Saltar para o conteúdo

Rubens Ricciardi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Rubens Russomanno Ricciardi)
Rubens Ricciardi
Informação geral
Nome completo Rubens Russomanno Ricciardi
Nascimento 15 de junho de 1964 (60 anos)
Local de nascimento Ribeirão Preto
São Paulo, Brasil
Ocupação(ões) Compositor

Rubens Russomanno Ricciardi (Ribeirão Preto, 15 de junho de 1964) é compositor e maestro brasileiro, pesquisador em filosofia das artes (Poíesis crítica).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi discípulo de Olivier Toni, Gilberto Mendes, Stephen Hartke e Régis Duprat. É graduado (1985), mestre com dissertação sobre Hanns Eisler (1995), doutor com tese sobre Manuel Dias de Oliveira (2000), livre-docente com tese em filosofia da música (2003) e professor titular em regência e instrumento (2006) pelo Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), em São Paulo.

Especializou-se em musicologia na Universidade Humboldt de Berlim (1987-1991), sob orientação de Günter Mayer.

É fundador do Curso de Música pela USP em Ribeirão Preto (projeto aprovado pelo Conselho Universitário da USP a 31 julho de 2001), posteriormente Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP (desde 14 dezembro de 2010), onde hoje atua como professor titular e decano, ministrando as disciplinas Prática de Orquestra, Música Brasileira, Filosofia e História das Artes e Música Brasileira.

Fundou também o Ensemble Mentemanuque (do qual é diretor artístico desde 1993, grupo de música de câmara voltado à música contemporânea e à reconstrução de memória da música brasileira) e a USP Filarmônica (orquestra de estudantes de graduação bolsistas da USP, do qual é maestro titular desde 2011, com concertos pela série Concertos USP em Ribeirão Preto e São Carlos).

É autor do projeto, pela USP em Ribeirão Preto, do primeiro Bacharelado em Viola Caipira (ou Viola Brasileira) do Brasil (desde 2004). Desde 2012, é professor responsável pelo Festival Música Nova "Gilberto Mendes" (em parcerias com o SESC-SP ou Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo), bem como coordenador do NAP-CIPEM (Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música) e do Centro de Memória das Artes pela USP em Ribeirão Preto. Ainda pela USP, fundou (2016) o USP Música Criança, desenvolvido por meio de convênios da USP com organizações sociais, com destaque para o polo deste projeto em São Joaquim da Barra (em parceria com Carlos Alberto Nicolau).

É também orientador credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais (linha de pesquisa Crítica da Cultura - Poíesis crítica) pela Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP).

Tem artigos, capítulos de livros e livros em filosofia da música, poética musical e musicologia histórica publicados no Brasil, em Portugal e na Alemanha. Destaca-se o seu livro Contra o Identitarismo Neoliberal - um ensaio de poíesis crítica pela apologia das artes (2023), publicado pela Editora Contracorrente - onde inaugura a Poíesis crítica, uma nova proposta epistemológica para a pesquisa em filosofia das artes.

Suas composições musicais se caracterizam pela influência de compositores como De Falla, Bartók, Stravinski, Villa-Lobos, Prokofiev, Eisler, Chostakóvitch, Cláudio Santoro, Tom Jobim, Gilberto Mendes e Ligeti. Seu repertório de composições próprias abrange música de câmara e sinfônica. Sua composição sinfônica Candelárias (1995), abertura trágica memorial à Chacina da Candelária ocorrida no Rio de Janeiro, a 23 de julho de 1993, apresentada por orquestras brasileiras, como a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, de Santos, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica Brasileira no Rio de Janeiro, e também no exterior, pelo Ensemble da McGill de Montreal (Canadá), Orquestra Sinfônica de Bilbao (País Basco, Espanha) e Orquestra Filarmónica de la Ciudad de México, foi obra premiada no XXII Foro Internacional de Música Nueva Manuel Enríquez, Cidade do México, e citada por MARIZ, Vasco (2000)[1], e ainda estudada em capítulo específico por Eduardo Flores Gianesella[2].

