Antônio Julião da Costa

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Antônio Julião da Costa foi um intelectual, negociante e diplomata português, do século XIX.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Antônio Julião da Costa era natural de Lisboa, filho de Francisco da Costa Nogueira e Honorata Maria Joaquina da Costa. Seu pai era negociante e tinha posses consideráveis. Seguindo os passos do pai, Julião da Costa graduou-se na Aula do Comércio[1] e também se tornou comerciante[2], assim como seus irmãos João Gualberto da Costa e Francisco Galdêncio da Costa[3].

Em Portugal se envolveu no comércio de grosso trato. Importando produtos ingleses já em 1808[4][2]. A sua fortuna, todavia, se deve a sua relação com o solo brasileiro. Junto a seus irmãos ele criou uma sociedade de negócios no Maranhão[5], passando o próprio a residir em São Luís[6]. Voltou a Portugal, em 1810, para adentrar na carreira diplomática, sendo indicado ao cargo de Cônsul-Geral português em Liverpool, Inglaterra[7].

Ficou no cargo até 1833, dedicando-se conjuntamente o comércio, a literatura e a diplomacia. Na área da industria ele ficou famoso por ter sido o primeiro a introduzir a máquina a vapor inglesa em solo português. Esse movimento vem desde de 1817, quando protocolizou um pedido de privilégio exclusivo de 5 anos para criar uma máquina que limpa e descasca arroz[8].

A máquina a vapor se concretizou em 1820, na industria de João Baptista Angela da Costa. Com a interlocução de Julião da Costa a máquina foi comprada. Sabe-se que ela moía cereais, serrava madeira, descascava arroz e fundia ferro[9]. Para essa mesma industria, ele também foi responsável por comprar um barco a vapor, em 1821[10].

O dito navio foi construído por Fawcett, Littledale & Co, e se tornou o primeiro do gênero em Portugal, além de ser o primeiro navio a vapor a atravessar o Golfo de Biscaia[11]. A primazia da máquina a vapor não parou aí. Graças a Julião da Costa, em data próxima a introdução na metrópole, ele também aparece inaugurando a primeira máquina do tipo em solo brasileiro[12][5][10].

Tradução[editar | editar código-fonte]

Antônio Julião da Costa tinha um grande interrese pela literatura. Já em 1804 ele é denunciado pela mesa censória por ler livros proibidos[13]. Esse interesse, todavia, não parou ai, ele acabou se tornando um importante literato e tradutor de livros ingleses, visto que era cônsul na Inglaterra[14].

Por sua posição de destaque a maior parte de suas traduções ocorreu de forma anônima. Há o conhecimento de sua autoria nas seguintes obras:

  • Tractado das Leis relativas a navios mercantes e marinheiros, de Arbot Charles. Essa tradução é a primeira que aparece nos documentos, datado de 1819.
  • O Systema da ley sobre seguros maritimos, de James Allan Park. A tradução foi lançada em 1821[15].
  • O Subalterno, em 1830[16].
  • Journal of a passage from the Pacific to the Atlantic, crossing the Andes in the northern provinces of Peru, and descending the river Marañon, or Amazon, do viajante britânico Henry Lister Maw. A dita obra foi publicada originalmente em 1829 e a tradução foi lançada na cidade de Liverpool em 1831[17].

Ademais, ele também era produtor literário. Sendo correspondente assíduo do jornal literário e instrutor da sociedade propagadora de conhecimento úteis[18] e tendo escrito Observaçoens sobre o augmento do commercio e industria em Portugal offerecidas aos Illm.°s Membros das Associacoens mercantis de Lisboa e Porto por hum Portuguez (1838)[19].

