Acidente nuclear de Tokaimura

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Usina Nuclear de Tokaimura

A Usina Nuclear de Tokaimura (no Japão) registra em seu histórico dois acidentes nucleares; Em 11 de março de 1997, ocorreu uma pequena explosão em uma usina, e em 30 de setembro de 1999 um grave acidente aconteceu em uma usina da companhia JCO.

Acidente de 1997[editar | editar código-fonte]

Em 11 de março de 1997, o primeiro incidente nuclear relatado em Tokaimura ocorreu em uma usina de reprocessamento de combustível nuclear Dōnen. Essa instalação serve para tornar os subprodutos do combustível nuclear em algo inativo e seguro para armazenamento por meio da combinação com asfalto. Para deixar o lixo pronto para armazenamento, ele não é aquecido a mais de 195 graus. No dia 11 de março, os resíduos estavam sendo processados para armazenamento quando as medidas de controle de calor falharam, colocando a mistura em chamas.[1] Muito provavelmente devido à extinção inadequada do fogo, ocorreu uma pequena explosão. A explosão quebrou janelas, permitindo que fumaça e radiação escapassem para a área circundante. A vigilância da fábrica confirmou que as janelas e portas afetadas pela explosão não foram reparadas por algumas horas, sujeitando a área circundante à radioatividade. Pelo menos 21 trabalhadores foram expostos à radioatividade durante o incidente.

Acidente de 1999[editar | editar código-fonte]

O segundo acidente nuclear mais sério de Tokaimura ocorreu em 30 de setembro de 1999 em uma planta de processamento de urânio da JCO. O evento foi classificado como acidente de criticidade. Foi o pior acidente de radiação nuclear civil no Japão antes do desastre nuclear de Fukushima em 2011.[1] O incidente expôs a população circundante à radiação nuclear perigosa depois que a mistura de urânio atingiu o nível crítico. Dois dos três técnicos de mistura de combustível perderam a vida. O incidente foi causado por falta de supervisão regulatória, cultura de segurança inadequada e treinamento e educação de técnicos inadequados.[2]

Os técnicos das instalações da JCO, Hisashi Ouchi, Masato Shinohara e Yutaka Yokokawa, estavam acelerando as últimas etapas do processo de combustível para atender aos requisitos de transporte. Foi o primeiro lote de combustível da JCO para aquele reator em três anos; nenhuma qualificação adequada e requisitos de treinamento foram estabelecidos para preparar o processo.  Para economizar tempo de processamento, a equipe misturou os produtos químicos em baldes de aço inoxidável. Os trabalhadores seguiram as orientações do manual de operação da JCO neste processo, mas não sabiam que ele não era aprovado.[3] Por volta das 10h35, o tanque de precipitação atingiu a massa crítica quando seu nível de enchimento, contendo cerca de 16 quilogramas (35 libras) de urânio, atingiu o nível crítico obtendo a fissão nuclear tornou-se autossustentável, emitindo intensa radiação gama e de nêutrons na instalação nuclear.[4]

Sem um plano de emergência ou comunicação pública da JCO, confusão e pânico seguiram o evento.[2]  As autoridades alertaram para não se realizarem as colheitas e a não beber água de poço.  A fim de aliviar as preocupações do público, oficiais começaram os testes de radiação em residentes que viviam a aproximadamente 6 milhas da instalação. Nos 10 dias seguintes, foram realizados aproximadamente 10.000 exames médicos.  Dezenas de trabalhadores de emergência e residentes próximos foram hospitalizados e centenas de milhares de outros foram forçados a permanecer dentro de casa por 24 horas.[2] Os testes confirmaram que 39 dos trabalhadores foram expostos à radiação e pelo menos 667 trabalhadores, socorristas e residentes próximos foram expostos ao excesso de radiação como resultado do acidente.[5]

De acordo com os testes de radiação do STA, Hisashi Ouchi foi exposto a 17 Sv de radiação, Masato Shinohara 10 Sv e Yutaka Yokokawa recebeu 3 Svs.[5]  Os dois técnicos que receberam as doses mais altas, Ouchi e Shinohara, morreram vários meses depois em ampla agonia, a família de Hisashi Ouchi requisitou que os médicos o ressuscitassem diversas vezes, mesmo quando ficou claro que o dano que seu corpo havia sofrido por meio da radiação era intratável.

Referências

  1. a b Iovino, Peter Aldhous and Zena. «Japan's record of nuclear cover-ups and accidents». New Scientist (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  2. a b c Lessons learned from the JCO nuclear criticality accident in Japan in 1999. [S.l.: s.n.] 2008. pp. http://www–ns.iaea.org/downloads/iec/tokaimura–report.pdf 
  3. «Vol. 31, No. 1, September 2001 of Journal of College Science Teaching on JSTOR». www.jstor.org (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  4. «Tokaimura Criticality Accident - World Nuclear Association». world-nuclear.org. Consultado em 22 de dezembro de 2020 
  5. a b Relatório sobre a missão de investigação preliminar após o acidente na instalação de processamento de combustível nuclear em Tokaimura. Viena: [s.n.] p. 32