Obras musicais[editar | editar código-fonte]

  • Cantada - do livro de poemas Dentro da Noite Veloz (1962-1975) de Ferreira Gullar - canção bossa-nova (canto com microfone amplificado e orquestra), 1983.
  • Cancionero casto: Dos canciones latinoamericanas, I) La dama blanca - poema de Augustin Gomes-Lubian Urioste - (barítono e piano) & II) Esto es sencillo - poema de Pablo Neruda - (mezzo-soprano e piano), 1984.
  • Canto dos Sem Terra - com citações do Hino da Reforma Agrária ou Canto dos Lavradores - (quarteto de cordas), 1984.
  • Menschentotenlied / Exercício Dodecafônico - homenagem a Gilberto Mendes (soprano e piano), 1985.
  • Præludium (piano), 1985.
  • Gymnopedie (para piano, com versão também para saxofone alto e piano), 1985.
  • Eisleriana - inspirado no texto do Elogio do Revolucionário da peça A mãe (1931) de Bertolt Brecht - em homenagem a Hanns Eisler (baixo solista, coro SATB, sexteto de sopros, percussão e piano), 1985.
  • Elegia (clarineta solo e quinteto de cordas), 1985.
  • Viva Gramsci (orquestra), em homenagem a Antonio Gramsci, 1986.
  • Gegen Verführung - poema de Bertolt Brecht (mezzo-soprano solista, coro feminino e orquestra), 1988.
  • Étude, em homenagem aos Quadros de uma exposição de Mussorgski (piano), 1989.
  • In memoriam Chico Mendes - poema de Wolfgang Herbert - cantata (tenor solista, coro SATB e orquestra), 1990.
  • Cantigas de ninar - suíte folclórica brasileira - I) Se esta rua fosse minha; II) Nana nenê; III) Terezinha de Jesus; IV) Boi da Cara Preta); V) Sou pobre pobre pobre (quarteto de cordas), 1990.
  • Música para a reinauguração do Theatro Pedro II (violino e piano), 1992.
  • In memoriam Antonio Guedes Barbosa (quinteto de sopros, piano e contrabaixo), 1993.
  • Candelárias - abertura trágica memorial à Chacina da Candelária ocorrida no Rio de Janeiro a 23 de julho de 1993 (orquestra), 1994/1995.
  • Bach e Webern se encontram na Alta Mogiana (flauta e piano), 1994.
  • Estudo nº 1 (violino solo), 2001.
  • Alegoria de Hiroxima (soprano solista e ensemble), 2007.
  • Requiem pour l’émancipation du sujet rationnel (violoncelo solista e orquestra), 2008.
  • La Señora Oriana, a Dulzinea del Toboso com poema de Cervantes (soprano solista, viola caipira, violão e quinteto de cordas), 2013.
  • Amar e ser amado, com poema de Castro Alves (tenor solista, violino solista e orquestra de cordas), 2015.
  • Agora que sinto amor, com poema de Fernando Pessoa (soprano solista e orquestra de cordas), 2017.
  • Menina paulista, inspirado na série de meninas de Candido Portinari, com poema de Lucília Junqueira de Almeida Prado (dupla caipira, viola caipira e orquestra), 2017.
  • Une petite musique de la Révolution (orquestra de cordas), 2020.
  • Lilia, oh Lilia - Minueto de Lereno, com letra de Domingos Caldas Barbosa (mezzo-soprano, harpa e orquestra de cordas), 2023.
  • Lundum da Nhanhazinha, com letra de Domingos Caldas Barbosa (barítono, trombone, percussão, harpa e orquestra de cordas), 2023.
  • Lamento (contrabaixo solista e orquestra), 2024.

Livros e artigos publicados[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. História da Música no Brasil, 5ª ed. ampliada e atualizada, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Capítulo Jovens Promessas – Rubens Ricciardi, p.486
  2. GIANESELLA, Eduardo Flores (2009), Percussão orquestral brasileira: problemas editoriais e interpretativos, São Paulo: Editora da UNESP, p.102-105

Outras referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  • MENDES, Gilberto (1994). Uma odisseia musical - dos mares do sul à elegência pop/art déco. São Paulo: EDUSP, p. 207.
  • MARIZ, Vasco (2002). A Música Clássica Brasileira. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson, p.151 e 175.
  • MENDES, Gilberto (2008). Viver sua música – com Stravinsky em meus ouvidos, rumo à avenida Nevskiy. São Paulo: EDUSP e Realejo, p. 72-81.