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Revoltas Samaritanas

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(Redirecionado de Quarta Revolta Samaritana)
Revoltas Samaritanas
Guerras civis bizantinas
Data 484572
Local Palestina Prima (Samaria)
Desfecho Vitórias bizantinas
Mudanças territoriais Samaria permaneceu como parte da província de Palastina Prima até a invasão sassânida em 614.
Beligerantes
Império Bizantino
* Tropas do dux Palaestinae
* Arcadiani
* Gassânidas
  Rebeldes samaritanos e judeus (556).
Comandantes
Asclepíades e Reges (484)
Governador Procópio (495)
Justiniano I (ben Sabar)
Estefano e Amâncio (556)
Justa (484)
uma "samaritana" (495)
Juliano ben Sabar
Líderes judeus e samaritanos (556)
Baixas
Severas na revolta de ben Sabar; 20-100 mil mortos (ben Sabar)
100-120 mil (556)[1]

As Revoltas Samaritanas foram uma série de insurreições durante os séculos V e VI na província de Palestina Prima provocadas pelos samaritanos contra o Império Bizantino. As revoltas foram marcadas por grande violência de ambos os lados e pela brutal supressão pelas mãos dos generais bizantinos e seus aliados gassânidas (que eram árabes cristãos - o Islã só surgiria no século VII), que reduziram drasticamente a população samaritana na região. Os eventos mudaram irreversivelmente a demografia da região, tornando os cristãos como o único grupo dominante na província por muitas décadas. Alguns historiadores traçam comparações entre as consequências das Revoltas Samaritanas com as das Guerras judaico-romanas dos séculos I e II sobre os judeus da região.

Mais informações : Baba Rabba e Samaria

Os samaritanos já não vinham sendo bem tratados sob o Império Romano, quando a Samaria era parte da província romana da Judeia. Mesmo não sendo diretamente atacados, eles sofreram as severas consequências das guerras judaico-romanas na região no período entre 66 e 136 d.C.

Após este período, a antes dominante comunidade judaica foi quase extinta por toda a Judeia e na costa do Levante Meridional, permanecendo como maioria apenas na Galileia e na região de Bashan (Golã). Os samaritanos e os cristãos bizantinos preencheram o vácuo nas regiões centrais do Levante Meridional, enquanto que os nabateus e os gassânidas, árabes cristãos, ocuparam a periferia.

Este período é considerado como uma era de ouro para a comunidade samaritana. O Templo de Gerizim foi reconstruído após a Revolta de Barcoquebas na Judeia em 135. Com a retirada das legiões romanas da região, a Samaria desfrutou de uma virtual independência nos séculos III e IV. Bar Rabba, o líder dos samaritanos, dividiu o território em distritos e criou governos locais com líderes vindos das famílias aristocráticas samaritanas. Ele também realizou uma série de reformas e criou diversas instituições estatais. Muito da liturgia samaritana foi definida por Baba Rabba nesta época. Este período de semi-independência foi, contudo, breve, pois as forças bizantinas rapidamente conquistaram a Samaria e levar Bar Rabba preso para Constantinopla, onde ele morreu, preso, anos depois (c. 362).[2]

Revolta de Justa

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Durante o reinado do imperador bizantino Zenão, as tensões entre as comunidades cristã e samaritana em Flávia Nápoles (Siquém) chegaram num ponto insustentável. De acordo com fontes samaritanas, Zenão (r. 474-491), chamado de "Zait, Rei de Edom", perseguiu sem dó os samaritanos. Ele próprio foi até Neápolis, reuniu os anciãos samaritanos e exigiu que se convertessem. Quando eles se recusaram, Zenão ordenou que muitos fossem mortos e que a sinagoga fosse transformada em igreja. Zenão então tomou para si o Monte Gerizim - local mais sagrado para os samaritanos - e construiu ali vários edifícios, inclusive um túmulo para o seu recém-falecido filho, no qual ele postou uma cruz, obrigando assim que os samaritanos, ao adorar a Deus, se prostrassem em frente do túmulo e da cruz.

Posteriormente, em 484, os samaritanos se revoltaram ao ouvirem rumores que afirmavam que os cristãos pretendiam transferir os restos dos filhos e netos de Aarão, Eleazar, Itamar e Fineias. Durante a revolta, os samaritanos tomara a catedral de Neápolis, matando todos os cristãos que ali estavam e cortando os dedos do bispo Terebintos.

Os revoltosos elegeram Justa como rei e foram para Cesareia, onde uma grande comunidade samaritana vivia. Lá, muitos cristãos foram mortos e a igreja de São Precopius foi destruída.[3] Justa celebrou sua vitória com jogos no circo romano.[3]

De acordo com João Malalas, o dux Palaestinae Asclepíadas, cujas tropas foram reforçados pelos arcadiani de Cesareia sob o general Reges, derrotaram, mataram e enviaram a cabeça de Justa para o imperador Zenão.[3] Terebintos, enquanto isso, fugiu para Constantinopla e pediu o envio de uma guarnição do exército para evitar mais ataques. De acordo com Procópio de Cesareia, Terebintos foi até o imperador por vingança.[3] O imperador foi pessoalmente até Samaria para tratar do assunto.[4]

