Ana Lucia Araujo

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Ana Lucia Araujo
Ana Lucia Araujo
Nascimento
Brasil
Nacionalidade brasileira, americana
Ocupação historiadora, professora e escritora

Ana Lúcia Araujo é uma historiadora e autora americana, de origem brasileira, residente nos Estados Unidos. Seu trabalho de pesquisa examina a história transnacional da escravidão, assim como a memória pública, o patrimônio e a cultura visual da escravidão e do comércio atlântico de escravos. Graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1995, obteve mestrado em história do Brasil da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em 1997. Em 2004, obteve doutorado em história da arte da Université Laval (Canadá) e em 2007 obteve um doutorado conjunto em história e em antropologia social e histórica da Université Laval (Canadá) e da École des Hautes Études en Sciences Sociales (França). Em 2008, passou a lecionar na Howard University, universidade historicamente negra na cidade de Washington, Distrito de Columbia, nos Estados Unidos, onde em 2014, se tornou professora titular. Desde 2017, Araujo é integrante do comitê científico international do projeto A Rota do Escravo da UNESCO.

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

Ana Lucia Araujo pesquisa a história e a memória pública da escravidão no mundo atlântico.[1] Seu primeiro livro, Romantisme tropical: l'aventure d'un peintre français au Brésil, publicado em francês, explora como os relatos de viagem franceses, especialmente o relato do artista francês François-Auguste Biard (1799-1882), Deux années au Brésil, contribuíram para a construção da imagem Brasil na Europa. Em 2015, uma versão revisada e expandida do livro foi publicada em inglês. Brazil Through French Eyes: A Nineteenth-Century Artist in the Tropics. A versão em português desse livro foi publicada sob o título Romantismo tropical: Um pintor francês no Brasil pela Editora da Universidade de São Paulo em 2017.[2]

Ele é autora de vários livros sobre a história e a memória da escravidão, como Public Memory of Slavery: Victims and Perpetrators in the Atlantic World (2010) Shadows of the Slave Past: Memory, Slavery, and Heritage (2014). Seu livro Public Memory of Slavery (2010) explora as relações históricas entre o Brasil (Bahia) e o antigo reino do Daomé (República do Benim) durante a era do comércio atlântico de escravos e como nessas duas regiões atores sociais tem investido num processo de lembrar e comemorar os tempos da escravidão, desenvolvendo assim identidades através da construção de monumentos, memoriais e museus.[3][4] No seu segundo livro Shadows of the Slave Past (2014), Ana Lucia Araujo continua examinando os processos de patrimonialização da escravidão e do comércio atlântico de escravos nas Américas, dessa vez num estudo comparativo privilegiando o Brasil e os Estados Unidos.[5]

Seu livro Reparations for Slavery and the Slave Trade: A Transnational and Comparative History (Reparações pela escravidão e pelo comércio de escravizados: Uma história transnacional e comparativa) explora a histórias dos pedidos de reparação financeira e material pela escravidão e o comércio de escravizados no mundo atlântico.[6][7] Em seu livro Slavery in the Age of Memory: Engaging the Past (Escravidão na Idade da Memória: Engajando o passado) ela discute as controvérsias relativas à construção e remoção de monumentos em homenagem a mercadores de escravos e proprietários de escravos e também como a escravidão é representada nas plantações dos presidentes dos Estados Unidos George Washington's e Thomas Jefferson.[8]

Araujo frequentemente intervém nos debates públicos discutindo a remoção de monumentos pró-escravagistas nos Estados Unidos, Brasil, França e Inglaterra, argumentando que suas remoções não apagam a história, mas são expressões das batalhas da memória pública. Ela destaca que a queda desses monumentos é uma tendência mundial.[9][10][11] Seu trabalho abordando a queda de monumentos pró-escravidão nos Estados Unidos, Inglaterra e França, tem recebido destaque em artigos do New York Times, BBC News, Folha de São Paulo, O Globo, Washington Post, Le Monde, Radio Canada, Radio France, O Público, National Geographic e outros meios de comunicação ao redor do mundo.[12] Ela também assinou artigos sobre o assunto no Washington Post, History News Network, Newsweek e Intercept Brasil, após os protestos que explodiram depois do assassinato de George Floyd em maio de 2020.[13] [14]

Obras[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

Livros

Referências

  1. «Ana Lucia Araujo, Howard University». Consultado em 24 de agosto de 2021 
  2. «Livro mostra o "romantismo tropical" do Brasil do século 19». Jornal da USP. 6 de outubro de 2017. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  3. «Felipe van Deursen - Um monumento em memória de quem foi escravizado, e não de quem escravizou». terraavista.blogosfera.uol.com.br. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  4. «Museus levam Benim a discutir papel na escravidão». O Globo. 4 de fevereiro de 2018. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  5. «Shadows of the Slave Past: Memory, Heritage, and Slavery». Routledge & CRC Press (em inglês). Consultado em 24 de agosto de 2021 
  6. de 2019, Ana Lucia AraujoAna Lucia Araujo19 de Fevereiro; 3h01. «Sabe quem foi indenizado pelo fim da escravidão?». The Intercept Brasil. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  7. «Como o debate sobre reparações pela escravidão voltou a ganhar força nos EUA». BBC News Brasil. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  8. «Racial awareness and reassessing public art in Europe». Harvard Gazette (em inglês). 26 de outubro de 2020. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  9. «Quem foi Joaquim Pereira Marinho, o traficante de escravos que virou estátua na capital mais negra do Brasil». BBC News Brasil. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  10. «Estátuas derrubadas pelo mundo incendeiam debate sobre a falta de inclusão na História». O Globo. 14 de junho de 2020. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  11. «Projetos de lei propõem a retirada de símbolos escravagistas pelo país». Folha de S.Paulo. 31 de julho de 2021. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  12. «As monuments fall, how does the world reckon with a racist past?». History (em inglês). 29 de junho de 2020. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  13. «Perspective | Toppling monuments is a global movement. And it works.». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  14. de 2019, Ana Lucia AraujoAna Lucia Araujo4 de Junho; 3h05. «Dandara e Luísa Mahin não são reais». The Intercept Brasil. Consultado em 24 de agosto de 2021 
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