Mese (Constantinopla)
A Mese (em latim: Media; em grego: ἡ Μέση [Ὀδός]; romaniz.: Mese [Odós]; lit. "[Rua] do Meio") foi a principal via da antiga Constantinopla (hoje Istambul, Turquia). Foi o principal cenários das procissões imperiais bizantinas.[1] Seu antigo curso é largamente seguido pela moderna avenida Divanyolu.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Presumivelmente a Mese originou-se de outra via fundada durante as reformas efetuadas em Bizâncio sob Septímio Severo (r. 193–211), tendo então atuado como uma extensão da via Egnácia. A via Egnácia foi a principal estrada do Império Bizantino na Europa e estendia-se pela Grécia, eventualmente conectando-se com a cidade. A Mese, todavia, com base em achados arqueológicos, pode ser datada do período da fundação de Constantinopla por Constantino, o Grande em 330.[2]
A Mese começava no Milião, perto de Santa Sofia e dirigia-se para o oeste em linha reta. Passava pelo Hipódromo e pelos palácios de Lauso e Antíoco, e após cerca de 600 metros atingia a praça oval do Fórum de Constantino onde uma das duas casas do senado estava. Este trecho da via também foi conhecido como Régia (em grego: ἡ Ῥηγία; romaniz.: "Rua Imperial"), em que fazia a rota cerimonial original do Grande Palácio e do Augusteu para o fórum do fundador da cidade. Mais adiante cruzava com outra importante via de Constantinopla, Macro Embolo (Makros Embolos). Este cruzamento, demarcado por um tetrápilo conhecido como Anemodúlio (Anemodoulion; "Servo dos ventos"), era importante, pois permitia que a via Artopoleia, uma das ramificações da Mese, tivesse acesso aos portos da cidade. De lá, continuava para o Fórum de Teodósio ou Fórum do Touro (em latim: Forum Tauri), como também era conhecido. Pouco após passar o Fórum de Teodósio, dividia-se em dois ramos no local do Capitólio: um indo a nordeste, passando pela Igreja dos Santos Apóstolos, em direção ao Portão de Poliândrio, enquanto o outro continuou a sudoeste, através do Fórum do Boi (em latim: Forum Bovis) e o Fórum de Arcádio em direção ao Portão Dourado, onde juntou-se com a via Egnácia.[3][4][5]
Alinhada por pórticos com colunas em toda a sua extensão, a via Mese atuou como principal centro comercial da cidade havendo inúmeras lojas e ateliês para fabricação de vários produtos. Além disso, em suas imediações também é visível a presença abundante de igrejas e mosteiros, edifícios públicos, termas, palácios e mansões, bem como fontes, cisternas, estátuas e outros monumentos.[5] Era a rota que as procissões imperiais seguiam através da cidade[1] ao menos até o período Comneno. Sua principal característica era a entrada triunfal de um imperador vitorioso, que entrava na cidade através do Portão Dourado e seguia a via Mese ao Grande Palácio, enquanto multidões jubilosas alinhadas ao longo da rua cumprimentavam o imperador e o exército imperial.[6] Todas as ruas que irradiaram-se dela formaram um padrão relativamente retangular.[7]
Referências
- ↑ a b Du Cange 1680, p. 70.
- ↑ Kuban 1996, p. 72.
- ↑ Janin 1964, p. 43-45.
- ↑ Kuban 1996, p. 35.
- ↑ a b Kazhdan 1991, p. 1347.
- ↑ Mango 2000, p. 174.
- ↑ Berger 2000, p. 165.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Mese (Constantinople)», especificamente desta versão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Berger, Albrecht (2000). «Streets and Public Spaces in Constantinople». Dumbarton Oaks, Trustees for Harvard University. Dumbarton Oaks Papers. 54
- Du Cange, Carolus (1680). Historia Byzantina duplici commentario illustrata. Paris: [s.n.]
- Janin, Raymond (1964). Constantinople Byzantine 2 ed. Paris: Institut français d'etudes byzantines
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Kuban, Dogan (1996). «Elements of the Urban Physiognomy». Istanbul, An Urban History: Byzantion, Constantinopolis, Istanbul. Istambul: Economic and Social History Foundation of Turkey
- Mango, Cyril (2000). «The Triumphal Way of Constantinople and the Golden Gate». Dumbarton Oaks, Trustees for Harvard University. Dumbarton Oaks Papers. 54. doi:10.2307/1291838