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Nossa Senhora de Međugorje

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(Redirecionado de Nossa Senhora de Medjugorje)
Nossa Senhora de Međugorje
Nossa Senhora de Međugorje
Estátua de Nossa Senhora de Međugorje, Rainha da Paz.
Rainha da Paz
Instituição da festa 28 de agosto de 2024 por Papa Francisco[1]
Venerada pela Igreja Católica
Principal igreja Igreja de São Tiago em Međugorje, na Bósnia e Herzegovina.
Festa litúrgica 25 de junho
"Rezai ao Espírito Santo para que desça sobre cada um de vós. As pessoas rezam de um modo errado: pedem [apenas] graças materiais. Poucos pedem o Dom do Espírito Santo. Mas aqueles que recebem o Espírito Santo, recebem tudo".
Nossa Senhora Rainha da Paz

Nossa Senhora de Međugorje, também conhecida como Rainha da Paz, é a invocação dada à aparição da Virgem Maria relatada pela primeira vez a 24 de junho de 1981 por seis crianças de origem croata da vila de Međugorje, na Bósnia e Herzegovina, à época República Socialista Federativa da Jugoslávia.[2]

As aparições

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Estátua de Nossa Senhora de Međugorje, Rainha da Paz, no local da primeira aparição

No dia 24 de junho de 1981, Mirjana Dragicevic e Ivanka Ivankovic relataram ter recebido uma aparição da Virgem Maria na vila de Međugorje. No dia seguinte, outras quatro crianças (Marija Pavlovic, Jakov Colo, Vicka Ivankovic e Ivan Dragicevic) também relataram ter observado a mesma aparição. Nos anos seguintes, os seis videntes continuaram sempre a relatar aparições da Virgem Maria diariamente, e isto à medida que Međugorje se tornava num famoso local de peregrinação cristã.

A colina das aparições (ou Monte Podbrdo), à noite

Estima-se que dois milhões de pessoas viajem anualmente à vila de Međugorje, em busca do conforto espiritual e das graças de Nossa Senhora, intitulada Rainha da Paz. No Brasil, a fé na Virgem da Bósnia já é compartilhada por cerca de um milhão de fiéis.[2] De Portugal e de Espanha partem também, anualmente, dezenas de peregrinações para prestar devoção a Nossa Senhora de Međugorje.

Controvérsias e posição da Santa Sé

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No início de 2008, o Papa Bento XVI ordenou que o líder espiritual das aparições, o padre franciscano Tomislav Vlasic fosse confinado em um mosteiro da Ligúria, na Itália e proibido de exercer suas funções eclesiásticas até que se concluisse a análise do processo contra ele. Vlasic foi acusado de "manipulação de consciências", heresia, "doutrina dúbia" e imoralidade sexual, crimes que são previstos pelo código canônico. Seis anos depois de sua ordenação sacerdotal, em 1976, ele teria engravidado uma freira chamada Rufina. O padre então a convenceu a ir para a Alemanha, evitando assim o escândalo. Rufina partiu com a promessa do padre de que se juntaria a ela assim que abandonasse o sacerdócio, o que nunca aconteceu. Segundo especialistas do Vaticano, se a Santa Sé colocou sob suspeita a idoneidade do padre Vlasic, estaria também colocando sob suspeita a veracidade das aparições de Međugorje.[2]

Segundo declarações do então porta-voz da Santa Sé Federico Lombardi, o Vaticano manteria uma posição reservada sobre o assunto.[2]

Reconhecimento

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Estátua de Nossa Senhora, Rainha da Paz, em frente ao Santuário de Međugorje

Em 28 de agosto de 2024, o Papa Francisco aprovou um texto que reconhece os frutos espirituais ligados à experiência de Medjugorje, autorizando os fiéis a aderir a ela, uma vez que "foram verificados muitos frutos positivos e não se difundiram no Povo de Deus efeitos negativos ou arriscados". Também foi esclarecido que o juízo positivo não se aplica à vida privada dos videntes e que, em todo caso, os dons espirituais "não exigem necessariamente a perfeição moral das pessoas envolvidas para poder agir".[3]

Durante uma conferência realizada pelo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé em 19 de setembro de 2024, o Cardeal Víctor Manuel Fernández anunciou a nota intitulada "A Rainha da Paz", que torna público o parecer positivo do sumo pontífice sobre o fenômeno e o esclarecimento de algumas partes das mensagens relacionadas.[4][5]

A nota afirma que bispo de Mostar-Duvno, Dom Petar Palić emitiu o nihil obstat sobre as mensagens de Medjugorje, em acordo com a Santa Sé. A nota relembra que, como qualquer outra alegada aparição ou fenômeno sobrenatural, os fiéis não são obrigados a crer, no entanto que através da aprovação das mensagens e dos frutos positivos eles possam "receber um estímulo positivo para sua vida cristã através desta proposta espiritual e autoriza o culto público" e que "a avaliação positiva da maior parte das mensagens de Medjugorje como textos edificantes não implica declarar que tenham uma direta origem sobrenatural".[3]

A nota também incentiva que "as autoridades eclesiásticas dos lugares onde ela (a devoção relacionada aos fenômenos de Medjugorje) esteja presente são convidadas a apreciar o valor pastoral e a promover a difusão desta proposta espiritual" e que permaneceria inalterado o poder de cada bispo diocesano de tomar decisões prudenciais no caso de haver pessoas ou grupos que "utilizando inadequadamente este fenômeno espiritual, atuem de modo errado".[3][6]

Referências

  1. «"A Rainha da Paz" - Nota sobre a experiência espiritual ligada a Medjugorje». Dicastério para a Doutrina da Fé. 19 de setembro de 2024. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  2. a b c d LOPES, Adriana Dias (10 de dezembro de 2008). «A Virgem sob suspeita». Revista Veja. Consultado em 25 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2008 
  3. a b c «Medjugorje, o "Nulla osta" do Papa». Vatican News. 19 de setembro de 2024. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  4. «O coração de Pastor e a fé do povo». Vatican News. 19 de setembro de 2024. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  5. «Vaticano, 19 de setembro, coletiva de imprensa ao vivo sobre Medjugorje». Vatican News. 17 de setembro de 2024. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  6. «Vaticano: Papa autoriza culto público no santuário mariano de Medjugorje». Agência Ecclesia. 19 de setembro de 2024. Consultado em 19 de setembro de 2024 

Ligações externas

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