Paulo de Tebas
São Paulo de Tebas | |
---|---|
São Paulo Eremita | |
Eremita | |
Nascimento | 228 Tebaida, perto do Rio Nilo |
Morte | 330 Tebas |
Veneração por | católicos, ortodoxos e coptas |
Principal templo | Mosteiro de São Paulo Eremita |
Festa litúrgica | 15 de janeiro (católico)[1] 5 de janeiro (ortodoxo)[2] 9 de fevereiro (copta) |
Atribuições | dois leões, uma palmeira, corvo |
Padroeiro | San Pablo, nas Filipinas |
Portal dos Santos |
Paulo de Tebas, Paulo, o ermitão ou Paulo o egípcio (em Copta: Ⲁⲃⲃⲁ Ⲡⲁⲩⲗⲉ) (Tebaida, 228 – Tebas, 330) foi um eremita egípcio, um dos padres do Deserto, é o primeiro eremita do qual se tem notícia, a estabelecer a tradição do ascetismo e contemplação monástica. É venerado na Igreja Católica, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Copta como santo. Sua memória litúrgica é celebrada em 15 de janeiro[3].
Hagiografia
[editar | editar código-fonte]Foi objeto de uma hagiografia composta por São Jerônimo chamada Vita Sancti Pauli primi eremitae[4] (cf. Migne PL 23 17-28) e escrita durante a segunda metade do século IV. Segundo este texto, Paulo era egípcio de uma família rica e teria recebido uma excelente educação, cultivada no estudo da cultura egípcia e do idioma grego. Deixou tudo para ir ao deserto, depois de ser denunciado por ser cristão por alguns familiares que queriam apoderar-se do seu patrimônio, durante a perseguição do imperador romano Décio. De acordo com a narrativa de Jerônimo, Paulo não voltou à cidade e passou o resto de sua vida no deserto e se alimentava do pão que era trazido por um corvo. Ao final de sua vida, recebeu a visita de Antão do Egito, a quem pediu ser sepultado com a túnica que este último tinha recebido do bispo Atanásio em uma fossa escavada, sempre segundo os relatos de Jerônimo, por um par de leões.[5]
Trata-se na realidade de uma série de lugares-comuns sobre vidas de eremitas que fazem ver o pouco que se sabe ou sabia Jerónimo de seu biografado. No entanto, fica o registro de que desde o ano 250 havia começado sua vida de ermitão não sem intervir em algumas ocasiões nas problemáticas da Igreja nos arredores.
Seu culto e a ordem húngara em sua homenagem
[editar | editar código-fonte]Na iconografia cristã, era representado sempre junto a Antão do Deserto, com o corvo, os dois leões e sua túnica feita de folhas de palmeira. Nesse santo católico se inspira a Ordem de São Paulo, o Primeiro Eremita[6] (monges paulinos), fundada na Hungria no século XIII pelo beato Eusébio de Esztergom. Posteriormente durante o reinado de Luís I da Hungria o relicário do seu corpo foi levado clandestinamente desde Veneza até o reino magiar, onde foi rendido culto primeiro na capela real do palácio da cidade de Buda a partir de 4 de outubro de 1381 e posteriormente, em 14 de novembro, foi levada ao mosteiro da ordem Paulina de Budaszentlőric, o qual se converteu no centro de muitos peregrinos húngaros e estrangeiros que honravam ao santo. Nessa época o relicário da cabeça de São Paulo ainda estava no castelo de Karlstein na Boêmia, até que em 1523 os tchecos a entregaram ao rei Luís II da Hungria e em 23 de maio se uniram pela primeira vez depois de muitos séculos os dois relicários, corpo e cabeça. Logo após a invasão turco-otomana de 1521, poucas relíquias de santos conseguiram ser salvas e levadas a lugares seguros. É desconhecido o paradeiro exato dos restos de São Paulo e se presume que foram destruídos.[7]
Referências
- ↑ The Roman Martyrology. Traduzido pelo arcebispo de Baltimore. Última Edição, de acordo com a cópia impressa em Roma em 1914. Edição revisada com o Imprimatur de Sua Eminência o Cardeal Gibbons. Baltimore: John Murphy Company, 1916 p.11.
- ↑ Great Synaxaristes: (em grego) Ὁ Ὅσιος Παῦλος ὁ Θηβαῖος. 15 Ιανουαρίου. ΜΕΓΑΣ ΣΥΝΑΞΑΡΙΣΤΗΣ.
- ↑ Le Goff, Jacques. Em busca do tempo sagrado sagrado: Tiago de Varazze e a Lenda Dourada. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 122
- ↑ Cf. Bazyli Degórski (ed.), Edizione critica della «Vita Sancti Pauli Primi Eremitae» di Girolamo, Institutum Patristicum "Augustinianum", Roma 1987; Bazyli Degórski (ed.), San Girolamo. Vite degli eremiti: Paolo, Ilarione, Malco [= Collana di Testi Patristici, 126], Città Nuova Editrice, Roma 1996, pp. 63-89; Bazyli Degórski (ed.), Hieronymi historica et hagiographica. Vita Beati Pauli monachi Thebaei. Vita Hilarionis. Vita Malchi monachi captivi. Epistula praefatoria in Chronicis Eusebii Caesariensis. Chronicorum Eusebii Caesariensis continuatio. De viris inlustribus. In Regulae S. Pachomii versionem praefatio || Girolamo. Opere storiche e agiografiche. Vita di san Paolo, eremita di Tebe. Vita di Ilarione. Vita di Malco, l’eremita prigioniero. Prefazione alla traduzione delle Cronache di Eusebio di Cesarea. Continuazione delle Cronache di Eusebio di Cesarea. Gli uomini illustri. Prefazione alla traduzione della Regola di Pacomio [= Hieronymi opera, XV || Opere di Girolamo, XV], Città Nuova, Roma 2014, pp. 73-115).
- ↑ Mann, Benjamin. "St. Paul of Thebes, Church's first known hermit, honored Jan. 15", Catholic News Agency, 13 January 2013
- ↑ «"|Quem foi São Paulo Primeiro Eremita?", Ordem de São Paulo Primeiro Eremita». Consultado em 11 de abril de 2014. Arquivado do original em 1 de julho de 2013
- ↑ Kovács Péter. (2008) Hétköznapi élet a Mátyás király korában. Budapeste, Hungria: Editorial Corvina.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Enciclopedia cattolica (versão italiana), Sansoni, Florencia 1952, pág. 753
- Oxford Dictionary of Saints, ed D. H. Farmer. OUP 2004.
- Sinaxário Copta
- Attwater, Donald and Catherine Rachel John. The Penguin Dictionary of Saints. 3rd edition. New York: Penguin Books, 1993. ISBN 0-14-051312-4.
- Le Goff, Jacques. Em busca do tempo sagrado sagrado: Tiago de Varazze e a Lenda Dourada. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 122.