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Aula do Comércio ( ): Primeiro Estabelecimento Governamental de Ensino de Contabilidade - PDF Free Download». docplayer.com.br. Consultado em 19 de julho de 2023 
  2. a b Rodrigues, Lúcia Lima; Gomes, Delfina; Craig, Russell (novembro de 2004). «The Portuguese School of Commerce, 1759-1844: a reflection of the "Enlightenment"». Accounting History (em inglês) (3): 53–71. ISSN 1032-3732. doi:10.1177/103237320400900304. Consultado em 19 de julho de 2023 
  3. Lopes, Antonio (1944). João Gualberto da Costa: Esboço Biográfico. Maranhão: Tipogravura Teixeira 
  4. «Requerimento de Antônio Julião da Costa para licença de importação de produtos ingleses» (PDF). Coleção Linhares, Arquivo Nacional Torre do Tombo. 1808. Consultado em 19 de julho de 2023 
  5. a b «Ementas». historialuso.an.gov.br. Consultado em 19 de julho de 2023 
  6. Cirino, Raissa Gabrielle Vieira (4 de dezembro de 2019). «Pela boa ordem da província e pela glória do império – famílias, estratégias e suas tramas na administração imperial do Maranhão (c. 1750-c.1840)». Consultado em 19 de julho de 2023 
  7. Santos, Guilherme de Paula Costa (2009). A Convenção de 1817: debate político e diplomático sobre o tráfico de escravos durante o governo de D. João no Rio de Janeiro. (PDF). São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. ISBN 978-85-7506-168-8 
  8. Mesquita, José Carlos Vilhenha (novembro de 2005). [MESQUITA, José Carlos Vilhena. Economias dominantes e relações periféricas. A proto-industrialização do Algarve (1810-1852) – ideias síntese. Estudos II, 2005. Disponível em: https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/5557/1/Mesquita_Economias.pdf, acessado em 21 de dezembro de 2022. «Economias dominantes e relações periféricas. A protoindustrialização do Algarve (1810-1852) – ideias síntese.»] Verifique valor |url= (ajuda) (PDF). Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. Estudos. II: 25 - 46. Consultado em 19 de julho de 2023 
  9. Custódio, Jorge (2016). «A fábrica de descasque de arroz da casa cadaval: patrimônio industrial de Muge». Fundação EDP. Salva terra dos magos. 3 (3). Consultado em 19 de julho de 2023 
  10. a b «HISTORIA - PORTO DE LISBOA». sites.google.com. Consultado em 19 de julho de 2023 
  11. «Primeiro Vapor Português». Marinha. Consultado em 19 de julho de 2023 
  12. Martins, Mônica de Souza; Malavota, Leandro Miranda (17 de maio de 2022). «Economia e técnica no contexto da Independência do Brasil». História Econômica & História de Empresas (1): 167–195. ISSN 2525-8184. doi:10.29182/hehe.v25i1.863. Consultado em 19 de julho de 2023 
  13. «Denúncia contra António Julião da Costa - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 19 de julho de 2023 
  14. Silva, Innocencio Francisco da (MDCCCLVIII). Diccionario bibliographico portuguez (PDF). Lisboa: Imprensa Nacional 
  15. «ASF - Biblioteca - Systema da ley sobre seguros maritimos / pelo juiz James Allan Park; traduzido do inglez da septima edição por António Julião da Costa». www.asf.com.pt. Consultado em 19 de julho de 2023 
  16. Cordeiro, José Manuel Lopes (1987). «O Diccionário de Artes e Oficios de Gregorio José de Seixas». Cadernos de arqueología (4): 203–206. ISSN 0870-6425. Consultado em 19 de julho de 2023 
  17. Santos, Tatiana de Lima Pedrosa; Medeiros, Samuel Lucena de; Costa, Walter Carlos (30 de maio de 2022). «UMA TRADUÇÃO A SEIS MÃOS DO CAP. VIII DO JOURNAL OF A PASSAGE FROM THE PACIFIC TO THE ATLANTIC (1829), DE HENRY LISTER MAW». Cadernos de Tradução: 52–64. ISSN 1414-526X. doi:10.5007/2175-7968.2021.e84932. Consultado em 19 de julho de 2023 
  18. «O Panorama, jornal literário e instrutor da sociedade propagadora de conhecimentos úteis» (PDF). Hemeroteca Digital de Lisboa. 1938. Consultado em 19 de julho de 2023 
  19. Matos, Ana Maria Cardoso de (1996). «Sociedades e associações industriais oitocentistas: projectos e acções de divulgação técnica e incentivos à actividade empresarial.» (PDF). Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Lisboa. Análise Social. XXXI: 397 - 412. Consultado em 19 de julho de 2023