Abraham Abohbot

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Abraham Abohbot
Nascimento 29 de julho de 1871
Lisboa
Morte 13 de outubro de 1959 (88 anos)
Angra do Heroísmo
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação pintor, pintor

Abraham Abohbot (Lisboa, 29 de julho de 1871Angra do Heroísmo, 13 de outubro de 1959) foi um pintor e decorador, autor de diversas obras de vitrais e de mobiliário e decoração de espaços nobres de edifícios públicos e igrejas. Também se dedicou à arquitectura, sendo o autor do projecto de diversos imóveis da cidade de Angra do Heroísmo, com destaque para a Ermida de Nossa Senhora da Saúde sita à Praça Velha.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Os pais, judeus sefarditas oriundos de Marrocos, fixaram-se em Angra do Heroísmo, onde o avô Mimon Abohbot se dedicou ao comércio e foi líder da comunidade judaica ao tempo existente na ilha Terceira. O jovem Abraham frequentou os primeiros anos do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, mas abandonou os estudos sem completar o ensino secundário. Revelando, desde cedo, aptidões para o desenho e pintura, depois de ter trabalhado no comércio, as suas grandes aptidões para o desenho levaram-no a empregar-se como desenhador de obras públicas, inicialmente na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e depois na Junta Geral do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo. Contudo, nunca conseguiu acesso ao emprego público de nomeação definitiva, pelo que teve de recorrer a ministrar lições particulares de desenho e de pintura e à decoração de imóveis.[2]

As dificuldades financeiras que enfrentava levaram-no em 1898 a emigrar para a África Oriental Portuguesa, onde se empregou como desenhador na empresa que construía a linha que viria a ser o Caminho de Ferro de Ressano Garcia. Contudo a sua permanência em Moçambique foi curta, pois em 1900 já estava de regresso à ilha Terceira.

Instalou-se por conta própria com um atelier de pintura e fotografia na cidade de Angra do Heroísmo, no qual para além dos retratos fotográficos também executava retratos a crayon e pintura decorativa. No seu atelier leccionou desenho e pintura, sendo popular entre a melhor sociedade feminina da cidade. No campo das artes decorativas desenhou modelos para móveis e supervisionou a decoração de diversos edifícios públicos e igrejas.

Entre as suas obras mais notáveis contam-se os vitrais da escadaria dos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo e o retrato a óleo do bispo D. Francisco José Ribeiro Vieira e Brito existente na Sé Catedral de Angra. Outras obras notáveis são o retrato do Dr. António Moniz Barreto Corte Real, doado ao Liceu de Angra e hoje no Museu de Angra do Heroísmo, um quadro com o rosto de Jesus presente no Tesouro da Sé de Angra e uma pintura representando o Coração de Maria na Ermida de São Carlos. Existem também preservadas múltiplas das suas pinturas decorativas sobre seda e marfim.

Como cenógrafo, durante várias décadas preparou a cenografia para as peças apresentadas no Teatro Angrense. Preparou a decoração das salas do Palácio dos Capitães Generais para a visita régia de 1901 e foram da sua autoria os arcos decorativos que nessa ocasião se erigiram nas ruas de Angra e os pavilhões construídos para a tourada realizada com a presença de D. Carlos I de Portugal e da rainha D. Amélia no Largo de São João de Deus e na exposição pecuária do Paul das Vacas.

Notas

  1. Pedro de Merelim, Os Hebraicos na Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 1966.
  2. a b Nota biográfica de Abraham Abohbot na Enciclopédia Açoriana.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]