TUE Série 5000 (Fepasa)
TUE Série 5000 (Fepasa) | |
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Trem francês/UI 9000 | |
Dois trens da Série 5000 no Pátio Presidente Altino, 2006. ---- Interior de um dos 82 trens montados no Brasil. ---- | |
Período de serviço | 1978–2012 |
Fabricante | Francorail/Cobrasma/MTE/Brown Boveri/Traction Cem Oerlikon/Jeumont Schneider |
Período de construção | 1978–1980 |
Período de renovação | 1999–2000/2013 (6 trens reformados para a Ext. Op. da Linha 8; compõem a atual Série 5400)
(Com a entrada da ViaMobilidade ele se tornou Frota B) |
Total construídos | 48 (288 carros) |
Formação | 6 carros
12 carros (2 TUEs de 6) |
Operador | FEPASA (1978–1992) CPTM (1992–2012) |
Linhas | Última em operação: |
Especificações | |
Corpo | Aço inoxidável |
Portas | 8 por carro (4 de cada lado) |
Potência | 828 kW |
Captação de energia | Catenária |
Bitola | 1.600 mm |
O TUE Série 5000 (Fepasa) foi um trem unidade elétrico pertencente à frota do Trem Metropolitano de São Paulo.
História
[editar | editar código-fonte]Projeto e Construção (1973-1980)
[editar | editar código-fonte]O projeto desse trem surgiu no início dos anos 1970 quando o governo paulista, comandado por Laudo Natel, contratou a empresa francesa Sofrerail (atual Systra) para realizar estudos de remodelação dos trens de subúrbios da FEPASA. Após os estudos e posterior lobby, o então presidente da ferrovia paulista, general Jaul Pires de Castro, recomendou a aquisição de 60 trens de 4 carros da indústria francesa. A compra dos trens foi aprovada pelo então secretário de transportes Paulo Maluf, que chegou a levar os contratos e a proposta para que fossem avalizados pelo presidente Geisel. Em janeiro de 1975, a FEPASA e um consórcio de fabricantes de equipamentos ferroviários franceses (Francorail) chegaram a assinar um contrato no valor de US$ 200 milhões para o fornecimento de 60 trens de passageiros de aço inox, com cada trem possuindo 2 carros motor e 2 reboque, equipados com ar condicionado, bancos estofados e sistema de controle de tração tipo 'chopper'. [1]
O projeto sofreu uma reviravolta poucos meses depois, após a posse do novo governador, Paulo Egydio Martins, que mandou o novo secretário de transportes revisar o contrato de financiamento com o banco Crédit Lyonnais, quando o mesmo estava prestes a ser assinado pelo então embaixador do Brasil na França Antônio Delfim Netto. Segundo a gestão Martins, o contrato assinado na França tinha um custo de cerca de US$ 900 mil por trem enquanto a RFFSA estava adquirindo trens similares da indústria nacional por US$ 400 mil a 500 mil cada. Após acusações de corrupção rapidamente abafadas pelo regime militar, o contrato sofreu reduções de escopo e financiamento além do aumento de 60 para 100 trens de 3 carros cada e a inclusão da indústria nacional no projeto.[2]
A Francorail utilizou parcialmente o projeto da série Z 6400 da SNCF para acelerar a fabricação dos trens para a FEPASA, que vivia uma situação cada vez mais precária nas suas linhas de subúrbio. Foi formado um consórcio franco-brasileiro para a fabricação de 100 trens unidade. O consórcio Construtor de Trens Unidade (CCTU) era formado pelas empresas Francorail, Société MTE, Brown Boveri (atual ABB), Traction CEM Oerlikon, Jeumont Schneider e a brasileira Cobrasma.[3]
Os trens unidade elétricos foram fabricados entre 1978 e 1980 pelo consórcio CCTU, que os nomearam série 9000. As 18 primeiras unidades (de um total de 100) foram totalmente fabricadas na França, sendo as 82 restantes montadas no Brasil pela Cobrasma, em regime CKD nas fábricas de Osasco e Sumaré.[4]
Ano | Quantidade TUE's[5] |
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1978 | 20 |
1979 | 50 |
1980 | 30 |
Total | 100 |
Operação (1979-2012)
