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Santa Lúcia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Saint Lucia)
 Nota: Para a santa, veja Lúcia de Siracusa. Para outros significados, veja Santa Lúcia (desambiguação).

Santa Lúcia
Saint Lucia
Bandeira de Santa Lúcia
Bandeira de Santa Lúcia
Brasão Santa Lúcia
Brasão Santa Lúcia
Bandeira Brasão de Armas
Lema: "The land, the people, the light"
("A terra, o povo, a luz")
Hino nacional: "Sons and Daughters of Saint Lucia"
("Filhos e Filhas de Santa Lúcia") >
Gentílico: santa-lucense[1]
santa-luciense[2]

Localização Santa Lúcia
Localização Santa Lúcia

Capital Castries
14° 1' N 60° 59' O
Cidade mais populosa Castries
Língua oficial Inglês
Governo Monarquia constitucional parlamentarista unitária
• Monarca Carlos III
• Governador-geral Errol Charles
• Primeiro-ministro Philip Pierre
Independência do Reino Unido
• Data 22 de fevereiro de 1979
Área
  • Total 539 km² (177.º)
 • Água (%) 1,6
 Fronteira fronteira marítima com o departamento ultramarino francês da Martinica (N), e São Vicente e Granadinas (SW)
População
 • Estimativa para 2012 162.178[3] hab. (178.º)
 • Densidade 269 hab./km² (29.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2007
 • Total US$ : 1,794 bilhões(160.º)
 • Per capita US$ : 10 654 (70.º)
IDH (2019) 0,759 (86.º) – alto[4]
Moeda Dólar do Caribe Oriental (Dólar das Caraíbas Orientais em português europeu) (XCD)
Fuso horário (UTC-4)
 • Verão (DST) não observado (UTC-4)
Cód. ISO LCA
Cód. Internet .lc
Cód. telef. +1-758
Website governamental govt.lc

Santa Lúcia (em inglês: Saint Lucia, pronunciado: [seɪnt ˈluːʃə] (escutar); em francês: Sainte-Lucie) é um país insular das Pequenas Antilhas, no Caribe (Caraíbas em português europeu), próximo à Martinica, São Vicente e Granadinas e Barbados. Seu nome foi dado por Cristóvão Colombo, que ali esteve, em 1502.

Os primeiros a povoarem a ilha de Santa Lúcia foram os Aruaques no século III a.C., que foram expulsos posteriormente pelos Caribes (Caraíbas em português europeu). Espanhóis e ingleses tentaram ocupar a ilha, mas encontraram forte resistência dos nativos caribes. Em 1660, os franceses conseguiram se estabelecer ali, iniciando uma longa disputa com a Inglaterra que durou 150 anos. Por conta disto, a bandeira de posse em Santa Lúcia foi mudada catorze vezes consecutivas. Através do Tratado de Paris, em 1814, a Grã-Bretanha assumiu definitivamente o controle da ilha de Santa Lúcia, embora o período em que ela esteve sob dominação francesa tenha deixado marcas, inclusive no próprio idioma local, um patoá resultante da mescla de dialetos africanos com o francês.

Foi desenvolvido na ilha pelos ingleses o cultivo de cana-de-açúcar e, posteriormente, a introdução do cacau. Frutas tropicais também são produzidas, como a banana — seu principal produto — e o coco.

Entre 1959 e 1962, a ilha foi uma província da Federação das Índias Ocidentais. Tempos depois, foi-lhe atribuído o autogoverno, em 1967, e a independência a 13 de dezembro de 1978, como membro da Comunidade de Nações (Commonwealth).

O topônimo Santa Lúcia foi dado à ilha por Cristóvão Colombo em homenagem à santa do dia, quando aí aportou em 13 de dezembro de 1502. Os habitantes de Santa Lúcia são santa-lucenses ou santa-lucienses, não havendo o gentílico no feminino do plural nem do singular, portanto este adjetivo pátrio é neutro nas duas flexões gramaticais de gênero e número.

