André de Longjumeau

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André de Longjumeau
André de Longjumeau
André de Longjumeau entrega a São Luís, a Coroa de espinhos, vitral na igreja Saint-Martin em Longjumeau
Nascimento século XIII
Morte século XIII
Cidadania França
Ocupação explorador, diplomata, missionário
Religião catolicismo

André de Longjumeau (Longumeau, Lonjumel, etc.) foi um missionário dominicano francês e um dos diplomatas ocidentais mais ativos no Oriente no século XIII. Chefiou duas embaixadas ao território mongol: a primeira encarregada das cartas do Papa Inocêncio IV e a segunda dos presentes e cartas de Luís IX de França para Guiuque Cã. Bem familiarizado com o Oriente Médio, tinha domínio da língua árabe e "caldeia" (talvez fosse siríaca ou persa).[1]

Missão pela Santa Coroa de Espinhos[editar | editar código-fonte]

A primeira missão de André no Oriente ocorreu quando o rei francês Luís IX o incumbiu de buscar a Coroa de Espinhos que lhe havia vendido o imperador latino de Constantinopla, Balduíno II, em 1238, que estava ansioso para obter apoio para o seu império cambaleante.[1] André foi acompanhado nesta missão pelo irmão Guilherme.

Missão papal junto aos mongóis (1245–1247)[editar | editar código-fonte]

André de Longjumeau liderou uma das quatro missões enviadas aos mongóis pelo Papa Inocêncio IV. Partiu de Lyon na primavera de 1245 em direção ao Levante.[2] Visitou os principados muçulmanos na Síria e representantes das igrejas nestoriana e jacobita na Pérsia, finalmente, entregou a correspondência papal a um general mongol perto de Tabriz.[3] Em Tabriz, André de Longjumeau reuniu-se com um monge do Extremo Oriente, chamado Simeão Rábano Ata, que tinha sido encarregado pelo de proteger os cristãos no Oriente Médio.[4]

Segunda missão junto aos mongóis (1249–1251)[editar | editar código-fonte]

André foi a Constantinopla para buscar a Coroa de Espinhos comprada por Luís IX junto a Balduíno II. Ela está preservada atualmente em um relicário do século XIX, na Catedral de Notre-Dame de Paris

No acampamento mongol próximo à cidade de Cars, André conheceu um certo Davi, que em dezembro de 1248 compareceu à corte do rei Luís IX de França em Chipre. André, que já estava com Luís, traduziu a mensagem de Davi para o rei, uma oferta real ou pretensa de aliança do general mongol Eljiguidei, e uma proposta de um ataque conjunto contra as forças islâmicas na Síria. Em resposta a isso, o soberano francês despachou André como seu embaixador para se encontrar com Guiuque Cã; com Longjumeau foi seu irmão Guilherme (também um dominicano) e vários outros - João Goderiche, João de Carcassona, Herberto "Le Sommelier," Gerberto de Sens, Roberto (um escriturário), certo Guilherme, e um escriturário não identificado de Poissy.[5]

O pequeno destacamento partiu em 27 de janeiro de 1249, com cartas do rei Luís e do legado papal, e ricos presentes, incluindo uma tenda que serviria de capela, forrada com um pano vermelho e bordada com imagens sagradas. De Chipre eles foram para o porto de Antioquia, na Síria, e de lá viajaram por um ano até chegarem à corte do , fazendo dez léguas (55,56 quilômetros) por dia. Sua rota os levou através da Pérsia, ao longo das margens sul e leste do mar Cáspio e, certamente, através de Talas, a nordeste de Tasquente.[5]

Na chegada à suprema corte mongol - aquela do rio Emil (perto do lago Alakol e da fronteira atual russo-chinesa nas montanhas Altai), ou mais provavelmente em, ou perto de Caracórum, a sudoeste do lago Baical - André encontrou Guiuque Cã morto, envenenado, como supôs o enviado, por agentes de Batu Cã. A mãe-regente Ogul Caimis (o "Camus" de Guilherme de Rubruquis) parece tê-lo recebido e dispensado com presentes e uma carta de desprezo para Luís IX. Mas é certo que bem antes do que desejava o frade, o "tártaro" Mangu Cã, sucessor Guiuque, havia sido eleito.[6]

O relatório de André para seu soberano, a quem ele se juntou em 1251 em Cesareia na Palestina, parece ter sido uma mistura de história e fábula; esta última afeta sua narrativa no que diz respeito ao surgimento do poder mongol, e às lutas de seu líder Gêngis Cã contra Preste João; é ainda mais evidente na posição atribuída à terra natal dos mongóis, próximo à prisão de Gogue e Magogue. Por outro lado, o relato do enviado com relação aos costumes mongóis é bastante preciso, e suas declarações sobre o cristianismo entre os mongóis e seu progresso, embora talvez exagerado (por exemplo, para as 800 capelas sobre rodas nas tribos nômades), são baseados em fatos.[7]

Montes de ossos marcavam seu caminho, testemunhos da devastação que outros historiadores registram em detalhes. Encontrou prisioneiros cristãos da Alemanha, no coração da "Tartária" (em Talas), e foi obrigado a assistir à cerimônia de passagem entre duas fogueiras, como um portador de presentes para um morto , presentes que eram, naturalmente, vistos pelos mongóis como prova de submissão. Este comportamento insultuoso, e a linguagem da carta com que André reapareceu, marcou o fracasso de sua missão: o rei Luís, conta João de Joinville, "se repenti fort" ("fiquei muito triste").[7]

Morte[editar | editar código-fonte]

A data e o local da morte de André são desconhecidos.[8]

Só conhecemos André por meio de referências de outros escritores: ver especialmente Guilherme de Rubruck em Recueil de voyages, iv. (Paris, 1839), pp. 261, 265, 279, 296, 310, 353, 363, 370; Joinville, ed. Francisque Michel (1858, etc.), pp. 142, etc .; Jean Pierre Sarrasin, no mesmo volume, pp. 254–235; Guilherme de Nangis em Recueil des historiens des Gaules, xx. 359–367; Carlos de Rémusat, Mémoires sur lesrelations politiques des princes chrétiens… avec les… Mongols (1822, etc.), p. 52.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Roux 1985, p. 96
  2. Gregory G. Guzman, "Simon of Saint-Quentin and the Dominican Mission to the Mongol Baiju: A Reappraisal" Speculum, Vol. 46, No. 2. (Abril, 1971), p. 235.
  3. Igor de Rachewiltz, Papal Envoys to the Great Khans (Stanford University Press, 1971), p. 113.
  4. Richard, p. 376.
  5. a b Beazley 1911, p. 972.
  6. Beazley 1911, pp. 972–973.
  7. a b c Beazley 1911, p. 973.
  8. Dorcy, Sr. Mary Jean (24 de novembro de 1990). St. Dominic's Family: Over 300 Famous Dominicans. [S.l.]: TAN Books. p. 62. ISBN 9781505103465. Consultado em 2 de outubro de 2020 

Fontes[editar | editar código-fonte]