Como resultado da revolta, Zenão ergueu uma igreja dedicada a Virgem Maria no Monte Gerizim. Ele também proibiu que os samaritanos viajassem até a montanha para celebrar seus festivais e confiscou a sinagoga que ali existia. Estas ações causaram ainda mais ressentimento entre cristãos e samaritanos.[5]

Alguns historiadores modernos acreditam que a ordem dos fatos preservada pelas fontes samaritanas deveria ser invertida, pois a perseguição de Zenão teria sido a consequência da revolta e não a sua causa, e deve ter ocorrido após 484 (por volta de 489). Zenão reconstruiu a igreja de São Procópio em Nápoles e, no topo do monte Gerizim, uma torre de sinalização foi construída para sinalizar caso uma nova revolta ocorresse.[6]

Revolta de 495

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Os samaritanos se revoltaram novamente em 495, quando reinava o imperador Anastácio I Dicoro, reocupando o monte Gerizim. A horda samaritana, comandada por "uma mulher", tomou a igreja da Virgem que existia ali e massacrou a guarnição romana.[3] A revolta foi logo sufocada pelo governador bizantino de Edessa, Procópio,[6] e os líderes samaritanos foram mortos.[3]

Revolta de ben Sabar

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Ver artigo principal: Juliano ben Sabar

Sob a autoridade carismática e messiânica de Juliano ben Sabar (ou ben Sahir), os samaritanos iniciaram uma guerra, por vezes tomada como a última revolta samaritana,[3] para formar um estado independente em 529. De acordo com as fontes bizantinas, o bispo de Nápoles (Amonas (também Sammon ou Ammon) foi assassinado, os padres da cidade foram feitos em pedaços e queimados juntamente com as relíquias ali encontradas.

As forças do imperador Justiniano I foram enviadas para sufocar a revolta com a ajuda dos árabes gassânidas. Dezenas de milhares de samaritanos foram mortos ou foram escravizados, com a mortalidade ficando entre 20 000 e 100 000.[3] A fé samaritana se tornou virtualmente ilegal após essa revolta.

De acordo com Procópio de Cesareia, a maioria dos camponeses samaritanos adotaram uma postura desafiadora nesta revolta e "foram feitos em pedaços".[3] Posteriormente, Samaria, a "a terra mais fértil do mundo, foi deixada com ninguém mais para ará-la".[3]

Revolta de 556

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Outra grande revolta irrompeu em 556 e durou, provavelmente, até 572. Nesta, os judeus e os samaritanos parecem ter lutado por uma causa comum,[3] iniciando a rebelião em Cesareia no início de julho.[3] Eles atacaram os cristãos da cidade, matando muitos, e saquearam as igrejas locais. O governador, Estefano, e sua escolta militar foram fortemente pressionados e eventualmente foram derrotados, o que resultou na morte do governador em sua própria casa.[3] Amâncio, o governador do Oriente recebeu ordens para sufocar a revolta após a viúva de Estefano ter conseguido ir a Constantinopla para pedir ajuda.

A revolta parece ter se espalhado até Belém, pois a Igreja da Natividade foi incendiada. Apesar da participação judaica, a revolta parece, contudo, ter tido uma participação menos ativa que a revolta anterior, de ben Sabar.[3] As fontes afirmam que 100 000 ou 120 000 samaritanos foram brutalmente assassinados após a revolta. Muitos foram torturados e outros, forçados a se exilar. Porém, estes números podem estar exagerados, pois a punição dos samaritanos parece ter se limitado aos que estavam no distrito de Cesareia e os que não tinham ainda sido subjugados pelos imperadores bizantinos.[1]

As tensões, porém, não terminaram aí. O imperador Justino II (r. 565 - 578) reclamou sobre "os insultos cometidos pelo assentamento de samaritanos aos pés do Monte Carmelo às igrejas cristãs e as imagens sagradas".[3]

A fé samaritana se tornou ilegal e, de uma população de quase um milhão, a comunidade definhou até a beira da extinção. A situação deles piorou ainda mais após a derrocada da revolta judaica contra Heráclio e o massacre da população judaica em 629.

A chegada dos exércitos árabes muçulmanos anos depois deram origem a mais perseguições, pois os samaritanos não conheciam a nova fé que não os havia incluído entre os "povos do livro" juntamente com os cristãos e judeus. Como resultado, foram tratados como heréticos e forçados a se converter sob o reinado dos abássidas.

Referências

  1. a b Alan David Crown, The Samaritans, Mohr Siebeck, 1989, ISBN 3-16-145237-2, pp. 75-76.
  2. Loewenstamm, Ayala. "Baba Rabbah." Encyclopaedia Judaica. Ed. Michael Berenbaum and Fred Skolnik. 2nd ed. Detroit: Macmillan Reference USA, 2007. Gale Biography In Context. Web. 22 Dec. 2011.
  3. a b c d e f g h i j k l m n o Elli Kohen, p.26-31. [1]
  4. Procopius, Buildings, 5.7.
  5. «Neapolis – (Nablus)». Studium Biblicum Franciscanum – Jerusalem. 19 de dezembro de 2000. Consultado em 19 de abril de 2008 
  6. a b Alan David Crown, The Samaritans, Mohr Siebeck, 1989, ISBN 3-16-145237-2, pp. 72-73.