O Poeta Dinamarquês
O Poeta Dinamarquês | |
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Den Danske Dikteren | |
Pôster de divulgação. | |
Canadá • Noruega 2006 • cor • 15 min | |
Direção | Torill Kove |
Produção | Lise Fearnley Marcy Page |
Narração | Liv Ullmann |
Música | Kevin Dean |
Edição | Phyllis Lewis |
Distribuição | Instituto Norueguês de Cinema (Europa) National Film Board of Canada (resto do mundo) |
Lançamento | 15 de fevereiro de 2006 |
Idioma | inglês |
O Poeta Dinamarquês[1][2] (Den Danske Dikteren, em norueguês;[3] The Danish Poet, em inglês)[4] é um filme curta-metragem de animação de 2006, escrito, dirigido e animado por Torill Kove. Kove explora o papel do acaso na vida das pessoas ao contar a história de Kaspar Jørgensen, um poeta dinamarquês que viaja para a Noruega atrás de inspiração.
A ideia do curta surgiu após uma auto-avaliação que Kove fez sobre si mesma e é parcialmente baseada na história de como seus pais se conheceram. O filme foi realizado em co-produção entre a agência de cinema do governo do Canadá, a National Film Board of Canada, e a empresa MikroFilm AS, da Noruega. O filme foi aclamado pela crítica, tendo ganho diversos prêmios; entre eles, o Óscar e o Genie de melhor curta-metragem de animação.
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]As primeiras ideias que Kove teve para O Poeta Dinamarquês apareceram quando esta estava passando por um período de autoavaliação. Pretendia escrever uma história sobre o que ela descreveu como "[o momento em que] você chega a um ponto decisivo ou [atinge] um marco e olha para trás e pensa: 'como raios eu cheguei aqui?' [...] E você percebe que a resposta está em algum lugar de uma rede complexa de todos os tipos de coisas, como estrutura genética, formação, coincidências, escolhas que você fez ao longo do caminho, oportunidades perdidas [e] golpes de sorte."[5] Kove acreditava que era uma escolha natural se focar em um relacionamento entre duas pessoas, "porque relacionamentos, e especialmente os românticos, têm um papel enorme na definição de nossas vidas, e também, obviamente, na criação de novos [relacionamentos]."[5]
Inicialmente, Kove queria criar um filme biográfico, baseado na história de como seus pais se conheceram.[5] O pai sonhava em ser um pintor e, um dia, marcou um encontro com um professor de artes para saber se era bom o suficiente para seguir carreira, mas desistiu para ingressar na escola de arquitetura (como seus pais queriam), onde conheceu sua futura esposa. A inspiração de Kove veio do fato de que sua existência parecia estar dependente daquela decisão, pois, se seu pai tivesse seguido a carreira de pintor, não conheceria a mãe de Kove e talvez ela não tivesse nascido.[6] Durante a conclusão do projeto, no entanto, Kove achou que a história era pessoal demais e a reescreveu para ser fictícia.[5]
Produção
[editar | editar código-fonte]Kove teve seu primeiro contato com a National Film Board of Canada, uma agência do Governo do Canadá, depois de um ano na Universidade Concórdia em Montreal. Após trabalhar lá como assistente por alguns anos, escreveu e propôs um roteiro para a empresa, o que deu início à sua carreira como diretora e animadora. Ela escreveu, então, a história para O Poeta Dinamarquês, embora tenha dito que não consegue lembrar exatamente quando isso ocorreu.[7]
A produção foi feita por Lise Fearnley, da companhia norueguesa Mikrofilm AS, e Marcy Page, da National Film Board of Canada,[4][8] levando aproximadamente três anos.[7] O filme foi feito com a utilização de animação tradicional desenhada à mão e então escaneada e colorida digitalmente,[4][9] com Kove sendo responsável por cerca de metade das animações e o resto dividido entre animadores de Montreal e da Noruega.[7] Kove tem um traço simples, e ela diz que isso não é uma escolha de estilo, mas que esse é "simplesmente [...] o único [modo] como eu sei fazer."[7]