[editar | editar código-fonte]A operação oficial foi iniciada em uma cerimônia pelos 425 anos da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro de 1979, marcando o início dos novos trens metropolitanos.[6]
Na metade da década de 80, a FEPASA renomeou toda a sua frota de carros, e assim, os chamados "trens franceses" foram renumerados dentro da Série 5000. Sua numeração passou a ser UI 5XXX, onde o UI significava "Unidade Inoxidável" seguida da série do trem (Série 5000) mais dos números de identificação de cada TUE (sequencial).[7]
Em 1992, a operação das linhas da FEPASA foram repassadas à nova empresa CPTM, que já operava as linhas Oeste e Sul da Fepasa, porém os valores arrecadados na bilheteria ainda eram repassados à FEPASA. Somente no ano de 1996 a CPTM passou a operar totalmente as novas linhas B–Cinza e C–Celeste (atuais 8–Diamante e 9–Esmeralda). A série 5000 já foi a maior frota da CPTM, sendo cada composição com 12 carros, divididos em 2 trens de 6 carros. Entre 1999 e 2000, algumas unidades foram modernizadas, dentro âmbito do Programa Quinquenal de Modernização e Remobilização de Frota (PQMR)[8]. Com o plano de modernização da Linha 8, a série 5000 passou a ser substituída pela nova Série 8000, processo concluído em fins de 2012.[9]
TUE Série 5400 (CPTM)
[editar | editar código-fonte]TUE Série 5400 (CPTM) | |
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TUE Série 5400 na estação Itapevi, 2016. ---- ---- | |
Período de serviço | 2013–presente |
Fabricante | en:Adtranz Bombardier CCC Gevisa MPE /CPTM |
Período de construção | 1999–2000/2013 |
Total construídos | 6 (24 carros) |
Formação | Atual: 4 carros (1 TUE de 4) |
Operador | CPTM (2013–2021) ViaMobilidade (2022–Atualmente) |
Linhas | Diamante – Extensão Operacional[10] |
Especificações | |
Corpo | Aço inoxidável |
Portas | 8 por carro (4 de cada lado) |
Potência | 828 kW |
Captação de energia | Catenária |
Bitola | 1.600 mm |
O TUE Série 5400 é uma versão modernizada da série 5000, pertencente à frota do Trem Metropolitano de São Paulo.[11]
História
[editar | editar código-fonte]Em meados de 2013, a CPTM selecionou seis unidades da série 5000 revisadas pelas empresas Adtranz, Bombardier, Companhia Comércio e Construções (CCC), Gevisa e Montagens Projetos Especiais S/A (MPE) entre 1998 e 2000 para serem adaptadas para circularem com quatro carros e receberem um novo padrão de identidade visual.[12] Passaram então a operar na extensão operacional da Linha 8–Diamante, entre Itapevi e Amador Bueno, a partir de abril de 2014, como a série 5400.[13][14]
Com a concessão das linhas 8–Diamante e 9–Esmeralda, os 6 trens da série 5400 foram repassados em 2022 permanentemente para a ViaMobilidade.[15] Com isso, sua identidade visual deve ser novamente alterada.[16]
Acidentes e Incidentes
[editar | editar código-fonte]- 29 de dezembro de 1980 - Colisão entre 2 trens metropolitanos entre as estações Lapa e Barra Funda. Saldo de 238 feridos e perda total de alguns carros; [17]
- 8 de dezembro de 1984 - Colisão entre trem metropolitano 9018 e trem de carga puxado por locomotiva elétrica da série 2100 causa a morte de 3 pessoas e ferimentos em outras 50. O acidente ocorreu entre as estações de Cidade Universitária e Pinheiros. [18]
- 26 de dezembro de 1984 - Choque entre trem metropolitano e trem cargueiro à oeste da estação Jandira. O acidente causou a morte de 3 pessoas e ferimentos em outras 43. Por conta da ocorrência de dois acidentes em menos de 30 dias, o então diretor presidente da Fepasa, Cyro de Laurenza, pede demissão do cargo; [19]
- 7 de dezembro de 1991 - Trem metropolitano colide com para-choque da estação terminal Júlio Prestes, deixando 32 feridos.[20]