Ver artigo principal: História de Santa Lúcia

Povos indígenas, descobrimento, colonização e independência

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Os primeiros habitantes de Santa Lúcia, pacíficos índios aruaques, foram expulsos por belicosos caribes antes da chegada dos europeus. A ilha foi descoberta em 13 de dezembro de 1502 por Cristóvão Colombo, navegador genovês que deu-lhe o nome de Santa Lúcia em homenagem à santa do dia. Ingleses e franceses tentaram sem êxito apoderar-se de Santa Lúcia no século XVII, mas foram expulsos pelos caribes. Em 1650, colonos franceses se instalaram na ilha. A partir de 1756, Santa Lúcia mudou de mãos várias vezes durante as guerras entre a Grã-Bretanha e a França. Em 1763, o Tratado de Paris estabeleceu finalmente a soberania britânica. A escravidão foi abolida em 1836.[5]

A primeira constituição de 1924, estabeleceu um governo representativo. Entre 1958 e 1962, Santa Lúcia integrou a Federação das Índias Ocidentais e alcançou a independência completa em 1967, como estado associado ao Reino Unido. Em 22 de fevereiro de 1979, tornou-se independente, integrado à Comunidade Britânica de Nações.[5]

Eleições e últimas décadas do século XX

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As eleições de 1979 foram vencidas pelo Partido Trabalhista de Santa Lúcia (SLP), que indicou Allan Louisy primeiro-ministro. John Compton, do conservador Partido dos Trabalhadores Unidos (UWP), foi o primeiro-ministro entre 1982 a 1998. Ele enfrentou, a partir de 1993, protestos contra o corte dos benefícios na exportação de banana para a União Europeia. Em 1996 foi substituído por Vaughan Lewis, também do UWP. Nas eleições de 1997, o SLP saiu vitorioso e indicou para primeiro-ministro Kenny Anthony, reeleito em 2001.[6]

Em 1999, os plantadores de banana de Santa Lúcia ameaçam substituir o plantio da fruta pelo da maconha caso não recuperassem o mercado europeu, perdido por denúncias feitas pelos norte-americanos à Organização Mundial do Comércio (OMC) de que as ex-colônias europeias do Caribe recebiam subsídios irregulares da UE. Desde 2000, o país é considerado paraíso fiscal, mas se comprometeu com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a adotar práticas de transparência financeira.[6]

Em 2006, os Estados Unidos aboliram as tarifas impostas às importações de banana de Santa Lúcia, que vigorava desde 1999. Nas eleições de 2006, o UWP conquistou 11 das 17 cadeiras, e John Compton tornou-se primeiro-ministro. Ele morreu em 2007, e Stephenson King, também do UWP, assumiu o cargo.[6]

Na rodada de negociações da OMC, em julho de 2008, a União Europeia cancelou um acordo que reduziria as tarifas impostas sobre suas importações de banana, do qual Santa Lúcia seria grande favorecida. Em reação à crise econômica mundial, o governo incluiu no orçamento de 2009 benefícios fiscais para a população de baixa renda, com a ajuda de empréstimo da União Europeia e de Taiwan, que intensificaram laços comerciais com a ilha. No início de 2009, o governo anunciou a intenção de reintroduzir a pena de morte, por causa do crescente número de assassinatos.[6]

Ver artigo principal: Geografia de Santa Lúcia
Mapa de Santa Lúcia.

A ilha de Santa Lúcia, como as suas vizinhas, tem origem vulcânica. É percorrida de norte a sul por uma cadeia de montanhas, a mais alta das quais é o monte Gimie, com 959 m de altitude. Dois montes gêmeos de grande beleza, o Gros Piton, com 798 m, e o Petit Piton, com 750 m, emolduram uma pequena baía no sudoeste.[7]

O clima é tropical, com temperaturas médias de 27 ºC. A precipitação média anual oscila entre 1 300 mm no litoral e mais de 1 600 mm nas montanhas. Os furacões constituem permanente perigo, embora sejam menos frequentes do que em outras ilhas próximas.[7]

Estima-se que em 2007 a população da ilha de Santa Lúcia fosse de 168 312.

Sua população é formada por 90,5% de afro-americanos, 5,5% de euroafricanos, 3,2% de indianos e 0,8% de europeus meridionais. Cerca de 96% da população é cristã, sendo 78% formada por católicos e 21% por protestantes.

Cidades mais populosas

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Ver artigo principal: Política de Santa Lúcia

Santa Lúcia é uma democracia parlamentar e um reino da Commonwealth, cujo monarca é Carlos III, sendo ele o chefe de Estado de Santa Lúcia. O governador-geral é o representante do monarca na ilha e realiza as tarefas que corresponderiam ao monarca. O chefe de governo é o primeiro-ministro, que normalmente é o líder do partido que obteve a maioria dos assentos no parlamento.[8] O atual primeiro-ministro de Santa Lúcia é Philip Pierre. O gabinete é nomeado pelo governador-geral após indicação do primeiro-ministro.

