Nadia Tolokonnikova
Nadia Tolokonnikova | |
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Tolokonnikova em maio de 2015 | |
Nadia Tolokno, Nadya Tolokonnikova | |
Protestos políticos na Rússia e outras partes do mundo; prisão por protestar por causas políticas | |
Nascimento | Надежда Андреевна Толоконникова 7 de novembro de 1989 (35 anos) Norilsk |
Residência | Rússia |
Nacionalidade | russa |
Cidadania | Rússia |
Cônjuge | Piotr Verzilov |
Filho(a)(s) | 1 |
Alma mater |
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Ocupação | Escritora, musicista, artista performática, ativista política |
Distinções | Prêmio Lennon/Ono/Grant pela Paz Prêmio Hannah Arendt (dividido com a parceira de banda Maria Alyokhina) |
Instrumento | voz, piano |
Ideologia política | feminismo, anarquismo |
Nadejda Andreevna Tolokonnikova (russo: Наде́жда Андре́евна Толоко́нникова; IPA: [nɐˈdʲeʐdə təlɐˈkonʲːɪkəvə]; nascida em 7 de novembro de 1989),[1][2] também conhecida como Nadia Tolokno (Надя Толокно) ou Nadya Tolokonnikovao, é uma artista conceitual, musicista, ativista política e escritora rússa. Ela foi membro do grupo anarquista feminista Pussy Riot e possui histórico de ativismo político com o grupo Voina.
Em 17 de agosto de 2012, Tolokonnikova foi condenada por "vandalismo e ódio religioso", no que foi considerado por grupos defensores de direitos humanos como um julgamento parcial[3], após a ativista invadir a Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, para fazer uma performance em que músicas de protesto contra Vladmir Putin eram cantadas por sua banda, Pussy Riot[4][3]. Foi sentenciada a dois anos de prisão.[5] Em 23 dezembro de 2013, ela foi solta com outra membro do Pussy Riot, Maria Aliokhina, de forma a cumprir com uma emenda à Constituição Rússa.[6]
Tolokonnikova foi reconhecida como prisioneira política pelo grupo russo de direitos humanos Union of Solidarity with Political Prisoners (Solidarnost ou União em Solidariedade com Prisioneiros Políticos).[7] A Anistia Internacional a considerou uma prisioneira da consciência por "severidade das autoridades russas".[8]
Vida e educação
[editar | editar código-fonte]Tolokonnikova nasceu em 7 de novembro de 1989 na cidade industrial de Norilsk, Rússia, de seus pais Andrei Stepanovitch Tolokonnikov e Ekaterina Voronina.[9] Nadya era ativa em sua escola em grupos sobre literatura moderna amadora, projetos de filosofia e artes organizados pela Novoe Literaturnoe Obozrenie.[10]
Em 2007, aos 17 anos, Nadya se mudou para Moscou[11] e se integrou ao departamento de filosofia da Universidade Estatal de Moscou.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Nadya se juntou ao coletivo de arte Voina em 2007 e participou de diversos projetos provocativos de performance de arte.[12] Em fevereiro de 2008, eles estiveram envolvidos no performance "Fuck for the heir Puppy Bear!". Nesta performance casais são filmados em seu ato sexual no Museu Estatal Timiryazev de Moscou.[13][14] A performance pretendia ser uma sátira ao presidente Dmitry Medvedev que reclamava do aumento da reprodução do povo russo. Ela estava nos últimos estágios de sua gravidez à época.[15]
Os casos de censura vividos por Nayia e pelo Pussy Riot motivou o apoio de diversas figuras e instituições internacionais, como Paul McCartney, Madonna, Adele, Yoko Ono, U2 e a Anistia Internacional.[16]
Prisão e indiciamento
[editar | editar código-fonte]Seguindo o incidente da "Punk Prayer" ("Oração Punk") em fevereiro de 2012,[17] um processo criminal foi aberto em 26 de fevereiro contra as membros da banda Pussy Riot.[18] Em 3 de março, Tolokonnikova e duas outras membros do Pussy Riot foram presas pelas autoridades russas e acusadas de hooliganismo motivado por ódio religioso.