- 14 de outubro de 1992 - Colisão entre trem metropolitano e trem de carga na estação Sagrado Coração deixou 25 passageiros feridos. O trem metropolitano se encontrava estacionado na estação Sagrado Coração (sentido Júlio Prestes) havia mais de vinte minutos quando foi atingido por um trem de carga transportando 922 toneladas de açúcar. O impacto foi reduzido devido ao maquinista do trem cargueiro ter freado a composição. [21]
- 8 de julho de 1993 - Choque entre caminhão e trem na passagem de nível da estação Jandira. Um caminhão frigorífico avançou a cancela e atingiu um trem Série 5000, causando cinco feridos.[22][23]
- 4 de setembro de 1995 - Choque entre locomotiva da Fepasa e trem metropolitano a leste da estação Domingos de Moraes deixa um saldo de 4 feridos. Com o impacto e o descarrilamento, o muro de um quartel do Exército ao lado da linha acabou destruído. [24]
- 24 de novembro de 2000 - Choque entre trem e ônibus em passagem de nível da estação Antonio João mata 1 pessoa e fere 17; [25]
- 29 de janeiro de 2004 - Trem descarrila em aparelho de mudança de via (AMV) entre as estações Imperatriz Leopoldina e Presidente Altino. Um dormente colocado no AMV por vandalismo foi a causa do acidente.[26]
- 25 de dezembro de 2006 - Uma bomba explode em um trem na estação Engenheiro Cardoso, ferindo uma pessoa. [27]
- 26 de janeiro de 2012 - Duas composições da série 5000 chocam-se e descarrilam a oeste da estação Engenheiro Cardoso. Apesar do impacto ser considerado moderado, 6 pessoas ficaram feridas e uma das composições foi declarada como perda total;[28]
Na cultura popular
[editar | editar código-fonte]- Em 1979 o trem Série 5000 apareceu em um anúncio da Rhodia sobre o produto Bidim (manta de poliéster usada em construções) [29];
- Em janeiro de 1988 as Indústrias Reunidas Frateschi lançam a réplica do trem Série 5000 em Escala HO [30], sendo esse produto fabricado até os dias atuais. [31]
- Em 1993 o trem série 5000 apareceu brevemente no comercial da Linha 1993 da Volkswagen do Brasil [32] e da linha 1993 do Chevrolet Kadett [33]
- O trem série 5000 e a estação Quitaúna foram parte dos cenários do filme De Passagem (2003). [34] [35]
- Durante o revezamento da tocha olímpica dos Jogos Pan-Americanos de 2007, um trem da série 5000 serviu de transporte para a condução da tocha, conduzida pela ex jogadora de basquete Hortência.[36] [37]
Referências
- ↑ «SP compra 60 trens suburbanos». Folha de S. Paulo. 1 de janeiro de 1975. Consultado em 25 de dezembro de 2015
- ↑ MELLO, Karla Reis Cardoso de (2000). Transporte Urbano de Passageiros: As Contradições do Poder Público. [S.l.]: Café Editora Expressa. pp. 259 (p. 161)
- ↑ Antonio Augusto Gorni (2003). «1969-1995: Anos de Desalento». A Eletrificação das Ferrovias Brasileiras. Consultado em 3 de fevereiro de 2018
- ↑ Antonio Augusto Gorni (22 de junho de 2002). «1969-1995: Anos de Desalento». A Eletrificação nas Ferrovias Brasileiras. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Ferrovia Paulista S/A (22 de janeiro de 1979). «Anúncio publicitário». Folha de S.Paulo, Ano 57, Edição 18191, Seção Ilustrada, Página 32. Consultado em 13 de dezembro de 2019
- ↑ «Todos queriam ver os novos trens». Folha de S. Paulo, ano 57, edição 18195, página 9. 26 de janeiro de 1979. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ João Bosco Setti (1 de maio de 1993). «Codificação de veículos ferroviários no Brasil». Centro Oeste. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ CPTM (2013). «PQMR II» (PDF). As Claras. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ CPTM (2012). «Balanço Patrimonial» (PDF). Imprensa Oficial do estado de São Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Dayane Priscila (2 de agosto de 2019). «CPTM desmente ida da série 2100 para a extensão da Linha 8-Diamante». Rede Noticiando. Consultado em 4 de agosto de 2019
- ↑ «Frota de Trens | CPTM». www.cptm.sp.gov.br. Consultado em 13 de dezembro de 2019
