Amaro Macedo

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Amaro Macedo
Amaro Macedo
Amaro Macedo em 2007
Nascimento 10 de maio de 1914
Campina Verde
Morte 27 de junho de 2014 (100 anos)
Ituiutaba
Nacionalidade brasileiro
Ocupação naturalista, coletor de espécies vegetais dos cerrados do século XX

Amaro Macedo (Campina Verde, 10 de maio de 1914 - Ituiutaba, 27 de junho de 2014) foi um naturalista brasileiro. Foi o maior coletor de espécies vegetais dos cerrados do século XX e entre 1943 e 2007, coletou 6008 espécies. Os exemplares estão espalhados pelos herbários do mundo todo. Várias das espécies que coletou foram descritas como espécies novas, sendo que cerca de 50 delas receberam o nome de Amaro Macedo, como homenagem de botânicos famosos.

Em suas viagens Amaro escrevia relatos, que lembram os de Auguste de Saint-Hilaire: fala das plantas, do meio ambiente, das cidades visitadas, do transporte, dos rios e suas praias, das festas populares, das crendices, das comidas regionais e dos hábitos das pessoas.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Amaro Macedo é filho de Otávio Macedo, um fazendeiro do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais e de dona Maria da Glória Chaves Macedo. É casado com Célia Duarte Macedo e pai de quatro filhas: Regina, Marília, Beatriz e Maria do Carmo.

Fez o curso primário em Ituiutaba e o ginasial em Campanha, MG. Formou-se como Técnico Agrícola na Escola Superior de Viçosa, hoje Universidade Federal de Viçosa, MG. Quando se preparava para o vestibular para o Curso de Agronomia, foi chamado por seu cunhado Álvaro Brandão de Andrade, para lecionar no curso primário no Instituto Marden, que Álvaro acabara de fundar em Ituiutaba. Isto aconteceu em 1935. Logo passou a dar aulas de matemática, ciências e desenho geométrico no curso ginasial do mesmo Instituto. Com a criação do Curso de Comércio passou a ser professor de estatística. Era o substituto de Álvaro quando assumia a direção do Instituto. Nesta cidade passou também a lecionar ciências e matemática no Colégio Santa Tereza. Como professor de Ciências Naturais começou a ensinar o nome científico das plantas do dia-a-dia, como arroz e feijão. No entanto, os alunos, filhos de fazendeiros, começaram a querer saber o nome latino de plantas que ocorriam em suas fazendas. Ele não sabia e começou a estudar e a dar aulas de campo.

Começou assim seu interesse pela Botânica e pelo Meio Ambiente. Com muito empenho começou a pedir ajuda a botânicos famosos na época e pouco a pouco aprendeu a coletar e a preparar com esmero seus espécimes botânicos. Em geral era um solitário naturalista. As plantas foram coletadas, em sua maioria, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro. Coletou em Natividade, Porto Nacional e Filadélfia, que na época pertenciam ao estado de Goiás e hoje fazem parte do estado de Tocantins.

A primeira planta coletada foi Roupala tomentosa Pohl., em 03 de maio de 1943, em Ituiutaba. Durante as viagens, sempre escrevia relatos pormenorizados, falando de plantas, mas comentando o meio ambiente, o povo, as cidades em formação, os meio de transportes, as condições de vida, a culinária, os costumes das gentes, as festas típicas. Quando se aposentou iniciou uma nova vida como fazendeiro, mas continuou a coletar as plantas dos cerrados. Um dia, coletando plantas na fazenda, foi atingido no olho esquerdo por um galho de “unha-de-cabrito”, Bauhinia bongardi Steud. – ficou totalmente cego desse olho, mas não parou de trabalhar.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Graças aos serviços prestados à Botânica e divulgação da flora do Brasil foi homenageado pelo British Museum of Natural History, de Londres, Inglaterra. Em 1958, foi agraciado pelo governo do Brasil, com a Medalha Mérito Dom João VI, pelos serviços prestados ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Intercâmbio com botânicos[editar | editar código-fonte]

