A Condição Humana

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The Human Condition
A Condição Humana (PT)
País  Estados Unidos
Editora University of Chicago Press
Lançamento 1958
Páginas 333
ISBN B0000CK2TY
Edição portuguesa
Editora Relógio D'Água
Lançamento 04-2001
Páginas 412
ISBN 9789727086375
Edição brasileira
Tradução Roberto Raposo
Editora Forense Universitária
Lançamento 2001
ISBN 978-85-2l8-0255-6

A Condição Humana (título original, em inglês: The Human Condition) é um livro da filósofa alemã contemporanêa Hannah Arendt publicado em 1958. Uma de suas principais obras teóricas, é um relato histórico, antropológico e filosófico da existência humana em sociedade, desde a Grécia Antiga até a Europa moderna.

No livro, Arendt discute as possibilidades da vita activa (título que ela preferia para a obra) no mundo moderno.

Segundo a autora, a condição humana está relacionada a três atividades fundamentais: labor (no original, em inglês, labor), trabalho (work) [1] e ação (action), que se desenvolvem em quatro campos possíveis - o político, o social, o público e o privado. Arendt explica como os gregos antigos relacionavam cada uma dessas atividades a um dos campos.

O campo político é onde a ação ganha maior destaque, é o âmbito das relações com os demais integrantes da polis, da sociedade, é o campo da interação, do convívio social - da ação em sentido formal. O campo social relaciona-se ao discurso, aos negócios realizados entre os indivíduos de uma sociedade, é o campo de pacificação de conflitos - da ação em sentido material. O campo público é o âmbito em que a vita activa é desenvolvida na cidade, na pólis: é o âmbito da política. Já o campo privado relaciona-se à família e às relações no âmbito da casa (oikos). No campo público, o indivíduo experimenta a liberdade, ao contrário do campo privado, no qual vive limitado por situações hierárquicas e pelas necessidades decorrentes da vida em grupo.[2]

Síntese[editar | editar código-fonte]

A condição humana, segundo a autora, está relacionada a três atividades fundamentais - labor, trabalho e ação - relacionadas às condições básicas da vida.

O labor é a atividade correspondente ao processo biológico do corpo humano, tem a ver com as necessidades vitais: assegura a sobrevivência do indivíduo e a vida da espécie.

O trabalho permite a criação de objetos e a transformação da natureza, proporcionando a criação de um habitat distinto daqueles dos outros animais.

A ação, por sua vez, é a única atividade que independe da medição da matéria e se relaciona com a condição humana da pluralidade. A ação é a única atividade da condição humana que só pode ser praticada com outros homens. Sendo assim, é a condição de toda a vida política do homem.[3] Tem o poder de fazer com que o ele se integre à esfera pública, de fazer com que ele revele quem ele é e inicie novos processos, ilimitados e potencialmente eternos. O Homem, quando age, deixa de ser escravo das necessidades, deixa para trás o labor e o trabalho, para finalmente ser livre. Agindo, ele desvincula-se do reino doméstico, o oikos e entra na polis, no espaço político. A própria ação é a liberdade; por consequência, só se é livre enquanto se está em espaço público. Com a crescente apolitização dos homens, têm-se reduzido o espaço público e a ação, correndo-se o risco de um caminhar à escravidão, fazendo com que o animal laborans finalmente predomine por completo sobre o zoon politikon.

Capítulos da obra[editar | editar código-fonte]

A Condição Humana divide-se em seis capítulos, sendo eles:

I - A Condição Humana
II - As Esferas Pública e Privada
III - Labor
IV - Trabalho
V - Ação
VI - A Vita Activa e a Era Moderna

Referências

  1. A tradução portuguesa dos termos labor e work suscita alguma controvérsia. Ver Magalhães,Theresa Calvet de. A atividade humana do trabalho [labor] em Hannah Arendt. Ensaio, nº 14 (1985), pp. 131-168.
  2. Loureiro, Antonio José Cacheado. Trabalho, labor e ação: a Vita Activa no Brasil do século XXI sob a óptica de Hannah Arendt. Âmbito Jurídico
  3. Pinto, Vera Lucia Xavier et al. Labor, trabalho e ação: elementos pertinentes aos conceitos arendtianos em relatos autobiográficos de trabalhadores do setor de transportes. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.23, n.4, p.1288-1300, 2014 DOI 10.1590/S0104-12902014000400014

Ver também[editar | editar código-fonte]