Amélia Barros

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Amélia Barros
Amélia Barros
Retrato fotográfico de Amélia Barros (Biblioteca-Arquivo do Teatro Nacional D. Maria II, década de 1890)
Nascimento Amélia Augusta da Assunção Barros
9 de março de 1842
Pena, Lisboa, Portugal
Morte 9 de janeiro de 1929 (86 anos)
São Sebastião da Pedreira, Lisboa, Portugal
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania portuguesa
Ocupação Atriz de teatro e cantora lírica

Amélia Augusta da Assunção Barros, mais conhecida por Amélia Barros (Lisboa, 9 de março de 1842 — Lisboa, 9 de janeiro de 1929) foi uma atriz e cantora lírica portuguesa, conhecida por se destacar no género da opereta tanto em Portugal como no Brasil.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida a 9 de março de 1842, na Rua da Cruz a Rilhafoles, freguesia da Pena, em Lisboa, era filha de José Inácio de Barros e de sua mulher, Angélica Lúcia do Espírito Santo Santana, naturais de Santarém. Casou-se muito jovem, com apenas 16 anos, a 7 de julho de 1858, na Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, com António Pereira, um soldado natural de Almacave e que era 16 anos mais velho que Amélia, tendo, à data do casamento, 32 anos, tendo-se separado, anos mais tarde.[4][5]

Começou a sua carreira como atriz amadora em 1860, no Teatro da Esperança do Funchal, na comédia Entre a Bigorna e o Martelo, de Paulo Midosi, e representou, entre outras peças, o drama Cinismo, Ceticismo e Crença, em 2 atos, de César de Lacerda.[2][6]

Amélia Barros aos 68 anos (Biblioteca-Arquivo do Teatro Nacional D. Maria II, 1910).

Seguiu para os Açores, onde se manteve durante alguns anos no Teatro Micaelense de Ponta Delgada e colheu muitos aplausos no drama Os Homens Ricos, de Ernesto Biester. Em 1875, estreou-se no Teatro do Príncipe Real, do Porto, na opereta Joana do Arco, com letra de Alfredo de Ataíde e música de Gomes Cardim, com muito êxito. Partiu para Lisboa, passou pelo Teatro da Rua dos Condes, onde representou a comédia em 3 atos A Tia Maria. A 7 de setembro de 1876, entrou para o Teatro da Trindade e ali fez Um Favor de Procópio, comédia em 1 ato, Nem Tanto ao Mar, de Quirino Chaves, Valentim o Diabrete, ópera cómica em 3 atos de Vanloo e Leterrier, música de Lacôme e Amazonas de Tormes, zarzuela traduzida por Passos Valente. Quando Delfina do Espírito Santo deixou o teatro, substituiu-a no papel de "Rainha Clementina" de Barba Azul (1880), ópera burlesca em 3 atos e 4 quadros de Meilhac e Halévy, música de Offenbach. Em 1882, no Teatro do Rato, fez a reposição de A Tia Maria, integrada na récita de despedida do ator Correia, que partia em tournée.[6]

Em 1885, foi em digressão ao Brasil e voltou ao Trindade em 1887, onde se manteve até 1919. Neste teatro, entrou em O Homem da Bomba, vaudeville em 3 atos, tradução de Gervásio Lobato e Mendonça e Costa, música de Freitas Gazul, e criou os papéis de "Zepherine", de Dois Garotos, drama em 5 atos e 8 quadros de Pierre Decourcelle, e Musette, ambas traduzidas por Guiomar Torresão; representou, em 1898, "Joaquina", em Falar Verdade a Mentir, comédia em 1 ato de Almeida Garrett, e entrou em Boccacio, ópera cómica em 3 atos, tradução de Eduardo Garrido, música de Franz von Suppé (1898). Nesse ano, integrou uma companhia artística organizada por António de Sousa Bastos para representar no Brasil e, em 1900, sob a direção da Empresa José Ricardo & Gouveia, que tomou o Teatro da Trindade, brilhou no papel de "Carlota" de O Homem das Mangas (1901), vaudeville de Oscar Blumenthal, tradução do alemão por Freitas Branco e Melo Barreto, música coordenada por Tomás Del Negro.[6][7][8]

Amélia Barros aos 75 anos (Álbum teatral, 1917).