Aprendeu e manteve um intercâmbio muito ativo com botânicos brasileiros como Franco de Toledo, Oswaldo Handro, Frederico Carlos Hoehne, Graziela Maciel Barroso, Carlos de Toledo Rizzini e Alexandre Curt Brade, Guido Frederico João Pabst, Gil Martins Felippe, Lúcia Rossi e João Aguiar Nogueira Batista, para citar apenas alguns. Teve intercâmbio intenso com botânicos estrangeiros como Carlos M.D.E. Legrand, do Uruguai; Lorenzo R. Parodi e Arturo E. Burkart, da Argentina; Harold N. Moldenke, Richard Sumner Cowan, Robert E. Woodson Jr., Conrad V. Morton, Jason R. Swallen e Lyman B. Smith, dos Estados Unidos; Noel Y. Sandwith, da Inglaterra; Joseph V. Monachino, da Itália, radicado nos Estados Unidos; Erik Asplund, da Suécia.

Plantas coletadas[editar | editar código-fonte]

Exemplares (exsicatas) das plantas coletadas por ele estão espalhadas pelos herbários do Brasil e do exterior. Só para o herbário do Instituto de Botânica de São Paulo - IBt doou em 1963 um total de 1723 exsicatas. Entre 1943 e 2007 coletou 6008 espécies. Muitas das plantas coletadas são espécies novas, algumas delas foram dedicadas a ele por botânicos famosos.

Espécies novas coletadas por Amaro Macedo[editar | editar código-fonte]

Família Acanthaceae

Amphiscopia grandis Rizzini

Chaetothylax erenthemanthus Rizzini

Chaetothylax tocantinus var longispicus Rizzini

Hygrophila humistrata Rizzini

Lophothecium paniculatum Rizzini

Ruellia capitata Rizzini

Ruellia rufipila Rizzini

Família Amaryllidaceae

Amaryllis minasgerais H.P. Traub

Família Asclepiadaceae

Ditassa maranhensis Fontella & C. Valente

Família Bignoniaceae

Distictella dasytricha Sandwith

Família Bromeliaceae

Bromelia interior L.B. Smith

Família Compositae

Gochnatia barrosii Cabrera

Tricogonia atenuata G.M.Barroso

Família Connaraceae

Rourea psammophila E. Forero

Família Gramineae

Luziola divergens J.R. Swallen

Olyra taquara Swallen

Panicum pirineosense Swallen

Paspalum crispulum Swallen

Paspalum fessum Swallen

Paspalum formosum Swallen

Paspalum latipes Swallen

Paspalum pallens Swallen

Sporobolus hians van Schaack

Família Labiatae

Hyptis argentea Epling & Mathias

Salvia expansa Epling

Família Liliaceae

Herreria latifolia Woodson

Família Melastomataceae

Rhynchanthera philadelphensis Brade

Família Velloziaceae

Vellozia hypoxoides L.B. Smith

Espécies novas homenageando Amaro Macedo[editar | editar código-fonte]

Algumas espécies novas receberam, de botânicos famosos que as estudaram, o nome de Amaro Macedo como homenagem:

Acanthaceae

Sericographis macedoana Rizzini — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 8; 357, 1948

Aspidiaceae

Polybotrya macedoi Brade — Bradea l: 24, 1969

Bromeliaceae

Bromelia macedoi L.B.Sm. — Buli. Bromeliad Soe. 8: 12, 1958

Dyckia macedoi L.B.Sm. — Arch. Bot. São Paulo n. ser. 2: 195, 1952

Compositae

Mikania macedoi G.M.Barroso — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 16: 247, 1959

Vernonia macedoi G.M.Barroso — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 13: 9, 1954