O poder legislativo é composto de um parlamento bicameral, a Câmara da Assembleia, que possui 17 membros eleitos pelo voto distrital e majoritário (first-past-the-post) para um mandato de 5 anos, e o Senado, que possui 11 membros indicados pelo governador-geral de acordo com as propostas dos partidos e da sociedade civil.[9] O poder judiciário é chefiado pela Suprema Corte do Caribe Oriental, que é sediada em Castries. O sistema legal de Santa Lúcia é baseado na Common Law britânica.

Santa Lúcia possui um sistema bipartidário, cujos dois principais partidos do país são o Partido Trabalhista e o Partido Unido dos Trabalhadores.[10]

Forças armadas

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Santa Lúcia não tem forças armadas. Uma Unidade de Serviços Especiais e a Guarda Costeira estão sob o comando da Polícia Real de Santa Lúcia.[11][12]

Relações exteriores

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Santa Lúcia mantém relações amigáveis com os países caribenhos, bem como com o Reino Unido, os Estados Unidos, o Canadá e a França. O país não tem disputas internacionais atualmente e faz parte da Comunidade do Caribe (CARICOM), da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS) e da Commonwealth e da Francofonia.[carece de fontes?] Desde 9 de dezembro de 1979, Santa Lúcia faz parte das Nações Unidas.[13]

Ver artigo principal: Subdivisões de Santa Lúcia
Distritos de Santa Lúcia.

A ilha está dividida em 11 distritos (quarters), que foram criados pelo governo colonial francês e continuaram a existir durante a colonização britânica. Os distritos são:

Principais produtos de exportação de Santa Lúcia em 2019 (em inglês).
Ver artigo principal: Economia de Santa Lúcia

Os investimentos feitos pelo país, como melhorias em estradas, comunicações, abastecimento de água, esgotamento sanitário e instalações portuárias, têm atraído investimento estrangeiro no turismo e no armazenamento de petróleo e transbordo. No entanto, o setor turístico diminuiu a partir de 2009. A recente mudança no regime de preferência de importação da União Europeia e o aumento da concorrência de produtos agrícolas latino-americanos - principalmente a banana - fizeram uma diversificação econômica cada vez mais importante em Santa Lúcia.

A ilha tem sido capaz de atrair negócios e investimentos estrangeiros, especialmente em seus setores bancário e de turismo no exterior, que é a principal fonte econômica da ilha. O setor industrial é o mais diversificado na área leste do Caribe, e o governo está tentando revitalizar a indústria da banana. Apesar do crescimento negativo em 2011, os fundamentos econômicos continuam sólidos e crescimento da economia deve se recuperar no futuro. O Produto interno bruto (PIB) do país é de US$ 2,101 bilhões, fazendo desta a 187ª maior economia do mundo.

A inflação tem sido relativamente baixa, com média de 5,5% entre 2006 e 2008. A moeda de Santa Lúcia é o Dólar do Caribe Oriental (EC $), uma moeda regional compartilhada entre os membros da União Monetária do Caribe Oriental (ECU). O Banco Central do Caribe Oriental (EC) emite os $ CE, administra a política monetária e regula e fiscaliza as atividades bancárias comerciais nos países membros. Em 2003, o governo iniciou uma reestruturação global da economia, incluindo a eliminação de controles de preços e a privatização da companhia bananeira do Estado.[14]

Ver artigo principal: Cultura de Santa Lúcia

A cultura de Santa Lúcia é fortemente influenciada por costumes africanos, indianos, franceses e ingleses. Uma das línguas secundárias no país é o crioulo santa-lucense, falado por quase toda a população.[15][16]

Santa Lúcia possui a maior proporção de laureados com o prêmio Nobel, com respeito ao total da população de qualquer país soberano do mundo. Dois vencedores vieram de Santa Lúcia: Sir William Arthur Lewis ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1979,[17][18] e o poeta Derek Walcott recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1992.[19][20]

Festivais culturais santalucienses incluem o La Rose e La Marguerite, o primeiro representando uma sociedade fraterna santaluciense nativa conhecida como a Ordem da Rosa, que é formado no molde do Rosa-cruz, e o segundo representa o seu tradicional rival, a sociedade nativa santa-luciense de Maçonaria, conhecida como a Ordem do Marguerite.[21] as referências a suas origens como versões de preexistente sociedades secretas externas pode ser visto em um mural pintado por Dunstan St Omer, representando a santa trindade de Osíris, Hórus e Isis.

