Aleta Valente

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Aleta Valente
Nascimento Rio de Janeiro

Aleta Valente (Rio de Janeiro, 1986) é artista visual e ativista. Seu trabalho tem o Instagram como suporte principal. Através da publicação de memes, fotografias e performances em plataformas digitais, aborda questões políticas e estéticas da contemporaneidade.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Aleta Valente nasceu e vive em Bangu, bairro periférico do Rio de Janeiro. Antes de ingressar nas artes visuais, chegou a atuar em algumas produções cinematográficas, a mais visível sendo Jogo de Cena (2007) de Eduardo Coutinho.[2] Apesar de não ter concluído, estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em duas graduações: Educação Artística, habilitação Artes Plásticas e História da Arte.[2] Passou também por programas de formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Universidade de Verão do CAPACETE.

Suas obras mais antigas são datadas de 2013. Um exemplo é a performance site specific para bienal de artes realizada na UFRJ onde falsificava diplomas de graduação em Belas Artes e MOMAcumba, trabalho que mesclava símbolos do candomblé com imagens do Museu de Arte Moderna de Nova York.[2]

Em 2015 inicia sua incursão nas mídias sociais criando a conta de Instagram "Ex-miss Febem" inspirada na canção "Kátia Flávia, a Godiva do Irajá" de Fausto Fawcett, onde se dedicava a mostrar autorretratos com temáticas ligadas a exploração, violência e super sexualização do corpo feminino. Mesmo com um grande alcance, chegando a ter mais de doze mil seguidores, seu perfil foi retirado do ar devido a denúncias de conteúdo impróprio.[3] O perfil foi reativado e segue mostrando o trabalho da artista.

Trabalhando com o suporte da auto imagem, fotografia e performance, Aleta segue atuando no universo das artes questionando gênero, raça,[2] estereótipos da estética suburbana e o corpo feminino que é patronizado pela sociedade atual.[4]

Análise crítica[editar | editar código-fonte]

O trabalho de Aleta tem sido explorado por estudiosos e críticos de arte no Brasil. Para Alessandra Colasanti, o trabalho de Aleta deve ser visto tanto no campo do ativismo artístico quanto das manifestações simbólicas: "Aleta converge sujeito, objeto e suporte, tese e tubo de ensaio, artista e ativista, modelo e fotógrafa, médica e medusa, musa e antimusa. Abre seu corpo, sua carne, sua casa, sua cama, seu banheiro, seu fogão, seus amigos, seu cotidiano, seu imaginário e mídias sociais dissecando, ressignificando e pondo à prova estereótipos, tabus, os limites da rede e os seus próprios. Faz das ferramentas online, ferramentas ideológicas, de seu corpo, palco, manifesto e bode expiatório, inquirindo, interferindo, alfinetando formas de poder e controle, bem como os modelos instituídos de suas representações."[5][6]

Ivana Bentes analisa o projeto de Instagram de Aleta e como ele reverbera na sociedade: "Ex-Miss Febem nasceu em janeiro 2015 e morreu em janeiro de 2017 nas redes sociais, quando seu perfil no Instagram foi retirado do ar por excesso de denúncias. Um projeto político, ativista e artístico abortado e censurado por parte do público que o denunciou e pela política de “violação dos padrões da rede” do Facebook/Instagram que censura principalmente os corpos e a nudez femininos. A estética do escândalo, a ressignificação dos selfies, o erotismo fora de lugar, o deixar correr os fluxos de todo tipo, vêm problematizar o consumo público do corpo feminino. Em uma sociedade em que o corpo das mulheres é utilizado para vender pneu, cerveja, comida, carro, sabão em pó, casa, tudo".[5]

Exposições[editar | editar código-fonte]

Exposições coletivas[editar | editar código-fonte]

2017
  • QAP: Tá na escuta, Festival Arte Atual, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil
  • Black Hole, Montreal, Canadá
2016
2015
  • Abre Alas, Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil
2013
  • Bienal de Belas Artes da UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil

Exposições individuais[editar | editar código-fonte]

2019
  • Superexposição, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, Brasil

Referências

  1. «Do Instagram à galeria: Aleta Valente debate em selfies temas como feminismo, aborto e ocupação da cidade». O Globo. 16 de novembro de 2019. Consultado em 8 de fevereiro de 2023 
  2. a b c d «Aleta Valente: suburbana, mãe solteira, feminista, artista». seLecT. 1 de março de 2018. Consultado em 24 de maio de 2020 
  3. «Sucesso com conta 'Ex Miss Febem', no Instagram, Aleta Valente prepara primeira exposição individual». O Globo. 3 de abril de 2019. Consultado em 24 de maio de 2020 
  4. Alessandra Greff Grade. «Aleta Valente: construção do corpo periférico – ConectartBR». Consultado em 24 de maio de 2020 
  5. a b «Aleta Valente». Prêmio PIPA. Consultado em 24 de maio de 2020 
  6. «2ª Edição». Nin Magazine. Consultado em 24 de maio de 2020