António Castanheira de Moura

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António Castanheira de Moura
Nascimento abril de 1865
Morte 22 de dezembro de 1952
Ocupação jornalista

António Castanheira de Moura (Vila Seca, Ázere, Tábua, 5 de Abril de 1865Lumiar, Lisboa, 22 de Novembro de 1952) foi um comerciante e grande industrial da panificação ou de padaria, maçon e espírita português.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu a 5 de abril de 1865, no lugar de Vila Seca, freguesia de Ázere, município de Tábua, tendo sido batizado a 15 de abril de 1865, como filho de João José, proprietário, e de Maria da Glória, naturais e moradores em Vila Seca. Era neto paterno de João José Castanheira - de quem tomou o apelido Castanheira -, trabalhador, e de Isabel Castanheira, e neto materno de Manuel Nunes e Maria Joaquina, proprietários. Foram padrinhos os proprietários António Francisco Dinis e Isabel de Moura, de quem tomou o apelido Moura, residentes na freguesia de Espariz, Tábua.[3]

Muito novo ainda, veio para Lisboa, onde chegou em 1873, se estabeleceu,[4] e iniciou uma vida de trabalho humilde e árdua. Mas, inteligente e empreendedor, em breve se estabeleceu com uma padaria modesta no Alto da Palmeira, donde se mudou para a Rua D. Pedro V, na esquina da Rua da Rosa, instalando, aqui, uma padaria modelar, que, na época, fez sensação em Lisboa, sendo a primeira da capital. A breve trecho abria sucursais em toda a Lisboa. Voltou, então, as suas vistas para a indústria da panificação em grosso, nessa época instalada mal e anti-higienicamente em pequenas casas produtoras, e fundou a Companhia de Panificação Lisbonense,[2] que logo englobou 246 estabelecimentos de produção e venda, e a cujo Conselho de Administração presidiu durante 18 anos, dotando Lisboa de realizações fabris e comerciais de tipo ultra-moderno, contribuindo notavelmente para o avanço técnico e higiénico no fabrico e venda das massas, pão e bolos.[2] Entre outras fábricas de pão, deve destacar-se a que foi instalada na antiga Rua de São João dos Bem Casados, na esquina para a Rua de Campo de Ourique, onde a elaboração era inteiramente mecânica, e que teve tal fama na capital que, desaparecida depois a fábrica, ficou o local conhecido na toponímia citadina por Panificação. Ainda foi o grande impulsionador de modernas fábricas de pastelaria e da poderosa Sociedade de Padarias, L.da,[2] que deixou de dirigir pela sua avançada idade.[1]

Constituiu família e fixou residência ao Lumiar, na Estrada da Torre, onde abriu restaurante, conhecido pelos jardins e sessões de cinema ao ar livre, e palco de alguns acontecimentos da crise académica de 1962, e também uma fábrica de farinha. Nos terrenos circundantes ao restaurante, também propriedade da família Castanheira, foi construído o bairro da Cruz Vermelha. O edifício do restaurante foi demolido em 2010 para dar lugar à loja de uma cadeia de supermercados.[4][5]

Em data desconhecida de 1910 foi iniciado na Maçonaria na Loja Irradiação, em Lisboa, afecta ao Grande Oriente Lusitano Unido, com nome simbólico desconhecido.[2]

Foi um dos fundadores da Federação Espírita Portuguesa (FEP) em 1926, tendo escrito artigos para os periódicos espíritas da época, nomeadamente a "Revista de Espiritismo", a "Revista de Metapsicologia" e ainda a revista Além, da Sociedade Portuense de Investigações Psíquicas.

Em 1950, devido a divergências com o então Corpo Diretivo da FEP, foi um dos que assinaram a carta dirigida a todos os espíritas portugueses, pedindo-lhes a comparência à Assembleia Geral. Nesta, foi eleito vice-presidente da instituição. A partir de Janeiro de 1953, e por motivo de demissão do Dr. António Eduardo Lobo Vilela, passou a gerir os destinos da FEP.

Assinou e incentivou a criação do "Laboratório de Experiências Metapsíquicas" da FEP, para cuja criação foi necessária a alteração dos Estatutos da instituição em 1953. Em Novembro daquele ano, e aproveitando aquela alteração estatutária, o Estado Novo Português considerou a FEP ilegal e decretou o seu encerramento.

Manteve-se na Direcção da instituição até depois do encerramento das suas portas, ficando como seu fiel depositário.

Morreu a 22 de novembro de 1952, em sua casa, na Estrada da Torre, 83, freguesia do Lumiar, em Lisboa, vítima de trombose cerebral, aos 87 anos.[6]

Referências e Notas

  1. a b Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 18. 162 
  2. a b c d e António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques. Dicionário de Maçonaria Portuguesa. [S.l.: s.n.] pp. Volume II. Coluna 1007 
  3. «Livro de registo de batismos da Paróquia de Ázere (Tábua) - 1865». pesquisa.auc.uc.pt/. Arquivo Distrital de Coimbra. p. 5v-6, assento 16 
  4. a b "O industrial António Castanheira de Moura dá uma festa na sua propriedade do Lumiar, para celebrar o 32.º aniversário da sua chegada a Lisboa, bem como as melhoras da sua mulher e do sogro, que tinham estado doentes.". in "Illustração Portugueza", n.º 467, 1 de Fevereiro de 1915, p. 9.
  5. «Restaurante Esplanada "Castanheira"». cinemasparaiso.blogspot.com. 7 de dezembro de 2020. Consultado em 16 de outubro de 2023 
  6. «Livro de registo de óbitos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa - 01-11-1952 a 30-12-1952». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 641, assento 1280 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Vasconcelos, Manuela. Grandes Vultos do Movimento Espírita Português.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]