O cego guiando o cego
"O cego guiando o cego" é uma expressão idiomática[1] e uma metáfora na forma de uma frase paralela; é usada para descrever uma situação em que uma pessoa que nada sabe está recebendo conselhos e ajuda de outra pessoa que não sabe quase nada.[2] A expressão pode ser encontrada até nas Upanishads, que foram escritas entre 800 AEC e 200 AEC.[3]
Citações
[editar | editar código-fonte]Permanecendo no meio da ignorância, pensando-se sábios e instruídos, os tolos vão sem rumo aqui e acolá, como cegos liderados por cegos.
Uma metáfora semelhante existe no Cânon Pali budista, composto no norte da Índia e preservado por via oral até que foi comprometido à escrita durante o Quarto Concílio Budista no Sri Lanka, em 29 EC.
Suponha que houvesse uma fila de cegos, cada um se apoiando naquele que está à sua frente: o primeiro não vê, o do meio não vê, o último não vê. Do mesmo modo, a declaração dos brâmanes acaba sendo uma fila de cegos, por assim dizer: o primeiro não vê, o do meio não vê, o último não vê.— Canki Sutta (MN 95)[5]
A expressão aparece em Horácio: Caecus caeco dux ("o líder cego dos cegos"). Horácio foi o principal poeta lírico romano durante o tempo de Augusto (27 AEC – 14 EC).[6]
O ditado aparece várias vezes na Bíblia, com histórias semelhantes aparecendo nos evangelhos de Mateus, Lucas e Tomás nas chamadas parábolas dos cegos, possivelmente através da fonte Q.
"Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pelas raízes. Deixai-os; são guias cegos [dos cegos]. Se um cego lidera um cego, ambos caem em uma cova".— Mateus 15:13-14
Sexto Empírico (160 - 210 a.C.) compara professores ignorantes e guias cegos em Esboços do Ceticismo:
"Nem o não especialista ensina o não especialista - assim como o cego não pode liderar o cego."[7]
A frase aparece em Adagia, uma coleção anotada de provérbios gregos e latinos, compilada durante o Renascimento pelo humanista holandês Desiderius Erasmus Roterodamus. A primeira edição, intitulada Collectanea Adagiorum, foi publicada em Paris em 1500 EC.[8]
Representações artísticas
[editar | editar código-fonte]Talvez a representação artística mais famosa da frase seja A Parábola dos Cegos de Pieter Bruegel. A destêmpera na pintura de tela foi concluída em 1568 e atualmente está na coleção do Museo di Capodimonte em Nápoles, Itália.
Referências na cultura popular
[editar | editar código-fonte]"The Blind Leading the Blind" é uma poesia da poeta vencedora do prêmio Pulitzer Lisel Mueller.[9]
"Blind leader the blind" foi uma música escrita por Mick Jagger, interpretada por Mick Jagger e Dave Stewart na trilha sonora do filme Alfie, de 2004.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «What does 'Blind leading the blind' mean? - Idiom Definition». UsingEnglish.com
- ↑ «Meaning of the phrase blind leading the blind at dictionary.cambridge.org»
- ↑ Gary Martin. «'The blind leading the blind' - the meaning and origin of this phrase». phrases.org.uk
- ↑ Juan Mascaró (tr), The Upanishads, Penguin Classics, 1965, ISBN 0-14-044163-8, p. 58.
- ↑ Canki Sutta (Majjhima Nikaya 95) Arquivado em 2017-05-27 no Wayback Machine, translated by Thanissaro Bhikkhu
- ↑ Sullivan. «Bruegel's Proverbs: Art and Audience in the Northern Renaissance». The Art Bulletin. 73: 431–466, 463. JSTOR 3045815. doi:10.2307/3045815
- ↑ Sextus Empiricus, Outlines of Scepticism (tr. J Annas and J Barnes), Cambridge University Press, 2000, ISBN 978-0-521-77809-1, book III: 259
- ↑ Proverbs taken chiefly from the Adagia (1814)
- ↑ Chicago, Maureen McLane Maureen McLane is a Harper fellow at the University of. «A FINE MONTH TO EXAMINE THE BREADTH AND DEPTH OF POETRY» (em inglês)
- ↑ Dansby, Andrew; Dansby, Andrew (3 de maio de 2004). «Jagger Sings for "Alfie"» (em inglês)
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com O cego guiando o cego no Wikimedia Commons