Wedelia macedoi H.Rob. — Phytologia 55:396, 1984

Convolvulaceae

Ipomoea macedoi Hoehne — Arq. Bot. Estado São Paulo n s. 2: 110, 1950

Dryopteridaceae

Polybotrya macedoi Brade — Bradea l: 24, 1969

Gramineae

Paspatum macedoi Swallen — Phytologia 14: 377, 1967

Lauraceae

Aiouea macedoana Vattimo-Gil — Anais 15 Congr. Soc. Bot. Brasil 168, 1967

Leguminosae-Caesalpinioideae

Cassia macedoi H.S.Irwin &. Barneby — Mem. New York Bot. Gard, 30; 136,1978

Chamaecrista macedoi (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby — Mem. New York Bot. Gard. 35: 654,1982

Leguminosae-Mimosoideae

Mimosa macedoana Burkart — Darwiniana 13: 389,1964

Leguminosae-Papilionoideae

Arachis macedoi Krapov. & W.C.Greg. — Bonplandia (Corrientes) 8: 55, 1994

Harpalyce macedoi R.S.Cowan — Brittonia 10: 31,1958

Malpighiaceae

Banisteriopsis macedoana L.B.Sm. — J. Wash. Acad. Sci. 45: 198, 1955

Stigmaphyllon macedoanum C. E. Anderson — Contr. Univ. Michigan Herb. 17: 10, 1990

Malvaceae

Peltaea macedoi Krapov. & Cristobal —Kurtziana 2:196, 1965

Melastomataceae

Macairea macedoi Brade — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 16: 31, 1959

Microlicía amaroi Brade — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 16:29, 1959

Microlicia macedoi L.B.Sm. & Wurdack — J. Wash. Acad. Sci. 45: 200, 1955

Tococa macedoi Brade — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 16: 32, 1959

Myrtaceae

Eugenia macedoi Mattos & D.Legrand — Loefgrenia 67: 24,1975

Hexachlamys macedoi D.Legrand — Loefgrenia 55: l, 1972

Marlierea macedoi D.Legrand —Bot. Mus.Hist. Nat. Montevideo, 3: 27, 1962

Psidium macedoi Kausel — Lilloa 33: 108, 1971 (publ.1972)

Ochnaceae

Luxemburgia macedoi Dwyer — J. Wash. Acad. Sci. 45: 198, 1955

Onagraceae

Pelozia macedoi Krapov. & Cristóbal — Kurtziana 2: 196, 1965

Opiliaceae

Agonandra macedoi Toledo — Arch. Bot. São Paulo n.s. 3:13, 1952

Orchidaceae

Cyrtopodium macedoi J.A.N.Bat. & Bianch. — Novon l6: 17, 2006

Piperaceae

Peperomia macedoana Yunck. — Bol. Inst. Bot. (São Paulo) 3:189, 1966

Piper macedoi Yunck. — Boi. Inst. Bot. (São Paulo) 3: 51, 1966

Polypodiaceae

Pecluma macedoi (Brade) M.KessIer &. A.R.Sm. — Candollea 60: 281, 2005

Polypodium macedoi Brade — Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 11: 30, 1951

Rubiaceae

Galianthe macedoi E.L.Cabral — Bonplandia (Corrientes) 10:121, 2000

Rutaceae

Teclea macedoi Exell & Mendonça — Garcia de Orta. Ser. Bot. l: 93, 1973

Vepris macedoi (Exell &. Mendonça) W.Mziray —Symb. Bot. Upsal. 30: 73, 1992

Velloziaceae

Vellozia macedonis Woodson— Ann. Missouri Bot. Gard. 37: 398, 1950

Verbenaceae

Lippia macedoi Moldenke — Phytologia 6: 327, 1958

Stachytarpheta macedoi Moldenke — Phytologia 3: 276, 1950

Viscaceae

Phoradendron macedonis Rizzini — Rodriguesia 18-19: 163, 1956

Referências[editar | editar código-fonte]