Achille Mbembe

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Achille Mbembe
Achille Mbembe
Nascimento 1957
Otélé, Camarões Franceses
Residência Joanesburgo
Nacionalidade camaronês
Cidadania Camarões
Etnia bassa
Cônjuge Sarah Nuttall
Alma mater Instituto de Estudos Políticos de Paris, Sorbonne
Ocupação filósofo, ensaísta, historiador, professor universitário, teórico político
Prêmios troféu Irmãos Scholl
Empregador(a) Universidade Duke, Universidade do Witwatersrand, Universidade da Califórnia em Irvine, Universidade Columbia, Universidade Harvard, Brookings Institution
Obras destacadas Necropolitics, On the Postcolony
Principais interesses filosofia, ciência política
Movimento estético pós-colonialismo

Joseph-Achille Mbembe, conhecido como Achille Mbembe (Otélé, 1957), é um filósofo, teórico político, historiador, intelectual e professor universitário camaronês.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Mbembe nasceu perto de Otélé nos Camarões Franceses em 1957. Obteve seu Ph.D. em história na Universidade de Sorbonne em Paris, na França, em 1989. Subsequentemente obteve um D.E.A. em ciência política no Instituto de Estudos Políticos na mesma cidade. Já teve cargos na Universidade Columbia em Nova Iorque, Instituto Brookings in Washington, D.C., Universidade da Pensilvânia, Universidade da Califórnia em Berkeley, Universidade Yale, Universidade Duke e o Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África em Dakar, Senegal.[1] Foi professor assistente de História na Universidade Columbia, entre 1988 e 1991, pesquisador no Instituto Brookings entre 1991 e 1992, professor associado de História na Universidade da Pensilvânia entre 1992 e 1996, diretor executivo do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais na África entre 1996 e 2000. Achille foi professor visitante na Universidade da Califórnia em Berkeley em 2001 e professor visitante na Universidade Yale em 2003.[3] Atualmente é professor-investigador de História e Política no Instituto de Pesquisa W. E. B. Dubois da Universidade Harvard.[4]

Tem escrito extensivamente sobre política e história africana, incluindo La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun (París, Karthala, 1996).[5] De la postcolonie: essai sur l'imagination politique dans l'Afrique contemporaine foi publicado em Paris no ano 2000 em francês e a tradução em inglês foi publicada pela Editora da Universidade da Califórnia em Berkeley, em 2001. Em 2015, a Editora da Universidade Wits publicou uma nova edição africana.

Trabalho[editar | editar código-fonte]

Seus principais tema de investigação são história da África, pós-colonialismo, ciências sociais e política. Embora seja chamado de teórico pós-colonial, em boa parte devido ao nome em inglês do seu primeiro livro, ele recentemente rejeitou o termo[6] porque vê seu projeto como um trabalho tanto de aceitação quanto de transcendência da diferença, em vez de um retorno para uma terra natal original, marginal e não-metropolitana.

Suas principais obras são: Les jeunes et l’ordre politique en Afrique noire (1985);[7] La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun (1920–1960);[8] Histoire des usages de la raison en colonie (1996);[9] De la postcolonie. Essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine (2000);[10] Sortir de la grande nuit: Essai sur l'Afrique décolonisée (2003);[11] e Critique de la raison nègre (2013).[12]

Em sua obra central, De la postcolonie. Essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine, Mbembe diz que o discurso acadêmico e popular na África é pego dentro de uma variedade de clichês presos a fantasias e medos ocidentais.[13] Seguindo Frantz Fanon e Sigmund Freud, Mbembe defende que este retrato não é um reflexo de uma África verdadeira mas uma projeção inconsciente presa à culpa, negação e compulsão à repetição. Como James Ferguson, Valentin-Yves Mudimbe[14] e outros, Mbembe interpreta a África não como um lugar definido e isolado, mas como uma relação tensa, entre si e o resto do mundo, que se desenrola simultaneamente nos níveis político, psíquico, semiótico e sexual.

