A Verdade (Moçambique)

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O jornal grátis @Verdade é sobretudo distribuído pelos motoristas das txopelas.

@Verdade, ou A Verdade ou simplesmente Verdade, é um semanário moçambicano em língua portuguesa. O jornal originalmente tinha a sua sede em Maputo, mas mudou-se em 2014 para a cidade nortenha de Nampula.[1] A Verdade − diz-se que é o jornal mais lido em Moçambique − foi fundada em 2008 por Erik Charas. Adérito Caldeira é o director do jornal.[2]

O jornal é conhecido sobretudo pelo seu “jornalismo cidadão”: A redacção aceita notícias e observações feitas pelos cidadãos e publica-os.

Conteúdos[editar | editar código-fonte]

O jornal é conhecido como crítico ao governo nacional moçambicano, apesar de seu fundador, Erik Charas, chamar o jornal de “apolítico” e simplesmente de um “jornal com os assuntos dos cidadãos”.[3] Uma característica especial do jornal − que tem uma tiragem de 25,000 por semana e segundo próprias estimativas 400,000 leitores − é o fato de sua distribuição ser gratuita. Além disso, a redacção inclui os leitores que podem mandar notícias e observações feitas por qualquer modo de comunicação (WhatsApp, SMS, Twitter, Facebook) e publica-os na internet e no jornal seguinte (“Cidadão repórter”). Segundo Charas, 35 % das notícias publicadas do jornal são baseadas em observações dos “Cidadãos repórter”.[3][4]

Além da característica do “Cidadão repórter”, o jornal também tem uma secção de aconselhamento sexual (“Pergunte a Tina”).[3] A secção é uma das populares do jornal e tem um foco forte em prevenção das doenças venéreas, lembrando-se que mais que 11% das população moçambicana sofrem do HIV.[5]

Uma outra secção do jornal são as assim-chamadas “Xiconhoca”. O jornal nomeia pessoas da vida pública, como políticos ou empresários, e critica suas acções e comportamentos. Os leitores podem escolher semanalmente o “Xiconhoca da semana”.[6] A palavra “Xiconhoca” foi criada pela propaganda da FRELIMO durante a guerra colonial e é sinónimo de “inimigo do povo”.

Como o jornal é grátis, é financiado sobretudo por publicidade. Além disso, tem uma oferta online em língua portuguesa e inglesa. O jornal é distribuído semanalmente à porta do escritório da redacção e pelos motoristas das “Txopelas” (nome de tuk-tuk em Moçambique).[7]

História[editar | editar código-fonte]

O jornal A Verdade foi fundado em Agosto 2008 por iniciativa de Erik Charas.[7] A primeira cobertura eleitoral foi a das eleições gerais de 2009. Segundo um estudo dos autores Jenny C. Aker, Paul Collier e Pedro C. Vicente a simples distribuição do jornal aumentou a participação nas eleições em dez por cento.[8]

A redacção tem várias parcerias, entre outras desde 2011 com a rede de blogueiros Global Voices, desde 2013 com o serviço alemão de radiodifusão internacional Deutsche Welle (com a redacção que produz o programa em Português) e com com o serviço estadounidense de radiodifusão internacional Voz da América.[9]

No ano de 2014 a redacção decidiu mudar-se de Maputo para Nampula, onde já tinha um escritório desde 2010. O editor-chefe do jornal, Adérito Caldeira, justificou a mudança por sentir mais necessidade de informação no norte de Moçambique e que já há suficientemente jornais na capital.[1] Além disso a redacção decidiu não cobrir as eleições gerais de 2014 por falta de financiamento. [1]

Distinções[editar | editar código-fonte]

Em 2012 o jornal recebeu o "African Media Prize Expo 2015" pela sua influência importante à sociedade civil moçambicana.[10]

Referências

  1. a b c Nádia Issufo (11 de junho de 2014). «Jornal moçambicano "A Verdade" justifica mudança da capital para Nampula». Deutsche Welle. Consultado em 23 de março de 2015 
  2. Roberto Valussi (27 de agosto de 2013). «A Mozambican Newspaper With a Difference». InPEC Magazine (em inglês). Consultado em 23 de março de 2015. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  3. a b c Saif Khalid (26 de abril de 2011). «In conversation with Mozambican activist». Al-Jazeera (em inglês). Consultado em 23 de março de 2015 
  4. Nádia Issufo (30 de junho de 2014). «"Cidadão repórter" é o segredo do sucesso do jornal moçambicano @Verdade». Deutsche Welle. Consultado em 23 de março de 2015 
  5. «HIV/AIDS in Mozambique». World Health Organization (em inglês). Consultado em 23 de março de 2015. Arquivado do original em 17 de março de 2015 
  6. «Quem é o Xiconhoca da semana?». A Verdade. 30 de agosto de 2012. Consultado em 23 de março de 2015 
  7. a b Martina Dietz (20 de novembro de 2013). «@Verdade und Bürgerjournalismus in Mosambik: Komplizenschaft im Zeichen der Liebe». Berliner Gazette (em alemão). Consultado em 23 de março de 2015 
  8. Jenny C. Aker, Paul Collier, Pedro C. Vicente (maio de 2013). «Is Information Power? Using Mobile Phones and Free Newspapers during an Election in Mozambique» (PDF) (em inglês). Consultado em 23 de março de 2015 
  9. Johannes Beck (7 de outubro de 2013). «Nova parceria da DW África com jornal @Verdade de Moçambique». Deutsche Welle. Consultado em 23 de março de 2015 
  10. Joshua Massarenti (13 de outubro de 2012). «Amadou Ba (CEO of AMI), IPS Africa and @verdade awarded by Expo 2015 and Afronline». afronline.org (em inglês). Consultado em 23 de março de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]