A atriz norueguesa Liv Ullmann foi escolhida como narradora por Kove porque ela achava sua voz linda e ideal para a história. Tanto, que Ullmamn narrou as duas versões do filme: em norueguês e inglês.[5][7] Kove enviou o roteiro para a casa da atriz na Noruega por não ter conseguido contatar seu agente e recebeu uma resposta apenas três meses depois.[10] Ullmann estava na Flórida, mas assim que recebeu a mensagem contatou o agente de Kove e disse: "Espero que não seja tarde demais!"[10] A música, composta por Kevin Dean, compositor de música jazz e marido de Kove, é uma polifonia de voz, piano e corneto.[10] Kove afirmou que a trilha sonora teve " um papel muito importante na definição do tom do filme."[11]
Enredo
[editar | editar código-fonte]O filme conta a história de Kaspar Jørgensen, um poeta dinamarquês que, na década de 40, procura inspiração. Seguindo a sugestão de seu psiquiatra, Dr. Mørk, viaja para a Noruega a fim de se encontrar com a famosa escritora Sigrid Undset. No entanto, ao chegar, conhece Ingeborg, a filha de um fazendeiro, e se apaixonam. Ele pede-a em casamento, mas descobre que ela já está comprometida, por conta de um acordo feito por seu pai. Ela promete não cortar o cabelo até se reencontrarem, e Kaspar retorna à Dinamarca.[12]
Tempos depois, o marido de Ingeborg morre em um acidente e ela escreveuma carta a Kaspar, que nunca chega, porque o carteiro a perde. No entanto, quando Sigrid Undset morre, Kaspar e Ingeborg viajam para ir ao seu funeral; após se reencontrarem, eles se casam e passam a viver em Copenhague. Ingeborg não corta seu cabelo, pois Kaspar diz gostar dele. Porém, quando ele tropeça no cabelo e quebra seu polegar, ela requisita a vinda de sua cabeleireira da Noruega. No caminho, a cabeleireira encontra um jovem, que também está indo para Copenhague para se encontrar com Kaspar, seu poeta favorito. Os dois se apaixonam e a narradora revela que eles são os seus próprios pais.[12]
Temas
[editar | editar código-fonte]O tema principal do filme é o efeito que os acasos podem ter na vida das pessoas como, por exemplo, o mau tempo, um cachorro bravo, cabras com fome, madeiras soltas ou um carteiro descuidado, que alteram as vidas dos protagonistas.[4][9] O Poeta Dinamarquês mostra que, de acordo com o site oficial do filme, "fatores aparentemente sem relação podem ter papéis importantes no grande esquema das coisas no fim das contas." [4] A diretora declarou que o que estava tentando transmitir era apenas o modo como vê a vida: "um tipo de viagem sinuosa" na qual "muito, realmente, depende do acaso."[6]
No entanto, Kove disse que gosta da ideia de várias interpretações possíveis para seu filme: "Eu fico feliz quando ouço das pessoas que viram o curta que ele os faz pensar sobre o tipo de [lugares] estranhos de onde encontramos inspiração para arte e onde encontramos amor, e o tipo de miraculosidade [no fato] de apenas estar vivo e ter uma vida."[7] Ela também acredita que há diversos sub-enredos sobre inspiração artística, pois Kaspar "encontra [inspiração] dentro de si mesmo", não em outros escritores, e um "sub-texto ... sobre nacionalismo e quanta ênfase nós, no mundo ocidental, colocamos em estereótipos e nos países dos quais viemos."[5]
Lançamento e recepção
[editar | editar código-fonte]O Poeta Dinamarquês teve sua estreia mundial em 15 de fevereiro de 2006 durante o Festival de Cinema de Berlim e, em seguida, foi exibido em vários festivais internacionais onde ganhou diversos prêmios.[3][8] Entre eles, ganhou o prêmio de melhor curta animado no Worldwide Short Film Festival em 2006[13] e os prêmios de melhor animação estrangeira no Shanghai Television Festival[14] e o Genie de melhor curta animado em 2007.[15] Naquele mesmo ano, o filme seria consagrado com o Oscar de melhor curta-metragem de animação durante a 79ª Entrega do Oscar, sendo essa a segunda indicação (e primeira vitória) para Kove, que havia concorrido em 2000 com My Grandmother Ironed the King's Shirt.[8] O prêmio também marca o primeiro filme norueguês a receber a premiação desde que Kon-Tiki, de Thor Heyerdahl, recebeu o prêmio de melhor documentário em 1952.[8]
