Rashi
Rashi | |
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Rašiho fiktivní podoba na rytině ze 16. století | |
Nascimento | 1040 Troyes |
Morte | 13 de julho de 1105 Troyes |
Residência | Troyes, Worms, Mainz |
Sepultamento | Troyes |
Cidadania | Reino da França, França |
Progenitores |
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Filho(a)(s) | Yocheved, Miriam |
Ocupação | rabino, cientista da religião |
Obras destacadas | Rashi's commentary on the Torah, Rashi's commentary on the Talmud |
Religião | Judaísmo |
Rabi Shlomo Yitzhaki (hebraico: רבי שלמה יצחקי), mais conhecido pelo acrônimo Rashi (hebraico: רש"י, Troyes, 28 de fevereiro de 1040 – Troyes, 13 de julho de 1105), foi um rabino da França, famoso como o autor dos primeiros comentários compreensivos sobre o Talmud, Torá e Tanach (Bíblia hebraica). Aclamado por sua habilidade de apresentar o significado básico do texto de uma maneira concisa ainda que lúcida, Rashi apela para ambos estudiosos avançados e iniciantes, e seu trabalho permanece uma peça central do estudo judaico contemporâneo. Seus comentários, que aparecem em muitas edições do Talmud e Torá (notavelmente o Chumash), e são companhia indispensável para ambos estudantes casuais e sérios dos textos primários do judaísmo. É um dos principais expoentes do início do judaísmo asquenaze, que começa a se desenvolver na região da Alsácia e Lorena pouco antes do Sacro Império Romano Germânico, no século X.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Rashi nasceu em Troyes, na França, no ano de 1040.[1] Como jovem, cursou as academias religiosas judaicas em Worms e em Mainz, na Renânia. Ali estudou sob a direção de alguns dos mais destacados eruditos judeus na Europa. Quando tinha cerca de 25 anos, sua situação exigiu que voltasse a Troyes. Já reconhecido como erudito notável, Rashi tornou-se rapidamente o líder religioso da comunidade judaica local e estabeleceu a sua própria academia religiosa. Com o tempo, este novo centro de aprendizagem judaica tornou-se ainda mais influente do que os dos instrutores de Rashi na Alemanha.
Naquela época, os judeus na França usufruíam uma relativa paz e harmonia com seus vizinhos, que professavam o cristianismo, dando-se maior liberdade aos empenhos escolásticos de Rashi. No entanto, ele não era um erudito altivo. Apesar do seu prestígio como instrutor e chefe da academia, Rashi ganhava seu sustento como vinhateiro. Esta sua familiaridade com o comércio comum o colocava em contato com judeus comuns, ajudando-o a entender e a compreender a situação deles. A localização de Troyes também contribuiu para a perspicácia de Rashi. A cidade, situada ao longo das principais rotas de comércio, serviu de centro cosmopolita, e isto habilitou Rashi a chegar a conhecer bem as maneiras e os costumes de diversas nações.
Metodologia de Rashi
[editar | editar código-fonte]O objetivo vitalício de Rashi era tornar o texto das Escrituras Hebraicas compreensível a todos os judeus. Para conseguir isso, começou a colecionar cadernos de comentários sobre palavras e versículos específicos, que achava poderem ser difíceis para o leitor. As notas de Rashi mencionam as explanações dos seus instrutores e recorrem ao seu próprio conhecimento enciclopédico de toda a literatura rabínica. Na pesquisa lingüística, Rashi esgotou todos os recursos disponíveis. Deu atenção a como os sinais de pontuação e de acentuação dos massoretas afetaram o entendimento textual. Para explicar o sentido duma palavra, seu comentário sobre o Pentateuco muitas vezes cita a tradução aramaica (Targum de Onkelos). Rashi mostrou ter flexibilidade e engenhosidade no exame de anteriores possibilidades inexploradas na explicação de preposições, conjunções, significado de verbos, e de outros aspectos da gramática e da sintaxe. Esses comentários fizeram uma valiosa contribuição para o entendimento da sintaxe e da gramática da língua hebraica.
Em contraste com a tendência dominante no judaísmo rabínico, Rashi sempre procurava destacar o sentido simples, literal, do texto. Mas a vasta literatura midráshica, muito bem conhecida pelos judeus, não podia ser desconsiderada. Um notável aspecto do comentário de Rashi é a maneira em que se refere aos próprios escritos midráshicos que muitas vezes haviam obscurecido o significado literal do texto bíblico. No seu comentário sobre Gênesis 3:8, Rashi explica: “Há [várias] explicações de Agadá[2] que já foram organizadas pelos nossos mestres, em seus lugares, no Bereshit Rabá e nos outros Midrashim. E eu [Rashi] pretendo senão [ensinar] o significado simples do versículo, e para a Agadá, que se ajusta às palavras da Escritura.” Por selecionar e editar apenas os midrashim que na opinião dele ajudavam a esclarecer o significado ou o contexto dum versículo, Rashi omitia, ou excluía, os midrashim que causavam contradição e confusão. Em resultado desta edição, as gerações posteriores de judeus ficaram familiarizados na maior parte com as escolhas primárias da Midraxe[3]
Embora Rashi fosse generoso em dar crédito aos seus instrutores, ele não hesitou em discordar quando achava que as explicações deles contradiziam o claro argumento de um texto. Quando não entendia certa passagem ou achava que a tinha antes explicado incorretamente, ele estava disposto a admitir isso, mencionando até mesmo casos em que seus estudantes ajudaram-no a ter o entendimento correto.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ministero dei Beni Culturali e Ambientali.
Referências
- ↑ "Rashi" é um acrônimo hebraico formado com as letras iniciais das palavras "Rabbi Shlomo Yitzḥaqi [Rabino Salomão filho de Isaque]”.
- ↑ Aggadah (plural aggadot) significa literalmente "narração", e refere-se aos elementos não legais nos escritos rabínicos, muitas vezes envolvendo contos não-bíblicos de personagens bíblicos ou lendas sobre rabinos.
- ↑ A palavra "Midraxe" deriva duma raiz hebraica que significa "indagar, estudar, investigar", e por extensão, "pregar" feitas por Rashi.