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Ur-religião

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Ur-religião[a] (em alemão: Urreligion)[2][3] é uma forma postulada "original" ou "mais antiga" de tradição religiosa (o prefixo alemão ur- expressa a ideia de "original", "primitivo", "ancião", "primitivo" ou "proto-"). O conceito contrasta com o da religião organizada, conforme encontrado (por exemplo) nas teocracias das primeiras culturas urbanas do Antigo Oriente Próximo ou nas religiões mundiais conforme elas se desenvolveram. O termo alemão "urreligion" se originou no contexto do Romantismo alemão.

Friedrich Creuzer apresentou a noção de uma religião monoteísta primitiva em 1810 — uma ideia adotada por outros autores do período romântico, como J. J. Bachofen,[b] mas decididamente oposta por Johann Heinrich Voss.[4] Goethe, em uma conversa com Eckermann em 11 de março de 1832, discutiu a "ur-religião" humana, que ele caracterizou como "natureza pura e razão [pura], de origem divina".[5] A cena final de Fausto Parte Dois (1832) foi considerada como uma evocação "à 'ur-religião' da humanidade".[6]

Frequentemente usado no sentido de religião natural ou indígena, o comportamento religioso das sociedades tribais pré-modernas, como xamanismo, animismo e adoração aos ancestrais (por exemplo, mitologia aborígene australiana[7]), o termo urreligion também foi usado por adeptos de várias religiões para apoiar a alegação de que sua própria religião é de alguma forma "primitiva" ou "mais antiga" do que as tradições concorrentes. No contexto de uma dada fé religiosa, a crença literal em uma criação pode ser a base da primalidade.[c]

Em particular, o "ur-monoteísmo" compreende a afirmação histórica de que a religião primitiva era monoteísta. Alguns rejeitaram essa hipótese,[8] e certos círculos apologéticos cristãos a defendem.[9]

O misticismo germânico do século XIX às vezes afirmava que as runas germânicas davam testemunho de uma religião primitiva.[10] Alguns novos movimentos religiosos mais recentes que afirmam restaurar a religião primitiva incluem o Godianismo[11] e a Umbanda.[12]

Notas

  1. Segundo o AO de 1990, não se empresa hífen quando o prefixo termina em "R", sendo então correta a grafia "Urreligião".[1]
  2. Em seu Mutterrecht und Urreligion, Bachofen conecta religião primitiva e matriarcado.
  3. Por exemplo: Literalismo bíblico ou crença literal nos puranas hindus.

Referências

  1. «Anexo II – Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa» (PDF). Priberam. 16 de dezembro de 1990. Consultado em 20 de junho de 2011.
  2. Rencontres internationales. [Textos das conferencias e dos debates]. [S.l.: s.n.] 
  3. Vakil, Abdool Karim (2004). «Do Outro ao Diverso. Islão e Muçulmanos em Portugal: história, discursos, identidades». Revista Lusófona de Ciência das Religiões. Ano III (5/6): 283-312 
  4. Symbolik und Mythologie der alten Völker, besonders der Griechen. In Vorträgen und Entwürfen. Leipzig and Darmstadt, Heyer und Leske, 1810–1812.
  5. Gespräche
  6. O. Durrani, "Biblical Borrowings in Goethe's 'Faust': A Historical Survey of Their Interpretation", The Modern Language Review 1977
  7. Dayton, Leigh (2 de novembro de 1996). «Flood gave birth to world's oldest religion». Consultado em 15 de agosto de 2020 
  8. Gnuse, Robert Karl (1997). No Other Gods: Emergent Monotheism in Israel. Sheffield Academic Press. [S.l.: s.n.] ISBN 1-85075-657-0 
  9. Pajak, Sylwester, Urreligion und Uroffenbarung bei P. W. Schmidt, St. Augustin 1978.
  10. J. L. Studach, Die Urreligion oder das entdeckte Uralphabet, 1856
  11. Onyioha, K. O. K. (1980). African Godianism: a revolutionary religion for mankind through direct communication with God. Conch Magazine. Owerri; New York: [s.n.] pp. 124. ISBN 0914970313 
  12. Gerhard Muller, Theologische Realenzyklopädie, de Gruyter (2003), p. 265