Integrando desde então a Companhia de Ópera Cómica Portuguesa, Companhia da Trindade, Companhia Taveira e várias outras companhias de teatro lisboetas, contracenou ao lado de algumas das mais conhecidas atrizes do teatro português do século XIX, tais como Auzenda de Oliveira, Maria Matos, Palmira Bastos, Mercedes Blasco, Zulmira Miranda, Ana Pereira, Medina de Sousa, Teresa Taveira, Cinira Polónio, Augusta Cordeiro, entre outras.[9][10]

Anos mais tarde, em 1914, partiu novamente em digressão para o Brasil onde foi aclamada pela crítica.[11][12]

No seu reportório, representou diversas operetas, comédias, revistas e musicais de grande sucesso, tais como Giroflé-Giroflá (1876), A Moira de Silves (1891), da autoria de José Lorjó Tavares, Dona Juanita de Franz von Suppé, Duetto da Africana (1892), Festim do Balthazar (1892), O Burro do Sr. Alcaide (1892), escrito por D. João da Câmara e Gervásio Lobato, com música do maestro Ciríaco Cardoso, Gata Borralheira (1896) de António de Sousa Bastos, A Cigarra (1896) de Machado Correia, O Cão do Regimento (1906), realizada no Teatro Apolo,[13] O Sacrifício de Abrahão (1911), da autoria de D. João de Castro, Nicolino Milano e música da Editora Sassetti, Gato Preto, Fada de Amor, Das Fürstenkind (1911)[14] de Franz Lehár e Princesa dos Dollars (1912).[15][16][17][18]

Era mãe de Alfredo Barros e avó da cantora Raquel Adelaide Barros. Já retirada do teatro, Amélia Barros falece a 9 de janeiro de 1929, aos 86 anos, no rés-do-chão do número 123 da Avenida João Crisóstomo, freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, de causas naturais, sendo sepultada em jazigo, no Cemitério dos Prazeres.[6][19]

Referências

  1. Gonçalves, Augusto de Freitas Lopes (1982). Dicionario histórico e literário do teatro no Brasil. [S.l.]: Livraria Editora Cátedra 
  2. a b Bastos, Antonio Sousa (1908). Diccionario do theatro portuguez. [S.l.]: Imprensa Libanio da Silva 
  3. «CETbase: Ficha de Amélia Barros». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  4. «Livro de registo de baptismos da Paróquia da Pena (1840 a 1847)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 55 
  5. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Santa Isabel (1853 a 1859)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 151 verso-152 
  6. a b c d Esteves, João; Castro, Zélia Osório de (dezembro de 2013). «Feminae: Dicionário Contemporâneo». Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género 
  7. Madureira, Joaquim (1905). Impressões de theatro (cartas a um provinciano & notas sobre o joelho) 1903-1904. [S.l.]: Ferreira & Oliveira, l.da 
  8. Filinto, Jayme (1888). A grande catastrophe do Theatro Baquet: narrativa fidedigna do terrivel incendio occorrido em a noite de 20 para 21 de março de 1888, precedida da historia do theatro. [S.l.]: Alcino Aranha 
  9. Povos e culturas. [S.l.]: Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, Universidade Católica Portuguesa. 1988 
  10. Illustração portugueza. [S.l.: s.n.] 1921 
  11. Brasil-Portugal. [S.l.: s.n.] 1914 
  12. Salles, Vicente (1994). Epocas do teatro no Grão-Pará, ou, Apresentação do teatro de época. [S.l.]: Editora Universitária UFPA 
  13. Gazolla Alves Feitosa, Rosane. «Catálogo Temático: A Presença da Literatura Portuguesa no Jornal "A Gazeta de Notícias" (1901 - 1905) | Página 360». Catálogo Literatura Portuguesa 
  14. Ecco artistico. [S.l.]: A. Parreiras. 1911 
  15. O Occidente: revista ilustrada de Portugal et do estrangeiro. [S.l.: s.n.] 1893 
  16. O Occidente: revista ilustrada de Portugal et do estrangeiro. [S.l.: s.n.] 1889 
  17. Ecco artistico. [S.l.]: A. Parreiras. 1913 
  18. Palha, Francisco (1890). Barba azul: opera bevilesca ... [S.l.]: F. Franco 
  19. «Livro de registo de óbitos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (31-12-1928 a 29-04-1929)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 22, assento 43 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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