Alexander Barclay

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Alexander Barclay
Nascimento 1475
Escócia
Morte 10 de junho de 1552 (76–77 anos)
Croydon
Ocupação sacerdote, monge, poeta, ministro, escritor

Alexander Barclay (c. 1475 – Croydon, 10 de junho de 1552) foi um poeta e clérigo da Igreja da Inglaterra, provavelmente nascido na Escócia.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Xilogravura do frontispício da "Vida de São Jorge" de Alexander Barclay, Westminster 1515

Barclay nasceu por volta de 1475. Seu local de nascimento é motivo de disputa, mas William Bulleyn, natural de Ely, que provavelmente o conheceu quando esteve no mosteiro de lá, afirma que Barclay nasceu "além do rio frio de Twede" (rio Tweed, ou seja, na Escócia).[1] Sua infância foi passada em Croydon, mas não se sabe se foi educado em Oxford ou Cambridge. Pode-se presumir que se formou, pois usa o título de "Syr" em sua tradução de Bellum Jugurthinum, de Salústio, e em seu testamento é chamado de Doutor em Divindade.[2]

Das inúmeras referências incidentais em suas obras e de seu conhecimento da literatura europeia, pode-se inferir que passou algum tempo no exterior.[1] Thomas Cornish, bispo sufragâneo da diocese de Bath e Wells e reitor do Oriel College, em Oxford, de 1493 a 1507, o nomeou capelão do colégio Ottery St Mary, em Devon. Ali ele escreveu seu poema satírico, Nau dos insensatos (The Ship of Fools), em parte uma tradução da obra de Sebastian Brant, Das Narrenschiff.[2]

A morte de seu patrono em 1513 aparentemente pôs fim à sua conexão com o Ocidente, e ele se tornou monge no mosteiro beneditino de Ely.[1] Nesse retiro, Barclay provavelmente escreveu suas éclogas, mas em 1520, "Maistre Barkleye, the Blacke Monke and Poete" desejou criar "histoires and convenient raisons to florisshe the buildings and banquet house withal" no encontro entre Henrique VIII e Francisco I no Campo do Pano de Ouro.[3] Por fim, tornou-se frade franciscano da Cantuária.[4]

Presume-se que ele tenha concordado com a mudança de religião, pois manteve, sob o reinado de Eduardo VI, os benefícios de Great Baddow, em Essex, e de Wokey, em Somerset, que havia recebido em 1546, e foi apresentado em 1552 pelo deão e capítulo da Cantuária ao presbitério de All Hallows, Lombard Street, Londres. Morreu pouco depois dessa última predileção em Croydon, Surrey, onde foi enterrado em 10 de junho de 1552.[2]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • A Nau dos insensatos (The Ship of Fools) foi tão popular em sua versão inglesa quanto Das Narrenschiff na Alemanha. Foi o ponto de partida de uma nova literatura satírica. Por si só, um produto da concepção medieval do insensato que figurava tão amplamente no entrudo e em outros concursos, difere inteiramente das sátiras alegóricas gerais dos séculos anteriores. As figuras não são mais abstrações; são exemplos concretos da loucura do bibliófilo que coleciona livros, mas nada aprende com eles, do juiz corrupto que aceita subornos para favorecer os culpados, do velho tolo que o tempo apenas fortalece em sua loucura, dos que estão ansiosos por acompanhar a moda, dos padres que passam seu tempo na igreja contando a lenda de Robin Hood e assim por diante. O espírito do livro reflete a transição geral entre alegoria e narrativa, moralidade e drama. Das Narrenschiff de Sebastian Brant era essencialmente alemão em concepção e tratamento, mas seus cento e treze tipos de insensatos possuíam, no entanto, interesse universal. Na realidade, porém, eram pecados e vícios, e não loucuras que estavam sob sua censura, e esse temperamento didático se refletia em Barclay. O livro apareceu em 1494 com xilogravuras que se diz terem sido inventadas e talvez parcialmente executadas pelo próprio Brant. Nestas ilustrações, que deram um impulso à produção de "emblemas" e foram copiadas na versão em inglês, parece haver um humor bastante ausente no texto;[2]
  • Certayne Ecloges of Alexander Barclay, Priest, escrito em sua juventude, provavelmente foi impresso em 1513, embora a edição mais antiga seja a da reimpressão de John Cawood (1570) do The Ship of Fools. Eles formam, com exceção de Robin and Makyn, de Robert Henryson, os primeiros exemplos da pastoral inglesa. As três primeiras éclogas, na forma de diálogos entre Coridon e Cornix, foram emprestados do Miseriae Curialium de Enea Silvio Piccolomini (Papa Pio II) e contêm um elogio de John Alcock, bispo de Ely, fundador do Jesus College, Cambridge. A quarta é baseada na écloga de Battista Mantovano, De consuetudine divitum erga poetas, com grandes adições. Ela contém a "Descrição da guerra da virtude e da honra", uma elegia para Edward Howard, almirante da Inglaterra, que pereceu no ataque à frota francesa no porto de Brest em 1513. A quinta, impressa por Wynkyn de Worde, também sem data, é intitulada "Fyfte Eglog of Alexandre Barclay of the Cytezen and the uplondyshman" e também é baseado em Mantovano. Dois pastores, Amintas e Fausto, discutem o tema familiar dos respectivos méritos da vida na cidade e no campo e relatam uma fábula singular da origem das diferentes classes da sociedade. As pastorais de Barclay contêm muitas imagens da vida rústica como ele a conhecia. Ele descreve, por exemplo, os jogos de domingo na vila, o futebol e a luta por comida nas grandes festas; mas suas éclogas eram, como seus modelos italianos, também sátiras aos males sociais. Os pastores são rústicos do tipo Colin Clout, personagem do poema The Shepheardes Calender de Edmund Spenser e discutem as loucuras e corrupções ao seu redor;[2]
  • The Castell of Laboure (Wynkyn de Worde ed. 1506), do original em francês de Pierre Gringore;
  • Introductory to write and to pronounce Frenche (Robert Copland ed. 1521);
  • The Myrrour of Good Maners (Richard Pynson ed. não datado), uma tradução do De quatuor virtutibus de Dominicus Mancinus;[5]
  • Cronycle compyled in Latyn, do renomado Salústio (Richard Pynson ed., sem data) e uma tradução do Bellum Jugurthinum;
  • The Lyfe of the glorious Martyr Saynt George (R. Pynson, ca. 1530);
  • The Lyfe of Saynte Thomas, e Haython's Cronycle, ambos impressos por Pynson, também são atribuídos a Barclay, mas por motivos muito duvidosos.[2]

Referências

  1. a b c Ward, Adolphus William. «Barclay, Alexander». Dictionary of National Biography (em inglês). 3 1885-1900 ed. Londres: Smith, Elder & Co. pp. 156–161 
  2. a b c d e f Chisholm, Hugh. «Barclay, Alexander». Encyclopædia Britannica (em inglês). 3 1911 ed. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 393–394 
  3. Turpyn, Richard (1846). The Chronicle of Calais: In the Reigns of Henry VII. and Henry VIII. to the Year 1540. Ed. from Mss. in the British Museum (em inglês). [S.l.]: Camden society 
  4. Chambers, Robert. «Barclay, Alexander». A biographical dictionary of eminent Scotsmen (em inglês). 1 1857 ed. Glasgow: Blackie and Son. pp. 139–140 
  5. Cousin, John William John William. «Barclay, Alexander». A Short Biographical Dictionary of English Literature (em inglês) 1910 ed. Londres: J. M. Dent & Sons, Ltd. p. 24 

Fontes[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]