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Úlfilas

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Úlfilas
Úlfilas
Nascimento 311
Morte 383 (71–72 anos)
Constantinopla
Cidadania Desconhecido
Ocupação missionário, sacerdote, tradutor, lista de tradutores da Bíblia, escritor
Religião Cristianismo primitivo

Úlfilas (em latim: Ulfilas ou Ulphilas; em gótico: Wulfila; romaniz.: "pequeno lobo";[1] c. 311383[2]), tradutor da Bíblia, foi um godo ou meio-godo e meio-grego da Capadócia que viveu por algum tempo no Império Romano no auge da controvérsia ariana.

Úlfilas foi ordenado bispo por Eusébio de Nicomédia e voltou para o seu povo para trabalhar como missionário. Em 348, para escapar da perseguição de um chefe godo (provavelmente Atanarico[3]), foi autorizado por Constâncio II a migrar com seu rebanho de convertidos para a Mésia e se assentar perto de Nicópolis no Istro, no norte da moderna Bulgária. Lá, Úlfilas traduziu a Bíblia do grego para a língua gótica e, para isso, criou o alfabeto gótico.[4] Fragmentos desta tradução sobreviveram, de forma mais notável no Códice Argênteo, que está desde 1648 na biblioteca da Universidade de Uppsala, na Suécia. Uma página em pergaminho desta Bíblia foi encontrada em 1971 na Catedral de Speyer.[5]

De acordo com Carolus Lundius,[6] Úlfilas criou o alfabeto gótico baseado no alfabeto dos getas, com poucas alterações. Ele está citando o livro de Boaventura Vulcânio, "De literis et lingua Getarum sive Gothorum"(Lyon, 1597) e Johannes Magnus Gothus, "Historia de omnibus Gothorum Sueonumque regibus" (Roma, 1554), uma obra na qual foi publicada, pela primeira vez, tanto o alfabeto gético quanto as leis do legislador geta Zamolxis.

Os pais de Úlfilas eram de origem anatólia não-goda, provavelmente capadócios, mas foram escravizados pelos godos e Úlfilas por ter nascido no cativeiro ou capturado ainda pequeno.[7] Criado como um godo, tornou-se depois proficiente no grego e no latim.[7] Úlfilas converteu muitos godos pregando o cristianismo ariano, que fez com que, quando os godos chegaram ao Mediterrâneo ocidental, ficassem separados de seus vizinhos ortodoxos.

Fontes históricas

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Fólio do Códice Argênteo, o mais importante manuscrito da Bíblia de Úlfilas.

Há cinco fontes principais para o estudo da vida de Úlfilas. Duas de autores arianos, três de católicos[8]:

Há importantes diferenças entre as histórias apresentadas pelas duas facções. As fontes arianas representam Úlfilas como ariano desde a infância que foi consagrado bispo por volta de 340 e pregou entre os godos por sete anos durante a década de 340. Ele se mudou depois para Mésia (uma província romana) protegido pelo imperador ariano Constâncio II. Participou depois de diversos concílios e participou do contínuo debate religioso que se seguiu. Segundo os arianos, Úlfilas morreu em 383.

Os relatos dos historiadores católicos são diferentes em diversos detalhes, mas o quadro geral é similar. De acordo com elas, Úlfilas foi um cristão ortodoxo grande parte de seus primeiros anos. Só se converteu ao arianismo em algum momento por volta de 360. As fontes diferem no quanto creditar a Úlfilas a conversão dos godos. Sócrates credita a ele um papel menor e atribui a conversão em massa ao comandante militar godo Fritigerno, que adotou o arianismo em gratidão ao apoio militar de Constâncio II. Sozomeno atribui a conversão em massa primordialmente a Úlfilas, embora reconheça também o papel de Fritigerno.

Por razões diversas, acadêmicos modernos dependem mais dos relatos arianos que dos católicos. Auxêncio era o mais próximo de Úlfilas e, presumivelmente, tinha acesso a informações mais confiáveis. Os relatos católicos diferem muito entre si para apresentarem uma visão única. O debate acadêmico continua.

Credo de Úlfilas

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O "Credo de Úlfilas", que aparece no final de uma carta elogiando-o escrita por seu enteado e pupilo Auxêncio de Durostoro (moderna Silistra), às margens do Danúbio, na época o bispo de Mediolano (moderna Milão), distingue Deus Pai ("não gerado") de Deus Filho ("unigênito"), gerando antes do tempo e criador do mundo, e do Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho:

Eu, Úlfilas, bispo e confessor, sempre acreditei nisto e assim, na única fé verdadeira, faço minha viagem ao meu Senhor; Acredito em um único Deus, o Pai, o único não gerado e invisível, e em seu filho unigênito, nosso Senhor e Deus, o projetista e realizador de toda criação, sem nenhum como ele (para que um dentre todos os seres é Deus Pai, que é também o Deus de nosso Deus); e em um Espírito Santo, o poder iluminador e santificador, como disse Cristo depois de sua ressurreição aos apóstolos: «Eis que eu vou enviar sobre vós a promessa de meu Pai; mas vós permanecei na cidade, até que sejais revestidos de poder lá do alto;» (Lucas 24:49) e, novamente, «mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo» (Atos 1:8); não sendo nem Deus (o Pai) nem nosso Deus (Cristo), mas o ministro de Cristo... súdito e obediente em todas as coisas ao Filho; e o Filho, súdito e obediente em todas as coisas a Deus, que é Pai dele... (a quem) ele ordenou no Espírito Santo através de seu Cristo[9]

Maximino, um teólogo ariano do século V, copiou a carta de Auxêncio e outras obras nas margens de uma cópia de "De Fide" de Ambrósio, mas há algumas lacunas no texto sobrevivente.[10]

Referências

  1. Bennett, William H. An Introduction to the Gothic Language, 1980, p. 23.
  2. Van Kerckvoorde, Colette M. (junho de 1993). An Introduction to Middle Dutch. [S.l.]: Walter de Gruyter. p. 105. ISBN 3-11-013535-3 
  3. Mastrelli, Carlo A. Grammatica Gotica, p. 34.
  4. Sócrates de Constantinopla, [[História Eclesiástica (Sócrates Eclesiástico)|]], livro 4, capítulo 33.; veja Wright, Joseph A Primer of the Gothic Language with Grammar, Notes, and Glossary, p. 2.; veja Bennett, William H. An Introduction to the Gothic Language, p. 126.
  5. Ulfilas' Bible
  6. Veja Carolus Lundius, Zamolxis, Primus Getarum Legislator, Upsala 1687
  7. a b Noel Harold Kaylor; Philip Edward Phillips (3 de maio de 2012), A Companion to Boethius in the Middle Ages, ISBN 978-90-04-18354-4, BRILL, pp. 9–, consultado em 19 de janeiro de 2013 
  8. Veja Hagith Sivan, "Ulfila’s Own Conversion," Harvard Theological Review 89 (October 1996): pp. 373–86.
  9. Heather and Matthews, Goths in the Fourth Century, p. 143.
  10. Heather and Matthews, Goths in the Fourth Century, pp. 135-137.

Ligações externas

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