Ambaçá ibne Ixaque Aldabi

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Ambaçá ibne Ixaque
Morte século IX
Nacionalidade Califado Abássida
Etnia árabe
Ocupação Oficial
Religião Islamismo

'Ambaçá ibne Ixaque Aldabi (em árabe: عنبسة بن اسحاق الضبي; romaniz.:Anbasah ibn Ishaq al-Dabbi; lit. Ambaçá, filho de Ixaque Aldabe; m. c. 860)[1] foi um governador provincial do Califado Abássida no século IX, servindo como governador de Raca (833),[2] Sinde (ca. dos anos 840) e Egito (r. 852–856). Ele foi o último árabe a manter o governo do Egito sob os califas abássidas, com seus sucessores sendo turcos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Governo de Sinde[editar | editar código-fonte]

Dinar de ouro de Aluatique (r. 842–847)

O herdeiro de uma família árabe originária de Baçorá, Ambaçá foi nomeado para ser governador residente de Sinde pelo oficial turco Itaque, que recebeu a administração da província do califa. Para as datas do governo de Ambaçá, os historiadores Iacubi e Baladuri fornecem informação variada. Iacubi alega que foi nomeado por Itaque durante o califado de Aluatique (r. 842–847) e permaneceu governador por nove anos, antes de deixar seu posto e retorno ao Iraque após a queda de Itaque em 849.[3] Baladuri, por outro lado, alega que foi governador durante o reinado de Almotácime (r. 833–842).[4]

Pelo tempo de sua nomeação, Sinde estava em estado de desordem, e seu governador anterior Imerane ibne Muça Barmaqui foi morto durante lutas internas entre os árabes locais. Quando Ambaçá chegou à província, contudo, muitos dos notáveis submeteram-se de bom grado, e ele foi posterior capaz de pacificar a região.[5] Durante sua administração em Sinde, Ambaçá derrubou a torre duma estupa em Debal e converteu-a numa prisão. Ele também levou as pedras oriundas da demolição e começou um projeto para reconstruir Debal, mas foi demitido do governo antes de concluir seu trabalho.[4]

Governo do Egito[editar | editar código-fonte]

Dinar de ouro de Mutavaquil (r. 847–861)
Dirrã de Almontacir (r. 861–862)

Em 852, Ambaçá foi nomeado como governador residente do Egito com autoridade sobre a segurança e os sacerdotes, bem como o controle conjunto com o oficial financeiro local sobre as taxas (caraje). A nomeação foi dada a ele pelo príncipe abássida Almontacir, que havia concedido a província como parte dos acordos de sucessão de Mutavaquil (r. 847–861).[6][7][8] Enquanto governador, Ambaçá trabalhou para reduzir os abusos dos coletores de impostos e construiu uma nova almoçala em Fostate, e o historiador egípcio Alquindi considerou-o como um administrador justo e devoto.[9] Ele também foi responsável por executar os decretos anti-dhimmi de Mutavaquil, e adicionalmente baniu a exibição pública de símbolos cristãos e o consumo de vinho.[10]

Em 853, os bizantinos lançaram um ataque surpresa contra Damieta, destruindo-a e tomando grande número de cativos. A cidade estava indefesa naquele tempo, pois Ambaçá havia convocado os soldados locais para Fostate para celebrar o Dia de Arafá. No rescaldo da invasão, Ambaçá recebeu ordens de Mutavaquil para construir fortificações em torno de Damieta para protegê-la de futuros ataques, com a construção iniciando no ano seguinte.[11][12][13]

Ao sul, os bejas deixaram de pagar o tributo costumeiro e em 855, eles começaram a atacar as bordas do território muçulmano, causando várias baixas. Estas atividades levaram Mutavaquil a organizar uma expedição punitiva, e Ambaçá foi instruído a fornecer todas as tropas disponíveis para a campanha. Apesar da natural dificuldade do terreno, o exército muçulmano obrigou os bejas a pedirem a paz, e o chefe deles concordou em viajar para Samarra e fazer uma submissão pessoal ao califa.[14][a]

Em 855, a administração de Ambaçá sobre as taxas foi revogada, deixando-o a cargo apenas da segurança e dos sacerdotes. No ano seguinte, foi demitido do governo e substituído por Iázide ibne Abedalá, um oficial turco, e retornou ao Iraque em torno do final de 858. Alquindi nota que Ambaçá foi o último árabe a servir como governador, bem como o último a liderar o povo nas súplicas da sexta-feira; dali em diante o governo foi dado aos turcos, posteriormente levando à fundação do Reino Tulúnida em 868.[15]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Atabari observa que o comandante desta expedição foi Maomé ibne Abedalá al-Cumi, que é também mencionado por Alquindi como sendo o nomeado de Ambaçá para chefiar a xurta do Egito.[6]

Referências

  1. Almaçudi 1873, p. 289.
  2. Atabari 1985–2007, v. 32: p. 222.
  3. Iacubi 1883, p. 593.
  4. a b Baladuri 1924, p. 218.
  5. Iacubi 1883, p. 585.
  6. a b Al-Kindi 1912, p. 200.
  7. Iacubi 1883, p. 595, 596.
  8. Atabari 1985–2007, v. 34: p. 96.
  9. Alquindi 1912, p. 200-202.
  10. Swanson 2010, p. 34.
  11. Alquindi 1912, p. 201-202.
  12. Iacubi 1883, p. 596-97.
  13. Atabari 1985–2007, v. 34: pp. 124-27.
  14. Atabari 1985–2007, v. 34: pp. 140-45.
  15. Alquindi 1912, p. 202 & ff..

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Baladuri, Amade ibne Jabir (1924). Francis Clark Murgotten, ed. The Origins of the Islamic State, Part II. Nova Iorque: Columbia University 
  • Alquindi, Maomé ibne Iúçufe (1912). Guest, Rhuvon, ed. The Governors and Judges of Egypt. Leida e Londres: E. J. Brill 
  • Almaçudi, Ali ibne Huceine (1873). Charles Barbier de Meynard; Abel Pavet de Courteille, ed. Les Prairies D'Or, Tome Septieme. Paris: Imprensa Nacional 
  • Swanson, Mark N. (2010). The Coptic Papacy in Islamic Egypt, 641-1517. Cairo: The American University in Cairo Press. ISBN 978-977-416-093-6