A guerra para acabar com a guerra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Página de rosto de The War That Will End War por Wells
O presidente Woodrow Wilson, a pessoa com quem a frase é frequentemente associada.

"A guerra para acabar com a guerra", também "a guerra para acabar com todas as guerras",[1] (em inglês: The war to end war) foi um bordão usado para a Primeira Guerra Mundial pela civilização liberal de então.[2] Originalmente idealista, atualmente é utilizado, principalmente, de uma forma depreciativa.[3]

Origem[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 1914, imediatamente após a eclosão da guerra, o autor britânico e comentarista social, H. G. Wells, publicou diversos artigos em jornais de Londres, que posteriormente surgiram como um livro intitulado The War That Will End War.[4] Wells responsabilizou as Potências Centrais pela vinda da guerra, e argumentou que somente a derrota do militarismo alemão poderia pôr um fim à guerra.[5] Wells usou a forma mais curta, "a guerra para acabar com a guerra", em In the Fourth Year (1918), onde observou que a frase tinha "entrado em circulação" no segundo semestre de 1914.[6] De fato, se tornou um dos bordões mais comuns da guerra.[5]

Nos anos posteriores, o slôgane foi associado a Woodrow Wilson, apesar de Wilson tê-lo usado somente uma vez.[7] Juntamente com a frase "tornar o mundo seguro para a democracia", ela encarna convicção de Wilson de que a entrada dos Estados Unidos na guerra era necessária para preservar a liberdade humana.[7]

Uso posterior[editar | editar código-fonte]

Mesmo durante a Primeira Guerra Mundial, a frase foi utilizada com um certo grau de ceticismo: David Lloyd George é conhecido por ter dito, "Esta guerra, como a próxima guerra, é uma guerra para acabar com a guerra"[8] Quando se tornou evidente que a guerra não tinha conseguido acabar com a guerra, a frase assumiu um tom mais cínico. O Marechal de Campo Archibald Wavell disse com desânimo na Conferência de Paz de Paris: "Depois da 'guerra para acabar com a guerra', parece que foram muito bem-sucedidos em Paris, fazendo a 'paz para acabar com a paz'.".[9] O próprio Wells utilizou a frase de forma irônica no romance, The Bulpington of Blup (1932).[10] Walter Lippmann escreveu na Newsweek em 1967, "a ilusão é que todas as guerras que estamos lutando são a guerra para acabar com a guerra", embora Richard Nixon, em seu discurso Silent Majority, disse: "Eu não digo que a guerra no Vietnã é a guerra para acabar com as guerras".[3]

Referências

  1. The war to end all wars BBC News 10 de Novembro de 1998
  2. Schell, Jonathan (2003). The Unfinished Twentieth Century: The Crisis of Weapons of Mass Destruction (em inglês). [S.l.]: Verso. p. 32-47; 4 
  3. a b Safire, William (2008). Safire's Political Dictionary. [S.l.]: Oxford University Press US. pp. 792–3. ISBN 978-0-19-534334-2. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  4. Wagar, W. Warren (2004). H.G. Wells: Traversing Time. [S.l.]: Wesleyan University Press. p. 147. ISBN 978-0-8195-6725-3. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  5. a b Rempel, Richard A., ed. (2003). The Collected Papers of Bertrand Russell. [S.l.]: Routledge. p. 10. ISBN 978-0-415-10463-0. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  6. Wells, H. G. (2008). Short Works of Herbert George Wells. [S.l.]: BiblioBazaar, LLC. pp. 13–14. ISBN 978-1-4375-2652-3. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  7. a b Jamieson, Kathleen Hall (1990). Eloquence in an Electronic Age: The Transformation of Political Speechmaking. [S.l.]: Oxford University Press US. p. 99. ISBN 978-0-19-506317-2. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  8. Stimpson, George William (1952). A Book about American Politics. [S.l.]: Harper. p. 365. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  9. Pagden, Anthony (2008). Worlds at War: The 2,500-year Struggle between East and West. [S.l.]: Oxford University Press US. p. 407. ISBN 978-0-19-923743-2. Consultado em 24 de agosto de 2010 
  10. Wells, H. G. (1932). The Bulpington of Blup. [S.l.: s.n.] pp. 161,163,173. Consultado em 24 de agosto de 2010 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Jacques Pauwels, The Myth of the Good War, 2002.