espécies de bromélias, orquídeas e cactos, e um auditório para usos múltiplos.[2][7]
Para pesquisas de campo, o museu dispõe ainda de duas reservas biológicas, ambas no município de Santa Teresa. A Estação Biológica de São Lourenço (também chamada de "Caixa d'Água") possui 22 hectares e é frequentemente utilizada para o desenvolvimento de estudos sobre a biodiversidade local. A Estação Biológica de Santa Lúcia possui 440 hectares, é equipada com laboratório de campo e casa de hóspedes e é administrada em conjunto com o Museu Nacional da UFRJ, co-proprietário da área.[6]
Acervo
[editar | editar código-fonte]O Museu de Biologia Professor Mello Leitão possui um valioso acervo zoobotânico, com mais de 40.000 itens, entre amostras de plantas herborizadas e exemplares de animais taxidermizados ou conservados em meio líquido. A coleção foi iniciada na década de 1930 por Augusto Ruschi e outros colaboradres, tendo sido sistematicamente ampliada e organizada nas décadas seguintes. Os exemplares são organizados em ordem taxonômica e alfabética e encontram-se em bom estado de conservação, abrigados em ambientes com umidade e variações de temperatura controladas.[3] O museu abriga ainda uma grande quantia de animais e plantas vivas, nos viveiros, ofidários, no parque e nas estações biológicas.[7]
A coleção de animais taxidermizados inclui 7.300 exemplares de aves e 2.700 de mamíferos. São particularmente importantes a coleção de beija-flores, com cerca de 1 700 exemplares, a de morcegos, com 1.300.[2] Há ainda 1.600 exemplares de répteis, 4.000 exemplares de anfíbios e 1.348 lotes de peixes. O herbário possui 24.000 amostras plantas para estudo, destacando-se a coleção de 7.000 orquídeas.[6]
A biblioteca do museu é especializada em zoologia (sobretudo em ornitologia, botânica e meio ambiente. Conta com um acervo de aproximadamente 3.000 títulos de obras e 1.500 títulos de periódicos, voltados, principalmente, para a área de Ciências Biológicas.[6] O arquivo abrange material institucional e material pessoal do fundador, Augusto Ruschi. Possui 4.263 fotografias, 75 fitas de vídeo e oito metros lineares de documentos em geral. O acesso à biblioteca e ao arquivo são permitidos, mas não são efetuados empréstimos.[3]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Museu Paraense Emílio Goeldi
- Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
- Residência Augusto Ruschi
- Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi
Referências
- ↑ «Os Museus». Ibram. Consultado em 10 de janeiro de 2013
- ↑ a b c d e f g «Museu de Biologia Professor Mello Leitão». Instituto do Patrimôni Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 21 de dezembro de 2010
- ↑ a b c d Comissão de Patrimônio Cultural da USP, 2000, pp. 87-88.
- ↑ a b «Prêmio Muriqui será entregue durante as comemorações do Dia da Mata Atlântica no Senado». Ambiente Brasil. Consultado em 21 de dezembro de 2010
- ↑ a b c «Augusto Ruschi. A brincadeira de menino que virou trabalho sério.». Fundação Assis Chateaubriand. Consultado em 21 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 28 de junho de 2009
- ↑ a b c d Soares, Luisa Maria Sarmento & Pinheiro, Ronaldo Fernando Martins. «Museu de Biologia Prof. Mello Leitão um marco de pesquisa no Espírito Santo» (PDF). Nossa Casa. Consultado em 21 de dezembro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016
- ↑ a b c «Museu de Biologia Professor Mello Leitão». Espírito Santo em foco. Consultado em 21 de dezembro de 2010
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. São Paulo: Edusp. pp. 87–88