Alpetequim de Damasco

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 Nota: Para outros significados, veja Alpetequim.
Alpetequim
Nascimento século X
Morte 978
Cairo
Ocupação General

Alpetequim (Alptekin), ou ainda Alpetaquim (Alptakin), Alpeteguim (Alptekin), Alpetaguim (Alptakin), Hafetequim (Haftekin) Hafetaquim (Haftakin), Hafeteguim (Haftegin), Hafetaguim (Haftagin), Afetequim (Aftekin), Afetaquim (Aftakin), Afeteguim (Aftegin) ou Afetaguim (Aftekin; m. 978) foi um oficial militar turco dos buídas e então chefe de Damasco. Aparece nos anos 970 participando na rebelião do oficial turco Sabuqueteguim contra Ize Daulá (r. 967–978), mas com a morte do líder rebelde, Alpetequim assumiu a rebelião e foi derrotado. Fugiu à Síria e lá tomou várias cidades do Califado Fatímida, conseguindo um tratado favorável a si. Pouco depois, no entanto, foi derrotado e fugiu para o deserto, onde seu conhecido Mufarrije ibne Daguefal ibne Aljarrá o traiu e entregou aos fatímidas. Na corte do Cairo, logo foi envenenado pelo vizir Iacube ibne Quilis.

Vida[editar | editar código-fonte]

Bilade Xame no século IX

Alpetequim era um libertado do governante buída do Iraque, Ize Daulá (r. 967–978).[1] Nada mais se sabe sobre ele até 973, quando se juntou à rebelião do oficial turco Sabuqueteguim, que ocupou Bagdá e muitas outras partes do Iraque. Os turcos cercaram Uacite, onde Ize Daulá se fortificou. Sabuqueteguim morreu no cerco, e Alpetequim foi escolhido como o novo líder dos turcos. No interim, o exército buída sob o primo de Ize Daulá, Adude Daulá, estava marchando ao Iraque, e em 975 conseguiu derrotar completamente os rebeldes no rio Diala.[2] Após sua derrota, fugiu à Síria junto com cerca de 300 seguidores,[3] onde capturaram Homs. Então se aliou aos carmatas e, no inverno de 975, invadiu a costa do Mediterrâneo e sitiou a cidade fatímida de Sidom. Logo conseguiu capturá-la, resultando no massacre de 4 000 soldados fatímidas.[1] Então capturou Tiberíades e marchou em direção a Damasco, o que tomou sem muita resistência. O califa Alaziz (r. 975–996) enviou um exército sob seu general Jauar, que conseguiu reconquistar a costa do Mediterrâneo e chegar até Damasco, que foi sitiava.[4]

Os aliados carmatas de Alpetequim logo chegaram e conseguiram forçar os fatímidas a levantar o cerco. O exército fatímida fugiu para Ramla, mas rapidamente a abandonou, deixando-a aberta a uma invasão carmata. O exército combinado de Alpetequim e os carmatas então sitiaram Ascalão, para onde o exército fatímida havia fugido. Após um longo cerco que durou mais de um ano, os fatímidas concordaram em fazer um tratado de paz: ele receberia a Palestina, enquanto a fronteira norte do domínio fatímida estava em Gaza.[5] Para tornar o tratado mais palatável para os fatímidas, concordou em reconhecer o califa como sua soberana.[6]

Em 978, Ize Daulá, cujos territórios foram conquistados por Adude Daulá, fugiu junto com seus dois irmãos e outros seguidores dailamitas para Damasco, onde foram calorosamente recebidos por Alpetequim, que incorporou os dailamitas em seu exército.[7] Enquanto isso, um novo exército fatímida sob o próprio Alaziz estava marchando em direção a Damasco, e uma batalha se seguiu entre os turcos e os fatímidas perto de Ramla; Alpetequim atacou a ala esquerda dos fatímidas, matando muitos. No entanto, os fatímidas mudaram a maré da batalha, fazendo um contra-ataque no centro e na ala direita, matando cerca 20 000 de seus homens.[8]

Alpetequim conseguiu fugir do campo de batalha para o deserto, onde quase morreu de sede, mas foi encontrado pelo líder da tribo taita e um velho amigo dele, Mufarrije ibne Daguefal ibne Aljarrá. Foi levado à casa deste, onde foi tratado com honra. Durante sua permanência na casa deste, Mufarrije o traiu e o entregou a Alaziz em troca de 100 000 dinares de ouro.[8][9] Foi então levado à capital fatímida do Cairo, onde foi tratado com honra por Alaziz, que incorporou-o junto com seus seguidores turcos ao exército fatímida. No entanto, foi mais tarde envenenado pelo vizir Iacube ibne Quilis.[10]

Referências

  1. a b Gil 1997, p. 343.
  2. Kennedy 2004, p. 224.
  3. Kennedy 2004, p. 205.
  4. Gil 1997, p. 348.
  5. Gil 1997, p. 349.
  6. Kennedy 2004, p. 321.
  7. Gil 1997, p. 350.
  8. a b Gil 1997, p. 351.
  9. Canard 1991, p. 482–483.
  10. Gil 1997, p. 352.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Canard, Marius (1991). «D̲j̲arrāḥids». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume II: C–G. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-07026-5 
  • Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4