O maior festival do ano é o Festival de Jazz de Santa Lúcia. Realizado no início de maio, em vários locais em toda a ilha, que atrai visitantes e músicos de todo o mundo. O grand finale é realizado na Ilha Pigeon, que está localizado ao norte da ilha. Tradicionalmente, em comum com outros países do Caribe, Santa Lúcia realizava um carnaval antes da Quaresma. Em 1999, o governo mudou o Carnaval para meados de julho para evitar competir com o carnaval de Trinidad e Tobago - visto como maior e mais atrativo - de forma a atrair mais visitantes estrangeiros.

Em maio de 2009, o país comemorou o seu 150º aniversário de imigração indiana para a ilha.

Feriados
Data Nome em português Nome local Observações
1 de janeiro Ano novo New Year's Day -
2 de janeiro Feriado do ano novo New Year's Holiday -
22 de fevereiro Dia da independência Independence Day -
22 de março Dia da Honra à Bandeira Honor the Flag Day -
1 de maio Dia do trabalho Labour Day -
1 de agosto Dia da emancipação Emancipation Day -
13 de dezembro Dia da nação National Day -
25 de dezembro Natal Christmas Day -
26 de dezembro Dia após o Natal Boxing Day -

Referências

  1. Instituto de Linguística Teórica e Computacional. «Dicionário de Gentílicos e Topónimos de Santa Lúcia». Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 17 de junho de 2021 
  2. Serviço das Publicações da União Europeia. «Anexo A5: Lista dos Estados, territórios e moedas». Código de Redacção Interinstitucional. Consultado em 11 de maio de 2012 
  3. CIA - The World Factbook: Population
  4. «Human Development Report 2019» (PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  5. a b «Santa Lúcia: História». Nova Enciclopédia Barsa. volume 13. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações. 1998. p. 92 
  6. a b c d CIVITA, Roberto (2007). Almanaque Abril. São Paulo: Abril. p. 585 
  7. a b «Santa Lúcia: História». Nova Enciclopédia Barsa. volume 13. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações. 1998. p. 91 
  8. «Saint Lucia - Office of the Prime Minister». Saint Lucia - Office of the Prime Minister. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  9. "Members of the House of Assembly", Government of St. Lucia, 2008, stlucia.gov.lc
  10. «UWP wins Saint Lucia elections - St. Lucia Times News». web.archive.org. 12 de outubro de 2016. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  11. «ww1.rslpf.com». ww1.rslpf.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  12. «Saint Lucia Military Facts & Stats». www.nationmaster.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  13. «Permanent Mission of Saint Lucia To The United Nations» (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  14. «Saint Lucia's Economic Freedom» (em inglês). Heritage.org. Consultado em 30 de agosto de 2014. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2011 
  15. «About St. Lucia». Castries, St. Lucia: St. Lucia Tourist Board. Cópia arquivada em 5 de junho de 2013. The official language spoken in Saint Lucia is English although many Saint Lucians also speak a French dialect, Creole (Kwéyòl). 
  16. Bureau of Western Hemisphere Affairs (U.S. Department of State) (12 de agosto de 2011). «Background Note: Saint Lucia». United States Department of State. Consultado em 11 de novembro de 2011. Languages: English (official); a French patois is common throughout the country. 
  17. «LEWIS, W. Arthur» (PDF). Consultado em 17 de julho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 21 de outubro de 2013 
  18. Tignor, Robert L. (2006). W. Arthur Lewis and the Birth of Development Economics. [S.l.]: Princeton University Press. pp. 7–8. ISBN 0-691-12141-9 
  19. "Derek Walcott wins OCM Bocas Prize" Arquivado em 15 de março de 2016, no Wayback Machine., Trinidad Express Newspapers, 30 April 2011.
  20. Derek Walcott, Bibliography (em inglês)
  21. «St. Lucia Culture» (em inglês). Flights To St. Lucia. Consultado em 8 de outubro de 2016 

Ligações externas

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