Abram Petrovich Gannibal

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Abram Petrovich Gannibal
Abram Petrovich Gannibal
Nascimento 1696
Império Etíope
Morte 1781 (85 anos)
São Petersburgo
Ocupação Engenheiro militar
Prêmios Cavaleiro da Ordem de Santo Alexandre Nevsky, Ordem de Santa Ana
Religião Igreja Ortodoxa

Abram Petrovich Gannibal ou Hannibal (Etiópia, 1696 - Rússia, 1781) foi o primeiro intelectual negro da Europa.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Richard Pankhurst, antigo professor no Instituto de Estudos Etíopes da Universidade de Addis Abeba, na Etiópia, acreditava que o jovem Abram, Ibrahim ou Abraham, como o nomeou, teria nascido por volta de 1698. Era filho de um pequeno "príncipe" ou chefe tribal, cuja capital era Logon (atualmente, parte da república dos Camarões). Seu pai era relativamente abastado, possuindo muitos escravos, tanto herdados como capturados em batalha. Teve várias esposas e 19 filhos. Após a morte do seu pai, em batalha, tentando defender o seu território dos turcos otomanos, Abram foi capturado e levado para Constantinopla, de navio, em 1703.

Abram permaneceu no Império Otomano durante cerca de um ano ao serviço da casa do sultão Ahmed III. Na época, o embaixador russo, Sava Vladislavich-Raguzinsky, representando o czar Pedro o Grande, procurava "alguns escravos africanos espertos" para o palácio do czar em Moscou, como era costume naqueles dias, nas grandes cortes da Europa. Por ordem dos superiores de Vladislavich (um dos quais era Pyotr Andreyevich Tolstoi, bisavô do célebre escritor Leon Tolstoi), Abram foi seleccionado para este fim e logo resgatado dos vizires do sultão, provavelmente mediante suborno. Em 1704, o embaixador despachou-o imediatamente, por terra, para Moscou, a fim de ser apresentado a Pedro, o Grande.

O czar impressionou-se com a inteligência e o potencial do menino para o serviço militar e trouxe-o para a sua casa[4] Abram foi batizado em 1705, na Igreja de Santa Paraskeva, em Vilna, tendo Pedro como padrinho.[2] Gannibal considerava a data do batismo como seu aniversário já que desconhecia a data do do seu nascimento.[3]

Abram valorizava a sua relação com o seu padrinho, bem como a da filha de Pedro (Isabel), e foi leal a eles, como se fossem a sua família.[3] desde muito jovem, viajava ao lado do imperador durante as suas campanhas militares, servindo como valete do seu padrinho.[4]

Aos vinte anos, Abram Petrovich foi enviado a Paris para concluir seus estudos, formando-se em engenharia militar. Na época em que viveu em Paris, conheceu Voltaire, Montesquieu e Diderot, entre outros pensadores, que o chamavam de "estrela negra do iluminismo".

Descendência[editar | editar código-fonte]

Gannibal foi casado por duas vezes. Do primeiro casamento, não teve filhos. Do segundo, com a aristocrata Cristina Regina Siöberg, filha de Mattias Johann Siöberg (filho de Gustaf, conde de Estrup e de Clara Maria Lauritsdatter Galtung) e de Cristina Elisabeth d' Albedyll, teve dez filhos, incluindo Ossip Abramovich Gannibal. Este, por sua vez, teve uma filha, Nadejda Ossipovna Hanniballa, que viria a ser a mãe de Alexander Pushkin.

O filho mais velho de Gannibal, Ivan, tornou-se um eminente oficial naval; ajudou a fundar a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, em 1779, e atingiu a patente de general em chefe, a segunda mais alta patente militar da Rússia Imperial.

Alguns aristocratas britânicos descendem de Gannibal, incluindo Natalia Grosvenor, Duquesa de Westminster e sua irmã, Alexandra Hamilton, Duquesa de Abercorn. George Mountbatten, 4º Marquês de Milford Haven, primo da rainha Elizabeth II, é também seu descendente direto, já que é neto de Nadejda Mountbatten, Marquesa de Milford Haven.

Notas

  1. Segundo seu biográfo, Hugh Barnes.
  2. Phillips, Mike. "Pushkin's African background – the Pushkins and the Gannibals." British Library.
  3. a b Catharine Theimer Nepomnyashchy; Nicole Svobodny; Ludmilla A. Trigos, eds. (2006). Under the Sky of My Africa: Alexander Pushkin and Blackness. [S.l.]: Northwestern University Press. pp. 31, 47–49, 56, 63, 74. ISBN 0810119714 
  4. Blakely, Allison. Russia and the Negro: Blacks in Russian History and Thought, Washington, D.C.: Howard University Press, 1986. ISBN 0882581465. 14, 20–21.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • URBIM, Emiliano. In O cavalheiro negro do czar. Artigo. Revista Superinteressante. Abril/2009.