A Cultura Brasileira — Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil

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A Cultura Brasileira — Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil
A Cultura Brasileira — Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil
Capa da segunda edição
Autor(es) Fernando de Azevedo
País  Brasil
Assunto sociologia
Editora Editora Nacional
Lançamento 1944
Páginas 1.035 (quarta edição)
ISBN 2408074400

A Cultura Brasileira — Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil é um livro sobre sociologia de Fernando de Azevedo publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1943, e um ano depois pela Editora Nacional.[1] O livro é considerado sua obra-prima, e é um dos escritos fundadores da história da educação no Brasil, com sua teoria sendo aplicada até os dias de hoje.[2]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

No século XX, diversos países passaram a se preocupar sobre o progresso de suas nações. No âmbito internacional, o Brasil havia sido considerado um exemplo de diversidade durante e após a Segunda Guerra Mundial, o que levou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a financiar pesquisas raciais no país. O órgão, porém, concluiu que o país era desigual. No âmbito nacional, surgiu uma necessidade de criar uma identidade nacional. A sociologia passou por um momento de transformação, onde o marxismo começou a ser considerado uma alternativa para as explicações sociológicas vigentes até então, consideradas por parte dos intelectuais como falsas. De acordo com Fernando Mota, "(...) atingiu-se a formulação clara segundo a qual a Cultura Brasileira existe apenas para seus ideólogos".[3]

Fernando de Azevedo foi um cientista importante no Brasil durante o século XX, que contribuiu nas áreas de educação e sociologia. Também foi jornalista e teve grande participação na política do país, sendo um dos criadores do Ministério da Educação e um dos articuladores para a criação da Universidade de São Paulo (USP).[4]

A obra foi escrita sob encomenda para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante o Estado Novo, como uma introdução ao censo demográfico. Na época, Azevedo trabalhava como editor da Biblioteca Pedagógica Brasileira e acabava de começar sua atuação na USP, já sendo reconhecido por seu trabalho.[2]

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

O livro é dividido em três partes, intituladas “Os fatores da cultura” (cinco capítulos), “A Cultura” (seis capítulos) e “A transmissão da Cultura” (cinco capítulos), onde Fernando de Azevedo estuda os ciclos econômicos do Brasil, desde o pau-brasil até a industrialização, e analisa a formação cultural do país.[5] Ele também possuía um caderno iconográfico de 232 páginas, além de uma série de ilustrações, algo não tão comum na época.[2] Originalmente, ele fora planejado para ser desdobrado em mais de quinze volumes.[6]

No livro, Azevedo tentou conciliar as visões sociológicas funcionalista, de Malinowski, racialista, de Romero e Viana, e culturalista, de Boas e Freyre, traçando uma visão nacionalista dos problemas do Brasil. Ele conclui que não há como haver desenvolvimento econômico sem o preparo cultural para a "invenção e a iniciativa".[5] Para o autor, as reformas educacionais feitas pela Revolução de 30 foram o mais próximo que o governo brasileiro conseguiu de chegar em tal objetivo, com a centralização da educação e a homogeneização da cultura brasileira. Como base teórica, Azevedo rejeita a cultura como definida pela antropologia e abraça ideias conservadoras de sociólogos franceses e historiadores alemães, onde ela não é transmitida pela genética, mas pelas relações geracionais.[2][5] Ele também define a civilização como a capacidade do povo de exercer controle de suas emoções.[6]

Recepção[editar | editar código-fonte]

A obra foi bem recebida pelo público, ganhando traduções para o inglês e o espanhol, e havia interesse em uma tradução para o alemão. O livro ganhou o total de sete edições.[2] A quinta edição foi esgotada, sendo vendidos 35 mil exemplares em português e 10 mil em inglês.[6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «A Cultura brasileira : introdução ao estudo da cultura no Brasil / Fernando de Azevedo. -». IBGE. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  2. a b c d e ANJOS, Juarez José Tuchinski dos (30 de dezembro de 2014). «Fernando de Azevedo, "a cultura brasileira" e a história da educação: notas historiográficas». Revista Tempos e Espaços em Educação (14): 155–165. ISSN 2358-1425. doi:10.20952/revtee.v0i0.3461. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  3. NASCIMENTO, Alessandra Antos (2020). «Fernando de Azevedo e a cultura brasileira: relações possíveis». Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes. 17 (2). ISSN 2527-2551. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  4. Claudia Costa (10 de junho de 2019). «Fernando de Azevedo e a defesa da educação para todos». Jornal da USP. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  5. a b c GOMES, Wilson de Sousa (1 de julho de 2020). «A cultura brasileira na síntese de Fernando de Azevedo :». Revista Trilhas da História (18): 150–160. ISSN 2238-1651. Consultado em 30 de outubro de 2022 
  6. a b c XAVIER, Libânea Nacif (janeiro de 1998). «Retrato de corpo inteiro do Brasil: a cultura brasileira por Fernando de Azevedo». Revista da Faculdade de Educação: 70–86. ISSN 0102-2555. doi:10.1590/S0102-25551998000100005. Consultado em 31 de outubro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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