Segundo Mbembe, o conceito de biopoder, de Michel Foucault, como um agrupamento de poder disciplinar e biopolítica, não é mais suficiente para explicar as formas contemporâneas de subjugação. Aos insights de Foucault sobre as noções de poder soberano e biopoder, Mbembe acrescenta o conceito de necropolítica, que vai além de simplesmente "inscrever corpos dentro de aparatos disciplinares".[15] Discutindo os exemplos da Palestina, África e Cosovo, Mbembe mostra como o poder da soberania agora é encenado através da criação de zonas de morte, onde a morte se torna o último exercício de dominação e a principal forma de resistência.[16]

(...) a expressão máxima da soberania reside, em grande medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer. Por isso, matar ou deixar viver constituem os limites da soberania, seus atributos fundamentais. Exercitar a soberania é exercer controle sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação de poder.
 
Achille Mbembe, Necropolítica.

Livros[editar | editar código-fonte]

  • 1985 Les Jeunes et l'ordre politique en Afrique noire, Éditions L'Harmattan, Paris 1985 ISBN 2-85802-542-8
  • 1996 La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun, 1920–1960: histoire des usages de la raison en colonie.
  • 2000 De La Postcolonie, essai sur l'imagination politique dans l'Afrique contemporaine.
  • 2000 Du Gouvernement prive indirect.
  • 2010 Sortir de la grande nuit – Essai sur l'Afrique décolonisée[17]
  • 2013 Critique de la raison nègre
  • 2016 Politiques de l'inimitié

Referências

  1. a b Achille Mbembe, WISER Staff Profile
  2. Achille Mbembe to deliver a second “Thinking Africa” Public Lecture Arquivado em 2012-11-23 no Wayback Machine, Universidade Rhodes, 5 de julho de 2012
  3. «Achille Mbembe | Wits Institute for Social and Economic Research». wiser.wits.ac.za. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  4. «Achille Mbembe». Consultado em 16 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 5 de outubro de 2016 
  5. «La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun». www.karthala.com. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  6. Mbembe, Achille. «The Invention of Johannesburg». Slought Foundation. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  7. «LES JEUNES ET L'ORDRE POLITIQUE EN AFRIQUE NOIRE - Mbembe J. A. - livre, ebook, epub». www.editions-harmattan.fr. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  8. Mbembé, J.-A. (1 de janeiro de 1996). La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun, 1920-1960: histoire des usages de la raison en colonie (em francês). [S.l.]: KARTHALA Editions. ISBN 9782865376001 
  9. Hamos, Hongla. «Mbembe (Achille): La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun (1920–1960): histoire des usages de la raison en colonie». Revue française d'histoire d'outre-mer. 85 (321) 
  10. On the Postcolony. [S.l.: s.n.] 
  11. Eyebiyi, Elieth P. (29 de novembro de 2010). «Achille Mbembe, Sortir de la grande nuit. Essai sur l'Afrique décolonisée». Lectures (em francês). ISSN 2116-5289 
  12. «Critique de la raison nègre - Achille MBEMBE - Éditions La Découverte». www.editionsladecouverte.fr. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  13. Mbembe, Achille (2001). On the Postcolony. Stanford: University of California Press. 3 páginas. ISBN 9780520204348 
  14. MUDIMBE, Valentin-Yves. Discurso de poder e o conhecimento da alteridade. In: A invenção de África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Luanda/Mangualde (Portugal): Edições Mulemba/Edições Pedago, 2013, p. 15-41.
  15. Mbembe, Achille. «Necropolítica». Arte & Ensaios. Rio de Janeiro, v. 2, n. 32, p. 122-151, 2016. O texto foi publicado originalmente em: Public Culture, 15 (1), 2003: 11-40. Cópia arquivada (PDF (em inglês)) em 21 de março de 2005 
  16. «Sign In» (PDF). publicculture.dukejournals.org. Consultado em 16 de fevereiro de 2019 
  17. Sandeep Bakshi. Book Review: Achille Mbembe: Sortir de la Grande Nuit: Essai sur l'Afrique Décolonisée. We Must Get Out of the Great Night: Essay on Decolonized Africa. International Feminist Journal of Politics. Special Issue: Murderous Inclusions. Vol. 15, no. 4.