Uma versão em livro ilustrado de O Poeta Dinamarquês, produzida por Kove para uma editora norueguesa, recebeu uma indicação ao Brageprisen, um prêmio de literatura da Noruega.[11][16]
Referências
- ↑ «17º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo». Folha de S. Paulo. 25 de agosto de 2006. Consultado em 13 de abril de 2014
- ↑ Cruz, Marcos (12 de novembro de 2006). «O triunfo da animação sexual». Diário de Notícias. Consultado em 13 de abril de 2014. Arquivado do original em 14 de abril de 2014
- ↑ a b «The Danish Poet (Den danske dikteren)» (em inglês). Instituto Norueguês de Cinema. Consultado em 4 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 22 de Fevereiro de 2014
- ↑ a b c d e «The Danish Poet» (em inglês). National Film Board of Canada. Consultado em 13 de abril de 2014
- ↑ a b c d e f Zahed, Ramin (31 de janeiro de 2007). «Torill Kove, Director of Oscar-Winning Short The Danish Poet». Animation Magazine (em inglês). Consultado em 13 de abril de 2014
- ↑ a b Interview with Torill Kove (.mov) (em inglês). National Film Board of Canada. Consultado em 4 de janeiro de 2015. Cópia arquivada em 4 de janeiro de 2015 A entrevista é acessível também através de download a partir do seguinte link ao clicar em "Watch interview".
- ↑ a b c d e f Armstrong, Josh (26 de fevereiro de 2007). «Director Torill Kove on The Danish Poet» (em inglês). Animated-views.com. Consultado em 13 de abril de 2014
- ↑ a b c d Berglund, Nina (26 de fevereiro de 2007). «First Oscar in 55 years». Aftenposten (em inglês). Consultado em 13 de abril de 2014. Arquivado do original em 29 de Junho de 2011
- ↑ a b «Oscar winner Kove just wants to make films in Montreal» (em inglês). Canadian Broadcasting Corporation. 26 de fevereiro de 2007. Consultado em 13 de abril de 2014. Cópia arquivada em 7 de Maio de 2007
- ↑ a b c Jessen, Taylor (22 de fevereiro de 2007). «2007's Oscar-Nominated Animated Shorts: Three Fords, a Vespa and a Kit Bike» (em inglês). Animation World Network. Consultado em 5 de janeiro de 2015
- ↑ a b Smooth, Danny (23 de fevereiro de 2007). «Questions and Answers with Torill Kove, Director of The Danish Poet» (em inglês). BlogCritics.org. Consultado em 5 de janeiro de 2015
- ↑ a b The Danish Poet. Kove, Torill (Diretora). Canadá: National Film Board of Canada, 2006. DVD (15 min).
- ↑ Mitchell, Wendy (19 de junho 2006). «Bawke and The Danish Poet among top winners at Worldwide Short Film Festival». Screen Daily (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2015
- ↑ Landreth, Jonathan (17 de junho 2007). «Shanghai hands out TV honors». The Hollywood Reporter (em inglês). Consultado em 4 de janeiro de 2015
- ↑ Baisley, Sarah (20 de fevereiro de 2007). «Danish Poet Granted Genie Award» (em inglês). Animation World Network. Consultado em 4 de janeiro de 2015
- ↑ Hverven, Marit (29 de outubro de 2007). «De nominerte til Brageprisen 2007» (em norueguês). NRK. Consultado em 5 de janeiro de 2015
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- O Poeta Dinamarquês. no IMDb.
- Filmes do Canadá de 2006
- Filmes de animação do Canadá
- Filmes da Noruega de 2006
- Filmes de animação da Noruega
- Filmes premiados com o Oscar de melhor curta-metragem de animação
- Curtas-metragens de animação
- Filmes de animação da década de 2000
- Filmes ambientados na Noruega
- Filmes ambientados em Copenhaga
- Curtas-metragens em língua inglesa