Agonista beta adrenérgico

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Os agonistas beta adrenérgicos, agonistas beta ou β-agonistas são fármacos que relaxam os músculos das vias aéreas e promovem a dilatação das vias respiratórias, facilitando a respiração.[1] Eles pertencem à classe dos simpaticomiméticos, atuando sobre os β-receptores ao ativar seus transportadores (β-AA ou B-AR).[2] De modo geral, os agonistas beta-adrenérgicos puros têm a função oposta dos betabloqueadores: os ligantes dos β-agonistas mimetizam as ações da adrenalina e da noradrenalina – na sinalização celular do coração, pulmões e tecido muscular liso; onde a adrenalina expressa afinidade mais alta. A ativação dos receptores β1, β2 e β3 encadeando a ativação da enzima adenilato ciclase (AC). Como consequência, é ativado o trifosfato de adenosina (ATP), que é catalisado por hidrólise em monofosfato cíclico de adenosina (cAMP), o qual atua como mensageiro secundário; O cAMP ativa a proteína quinase A (PKA), enzimas que catalisam a fosforilação de uma proteína-alvo e são responsáveis pelo relaxamento do músculo liso e contração do tecido cardíaco.[3]

Função[editar | editar código-fonte]

Epinefrina (adrenalina)

A ativação dos receptores β1 promove o inotropismo (força de contração) e cronotropismo positivo do músculo cardíaco, levando ao aumento da frequência cardíaca, hipertensão, secreção de grelina pelo estômago e excreção de renina pelos rins.[4]

A ativação dos receptores β2 induz o relaxamento do músculo liso nos pulmões, trato gastrointestinal, útero e vários vasos sanguíneos. O aumento da frequência cardíaca e a contração do músculo cardíaco estão associados aos receptores β1; entretanto, os receptores β2 são relacionados à vasodilatação no miocárdio em ensaios clínicos.

Os receptores β3 se situam principalmente no tecido adiposo.[5] Sua ativação induz o metabolismo de lipídios.[6]

Usos médicos[editar | editar código-fonte]

As indicações de administração de agonistas beta incluem:

Efeitos colaterais[editar | editar código-fonte]

Embora menores em comparação com os da epinefrina/adrenalina, os agonistas beta geralmente têm efeitos adversos leves a moderados, que incluem ansiedade, hipertensão, aumento da frequência cardíaca e insônia. Outros efeitos colaterais podem incluir dores de cabeça e tremor essencial. Devido ao aumento da secreção de insulina no corpo pela ativação de receptores β2, também pode causar hipoglicemia.[carece de fontes?]

Em 2013, o zilpaterol, um beta agonista vendido pela Merck, foi retirado temporariamente do mercado devido a sinais de doença em alguns bovinos que foram alimentados com a droga.[8] Os agonistas beta são amplamente utilizados na alimentação de bovinos.[9][10]

Seletividade do receptor[editar | editar código-fonte]

A maioria dos agonistas dos receptores beta são seletivos para um ou mais receptores beta-adrenérgicos (β1, β2 e/ou β3). Por exemplo, pessoas com frequência cardíaca baixa (bradicardia) geralmente são tratadas com agonistas beta que são mais "cardiosseletivos", como a dobutamina, que aumenta a força de contração do músculo cardíaco. Pessoas que sofrem de doenças pulmonares inflamatórias crônicas, como asma ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), podem ser tratadas com medicamentos direcionados para induzir mais relaxamento da musculatura lisa nos pulmões e menos contração do coração, como os medicamentos de primeira geração, a exemplo do salbutamol (albuterol), ou com medicamentos de última geração desta mesma classe, como o vilanterol.[11]

Os β 3 agonistas estão atualmente sob pesquisa clínica e acredita-se que aumentem a quebra de lipídios em pacientes obesos.[12]

Agonistas β1[editar | editar código-fonte]

Os agonistas β1 estimulam a atividade da adenilato ciclase (AC) e a abertura dos canais de cálcio (como em estimulantes cardíacos; usados para tratar choque cardiogênico, insuficiência cardíaca aguda e bradiarritmias). Alguns exemplos são:

Agonistas β2[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Agonista adrenérgico beta-2

Os agonistas β2 estimulam a atividade da adenilil ciclase e o fechamento do canal de cálcio (relaxantes do músculo liso; usados para tratar asma e DPOC). Exemplos selecionados são:

Indeterminados/não seletivos[editar | editar código-fonte]

Os agentes abaixo também são listados como agonistas sem seletividade especificada no sistema de classificação Medical Subject Headings (MeSH):

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «WHAT ARE BETA-AGONISTS?». Thoracic.org. American Thoracic Society. Consultado em 17 de outubro de 2014. Arquivado do original em 13 de junho de 2010 
  2. MeSH Adrenergic+beta-Agonists
  3. Delbruck, Max. «The beta-adrenergic receptors». PMID 12439640 
  4. Yoo, B.; et al. «Beta1-adrenergic receptors stimulate cardiac contractility and CaMKII activation in vivo and enhance cardiac dysfunction following myocardial infarction». PMID 19633206 
  5. Johnson, M. «Molecular mechanisms of beta(2)-adrenergic receptor function, response, and regulation». PMID 16387578 
  6. Lowell, B.B.; Flier, J.S. (1997). «Brown adipose tissue, beta 3-adrenergic receptors, and obesity». Annu. Rev. Med. 48. pp. 307–16. PMID 9046964 
  7. «FDA Drug Safety Communication: New warnings against use of terbutaline to treat preterm labor». FDA. 18 de junho de 2019 
  8. «Archived copy». Consultado em 16 de agosto de 2013. Arquivado do original em 27 de agosto de 2013 
  9. Costa, Carolina Floret; Brichi, André Luis Coneglian; Pereira, Ismael Castro; Factori, Marco Aurélio; Martins, Cyntia Ludovico; Arrigoni, Mário De Beni (11 de dezembro de 2015). «Efeitos do fornecimento de agonistas β-adrenérgicos no desempenho produtivo, características de carcaça e qualidade da carne de bovinos confinados». Scientia Agraria Paranaensis (4): 247–251. ISSN 1983-1471. doi:10.18188/sap.v14i4.10232. Consultado em 10 de abril de 2022 
  10. Vedovatto, Marcelo; Ítavo, Camila Celeste Brandão Ferreira; Beltrame, João Artêmio Marin; Brumatti, Ricardo Carneiro; Franco, Gumercindo Loriano (22 de abril de 2014). «Agonistas beta-adrenérgicos como aditivo para bovinos de corte». Boletim de Indústria Animal (4): 396–406. ISSN 1981-4100. doi:10.17523/bia.v71n4p396. Consultado em 10 de abril de 2022 
  11. Pias, M.T. «The Pharmacology of Adrenergic Receptors» 
  12. Meyers, D.S.; Skwish, S.; Dickinson, K.E.; Kienzle, B.; Arbeeny, C.M. (fevereiro de 1997). «Beta 3-adrenergic receptor-mediated lipolysis and oxygen consumption in brown adipocytes from cynomolgus monkeys». J. Clin. Endocrinol. Metab. 82 (2). pp. 395–401. PMID 9024225