A Segunda Manhã do Mundo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Segunda Manhã do Mundo
Mecanoscrit del Segon Origen
Autor(es) Manuel de Pedrolo
Género ciência-ficção, apocalíptico, juvenil
Editora Editorial Presença
Lançamento 18/08/2004
ISBN 978-9722331296
Edição portuguesa
Tradução José Andrés Maté

A Segunda Manhã do Mundo (originalmente, em catalão, Mecanoscrit del Segon Origen) é uma obra de ciência-ficção escrita por Manuel de Pedrolo no ano 1974 que teve grande sucesso de público, sobretudo entre o sector juvenil, e é um dos livros mais vendidos da literatura catalã.[1] Foi levada à televisão por meio de uma série de grande sucesso produzida e emitida pela televisão pública catalã TV3, e em 2015 adaptou-se ao cine com o filme Segon Origen.

Enredo[editar | editar código-fonte]

Neste romance de ciência-ficção explica-se a história da Alba e do Dídac, de 14 e 9 anos respectivamente, que vivem numa cidadezinha da Catalunha denominada Benaura. Eles são os únicos sobreviventes na Terra, depois que uns extraterrestres eliminem praticamente toda a humanidade. O Dídac é atacado por uns moços de Benaura porque ele é negro. Cai numa lagoa e a Alba, que assiste a cena, joga-se para lhe salvar. É então quando aparecem uns ovnis que o destroem tudo, mas eles se salvam porque estão submergidos.

Durante os anos seguintes devem achar a forma de sobreviver num mundo destruído e lutar contra todo tipo de problemas e dificuldades que os fazem madurar rapidamente. Tocam-se da importância de preservar o conhecimento e guardam livros e leem. Fogem da morte e refugiam-se numa fazenda, encontram mortos e sobreviventes, percorrem as ruínas de Barcelona e do Mediterrâneo.

O livro descobre a relação entre os dois jovens e a criação de um mundo, como utopia. A narração se estrutura em capítulos que começam sempre igual, situando a idade da Alba e a sua virgindade.

O narrador é omnisciente e utiliza muitas descrições.

Análise[editar | editar código-fonte]

Manuel de Pedrolo, autor do romance.

O poder de sugestão da obra nasce das metáforas que há, o novo mundo compara-se com o atual e indicam-se novas possibilidades de existência. A descoberta de muitos aspectos (como o papel da cultura ou a sexualidade) explica que o livro tenha gostado tanto a adolescentes, que se sentem identificados com os protagonistas, apesar que o romance não foi escrito especificamente para eles. Os nomes dos protagonistas têm um valor simbólico. A moça chama-se Alba, porque ela é o início de uma nova humanidade; igualmente, o nome Dídac vem de 'didática', pela maneira como o menino aprende a sobreviver e madurar (e simboliza o processo de crescimento de qualquer ser humano).

A Alba tem uns altos valores éticos e as referências ao seu passado, com um pai encarcerado injustamente, são alusões ao contexto de repressão franquista. Identifica-se o ataque extraterrestre do começo com os bombardeios durante a guerra civil espanhola.[2] Por isto também quer salvar os livros e a cultura anterior, que se pode interpretar como a proteção da cultura catalã perseguida pelo regime de Franco. O seu carácter de mulher faz-se evidente na novela, que começa cada capítulo com referências ao seu estado (virgem, grávida, mãe).

Do Dídac destaca-se seus rasgos mestiços, opondo-se ao racismo de outras novelas de sobrevivência, como Robinson Crusoe, acentuado ainda pelo pai desconhecido. Ele tem uma grande habilidades mecânica que ajudam a sobreviver ao casal e atua como protetor da mãe e o filho deles, mas em toda a novela o Dídac tem um papel subordinado à Alba, quem o educa e protege, desde o encontre inicial até todos os diálogos entre eles.[3]

Traduções[editar | editar código-fonte]

Foi traduzida ao castelhano (1984), ao neerlandês (1986), ao basco (1989), ao galego (1989), ao francês (1993), ao romeno (2000), ao português (2004), ao italiano (2011) e ao asturiano (2019).[4] Em novembro de 2016 a Diputació de Lleida financiou a primeira tradução ao inglês[5], que foi publicada em 2017 pela Wesleyan University Press.

Adaptações[editar | editar código-fonte]

O romance foi levado à televisão por meio de uma série produzida e emitida por TV3. A rádio pública catalã, Catalunya Rádio também a adaptou.[6]

A produtora catalã Antàrtida Produções, do Carles Porta, adquiriu os direitos de adaptação cinematográfica da novela. O filme ia ser dirigido inicialmente pelo diretor de cine Bigas Luna, mas ele morreu antes da gravação começar e Luna foi substituído pelo próprio Carles Porta. Finalmente, o filme foi estreado em 2015 com o nome de Segon Origen.[7]

Referências

  1. «Any Manuel de Pedrolo, un merescut homenatge». Diputació de Barcelona - Biblioteca Virtual. 29 de outubro de 2018. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  2. Pedro Nilsson-Fernàndez, Alba as Eternal Mother: Violent Spaces and the ‘Last Woman' in Manuel de Pedrolo’s "Mecanoscrit del segon origen" a Alambique, vol. 4 USF, 2017
  3. Sara Martín, Educating Dídac: Mankind's New Father and the End of Patriarchy in Manuel de Pedrolo’s "Typescript of the Second Origin" a Alambique, vol. 4 USF, 201
  4. «Llibres traduïts de Manuel de Pedrolo». Visat.cat. Consultado em 10 de junho de 2014 
  5. «La Diputació de Lleida edita per primer cop en anglès» (em catalão). Consultado em 6 de novembro de 2016 
  6. «1985. "El mecanoscrit del segon origen" de Manuel de Pedrolo (Capítol 1er.)». Corporació Catalana de Mitjans Audiovisuals. 3 de setembro de 2009. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 
  7. Belinchón, Gregorio (7 de outubro de 2015). «La película que Bigas Luna no pudo rodar». El País. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Pedrolo, Manuel de (2009). Mecanoscrit del segon origen. Barcelona: Educaula. ISBN 9788492672356 
  • Pedrolo, Manuel de (2004). A Segunda Manhã do Mundo. Lisboa: Presença. ISBN 9789722331296