Tolokonnikova cumpriu pena de dois anos na Colônia Penal Feminina IK-14, próxima a Partsa, Mordóvia.[19] Em setembro de 2013, ela fez greve de fome na prisão alegando ter sofrido de maus tratos e ameaças de morte por membros da equipe penitenciária.[20][21][22][23] Escreveu uma carta falando sobre as condições das mulheres na prisão russa, em que dizia que as mulheres não são tratadas como humanas, e que as prisioneiras tinham que trabalhar de 16 a 17 horas e dormir de 3 a 4 horas por dia.[24][25][26]
Enquanto estava na prisão, trocou cartas com o cineasta e crítico cultural Slavoj Žižek, discutindo sobre democracia e ativismo.[27] Suas correspondências eram intermediadas pelo filosofo francês Michel Eltchaninoff, e suas 11 cartas foram compiladas num livro curto: Comradely Greetings: The Prison Letters of Nadya and Slavoj ("Felicitações, Camaradas: As Cartas da Prisão de Nadya e Slavoj", em tradução livre).[28][29]
Em setembro de 2013, Tolokonnikova foi hospitalizada depois de ficar sem alimento por uma semana na prisão. Ela foi tratada na enfermaria da prisão; as autoridades não liberaram detalhes.[30][31][32][33][34][35]
Em 21 de outubro de 2013 ela foi transferida para outra prisão; seu paradeiro não foi divulgado pelas autoridades russas por vários dias, preocupando amigos, familiares e a comunidade internacional.[36][37] Em novembro de 2013 foi reportado que Nadya foi transferida para IK-50, uma prisão localizada próximo a Nijny Ingash, aproximadamente a 300 km de Krasnoiarsk, Sibéria.[38][39] Em 15 de novembro de foi capaz de se comunicar novamente com seu marido por uma videochamada no hospital da prisão.[40]
Soltura
[editar | editar código-fonte]na tarde de 23 de dezembro de 2013, Tolokonnikova foi solta da prisão em Krasnoiarsk, onde ela estava sendo tratada na enfermaria daquela unidade.[41] A anistia concedida por Putin a detentos considerados presos políticos foi vista como uma propaganda de seu governo, que se preparava para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014.[42][43][44][45][46] Tolokonnikova disse: "Libertar pessoa a apenas alguns meses antes da expiração da pena é uma cortina de fumaça [...] isso é ridículo [...] Este é um ato nojento e cínico [de Vladmir Putin]",[47] e convocou o país a boicotar as Olimpiadas de Inverno.[48] Ela e Alyokhina disseram que formariam um movimento de direitos humanos por reformas prisionais.[42][45] A Rússia é conhecida por diversas violações de direitos humanos, especialmente no sistema penal.[49][50][51] Em 6 de março de 2014, Tolokonnikova e Aliokhina foram surpreendidas e feridas num assalto a um restaurante fast-food em Nijny Novgorod.[52]
Após sairem da prisão, Tolokonnikova e Alyokhina fundaram um site de jornalismo sobre direitos humanos chamado MediaZona.
Trabalhos
[editar | editar código-fonte]- Em 2016, ela publicou o livro autobiográfico entitulado How to Start a Revolution.
- De 2018 a 2019, Tolokonnikova escreveu canções e saiu em turnê com a produção musical Riot Days, baseada no livro de mesmo nome escrito por Maria Alyokhina. A turnê passou pelo Brasil.[53][54]
- Em 2018 ela publicou o livro Read and Riot: A Pussy Riot Guide to Activism, lançado no Brasil com o título: "Um Guia Pussy Riot para o Ativismo", pela Ubu Editora. Este livro é estruturado em 10 regras de Nadia para a revolução ("Seja um pirata! Faça com que o governo se borre de medo! Retome a alegria!"), e ilustrado com desenhos que representam momentos de sua vida e a filosofia de outros rebeldes revolucionários da história da humanidade. Centrado na ação direta, e ultrapassando as ideias típicas de militância, o livro é um guia para a desobediência civil, e encoraja que questionamentos sobre o status quo. Nadia defende a ideia de que a ação política precisa ser excitante, e até alegre, de forma a deselitizar a política.[55][56]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Tolokonnikova foi casada com Piotr Verzilov.[57][58] Eles tiveram uma filha chamada Gera, nascida em 2008.[59]
Prêmios e honrarias
[editar | editar código-fonte]Ela é co-vencedora do Prêmio Hannah Arendt do Pensamento Político, em 2014.[61][62]
Na cultura popular
[editar | editar código-fonte]Um documentário que seguiu o caso Pussy Riot na côrte russa, Pussy Riot: A Punk Prayer, foi lançado em 2013 no Sundance Film Festival.[63]
Em 2015, Tolokonnikova e sua parceira do Pussy Riot Maria Alyokhina apareceram como elas mesmas no episódio 29 de House of Cards, uma série estadunidense de drama televisivo popular na Netflix. Na série, Tolokonnikova e Alyokhina criticavam Vladimir Putin por corrupção, enquanto presenciavam um jantar na Casa Branca.[64]
Uma entrevista com Jessica Williams, Phoebe Robinson e Tolokonnikova foi lançada em novembro de 2016 no podcast 2 Dope Queens.[65]
Referências bibliográficas
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Дело группы Pussy Riot». 23 de março de 2012. Arquivado do original em 21 de setembro de 2012
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Media relacionados com Nadia Tolokonnikova no Wikimedia Commons