- ↑ Corregedoria Geral da Administração do estado de São Paulo (2013). «Procedimento CGA-191» (PDF). Assembléia Legislativa de São Paulo. Consultado em 18 de abril de 2020
- ↑ Renato Lobo (19 de julho de 2013). «CPTM prepara trens para volta da extensão operacional da Linha 8-Diamante». Via Trólebus. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Caio do Valle (23 de abril de 2014). «Com atraso, Alckmin reinaugura trecho da CPTM com menos estações». O Estado de S. Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Carlos, Jean (22 de dezembro de 2020). «Entenda como a concessão das linhas 8 e 9 deve mudar a frota de trens em serviço». Metrô CPTM. Consultado em 26 de agosto de 2022
- ↑ Lobo, Renato (20 de julho de 2022). «ViaMobilidade vai pintar trens da série 5400 e parte dos 7000». Via Trolebus. Consultado em 26 de agosto de 2022
- ↑ «No choque de trens, 238 feridos». Folha de S. Paulo, ano 59, edição 18899, página 1. 30 de dezembro de 1980. Consultado em 17 de outubro de 2018
- ↑ Ralph Mennucci Giesbrecht (19 de fevereiro de 2017). «Pinheiros». Estações Ferroviárias. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ «Choque de trens mata 3; presidente da Fepasa demite-se». Folha de S. Paulo, ano 64,edição 20358, página 19. 28 de dezembro de 1984. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ «Trem da Fepasa perde freios e fere 32 em SP». Folha de S.Paulo, ano 71, edição 22894, página 12. 8 de dezembro de 1991. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ «Choque de trens deixa 25 feridos em Itapevi». Folha de S.Paulo, ano 72, edição 23206, Caderno Cotidiano, página 3-3. 15 de outubro de 1992. Consultado em 3 de junho de 2023
- ↑ «Carreta ultrapassa cancela e bate em trem da Fepasa». O Estado de S. Paulo, ano 114, edição 36423, Caderno Cidades, página 2. 9 de julho de 1993. Consultado em 14 de agosto de 2022
- ↑ «Caminhão bate em trem». Folha de S.Paulo, ano 73, edição 23473, Caderno Cotidiano, página 3-6. 9 de julho de 1993. Consultado em 14 de agosto de 2022
- ↑ «Colisão entre trem e locomotiva deixa 4 feridos». Folha de S. Paulo, Ano 75, edição 24261, Carderno Via SP, página A2. 5 de setembro de 1995. Consultado em 15 de abril de 2018
- ↑ Fabiane Leite (25 de novembro de 2000). «Choque entre trem e ônibus mata 1 e fere 17». Folha Online. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Isabelle Moreira Lima (30 de janeiro de 2004). «Vandalismo causa descarrilamento de trem». Folha Online. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ «Bomba explode em trem da CPTM e fere garoto gravemente». Estadão. 25 de dezembro de 2006. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ «Alckmin diz que acidente entre trens em Itapevi terá 'apuração imediata'». G1-SP. 27 de janeiro de 2012. Consultado em 28 de novembro de 2018
- ↑ photobucket.com/gallery/user/Francorail/media/bWVkaWFJZDoyMjU5NTkyNA==/?ref=
- ↑ «Cronologia». Frateschi. 2014. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ «Trens Metropolitanos». Frateschi. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ autobr (24 de julho de 2011). Linha VW 1993: Comercial Antigo (Gol Parati Voyage Santana Saveiro). YouTube
- ↑ Memória Automotiva Brasileira (8 de junho de 2021). Comercial Linha Kadett 1993. YouTube
- ↑ Lucas Rodrigues Pires (10 de maio de 2004). «De Passagem e o olhar contemplativo pela periferia». Digestivo Cultural. Consultado em 8 de fevereiro de 2019
- ↑ Marcelo Hessel (29 de abril de 2004). «De Passagem-Crítica». Omelete. Consultado em 8 de fevereiro de 2019
- ↑ «CPTM estará no roteiro da tocha Pan-Americana». Portal do Governo. 3 de julho de 2007. Consultado em 9 de novembro de 2017
- ↑ Secretaria de Comunicação (8 de julho de 2007). «Prefeito participa da cerimônia da passagem da Tocha Pan-americana». Prefeitura de São Paulo. Consultado em 9 de novembro de 2017