Antigo Paço Municipal de Marapanim

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Imóvel do Antigo Paço Municipal de Marapanim
Apresentação
Estatuto patrimonial
bem tombado pelo DPHAC (d) ()Visualizar e editar dados no Wikidata
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Coordenadas
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O Antigo Paço Municipal de Marapanim (também conhecido como Paço Municipal Monsenhor Edmundo Igreja, ou Monsenhor Edmundo Armando Saint'Clair Igreja) é uma edificação histórica na cidade de Marapanim, interior do Pará. Foi consrtuído entre 1890 e 1893, e tombado em nível estadual pelo DPHAC, em 1994.[1]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Depois que o então governador do estado do Pará, Gentil Bittencourt, negou um empréstimo de 25. 000$000 contos de réis, consta que o coronel Diniz Botelho, líder político local, durante seu mandato como intendente municipal, renunciou a um ano de seus rendimentos (no valor de 800$000) para investir o valor nas obras de construção do Paço Municipal, que foram iniciadas em 1890, à Rua da Victória (hoje Rua Diniz Botelho), ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Vitórias.[2][3][4] Além dele, o comerciante Domingos Antonio Pinto custeou as primeiras despesas da obra e o “povo fez doação de tijolos, telhas, cal de sarnambi e casca de ostra.”[2]

"entre os convidados para a cerimônia de inauguração, em 03 de setembro de 1893, estava o governador Lauro Sodré, e comitiva, inclusive repórteres do 'A República'".[3] A edificação foi projetada para a sede do Governo Municipal e servia também para as sessões do júri.[2] Ao longo de sua história, também abrigou os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais, biblioteca, museu e outros espaços sociais do município.[3][5] O edifício ficou abandonado por muito tempo,[4] mas em 2020 se encontrava em obras de restauração para sua adaptação como Centro Cultural de Marapanim.[5]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

O prédio do Antigo Paço Municipal de Marapanim foi construído em estilo eclético, com linhas Neoclássicas.[3] É uma edificação edificação térrea com traços característicos da arquitetura da Primeira República.[4] Apresenta símbolos de diversos ideários: "três barretes frígios [progresso no ideário romano], intercalados por duas estrelas [liberdade no ideário romano], presentes nas janelas frontais, e os leões existentes nas oito janelas da lateral direita do prédio [símbolos de força, de revolução e do Estado]. Encimando o frontispício, [...] o imponente e maternal busto de Marianne" [também conhecida como Palas Atena, República-Mulher ou Efígie da República]; que domina inclusive o único elemento da identidade nacional brasileira que se encontra na edificação: o brasão das armas nacionais.[2][3] Acima dos leões, "um número significativos de Audi, ícone da união, divididos em sete retângulos. Ao que se pode inferir, que os mesmos Audi‟s pretendem representar a união entre os três símbolos aludidos a norte".[2]

Já internamente, no alto de todas as paredes haviam sido gravadas as datas mais célebres da historia municipal e nacional.[3] " datas como 12 de outubro de 1862, de fundação de Marapanim; 4 de março de 1874, elevação à categoria de Vila; e, sem dúvida, 15, 16, e 19 de novembro de 1889, que assinalam a instauração da República brasileira, sua adesão à causa republicana pela Câmara de Belém e pela Câmara de Marapanim, respectivamente".[2] Também havia um busto do padre católico José Maria do Valle, que ocupava lugar de destaque.[2]

O projeto e a execução da edificação são de Martinho Gomes Belfort, membro da comissão diretora do Club Republicano do Pará.[2]

Levantamento cadastral[editar | editar código-fonte]

"O imóvel térreo [de 246,38 metros quadrados de área construída] é composto exteriormente por 24 vãos onde suas portas e janelas de madeira não mais existem. Suas elevações voltadas para a rua carregam [...] a mesma altura (3,67 m), largura (1,25 m) e arco (de volta inteira) para os vãos de portas e janelas, frontão triangular decorado com o símbolo da República, presença do elemento denominado óculo em sua base, balcões corridos entalados nas aberturas, possui como ornamentos pinhas cerâmicas e chaves de arco e almofadas."[4] As paredes mais antigas possuem 30cm de espessura; e as modificadas, 15cm.[4]

Ao longo de sua história, os ambientes internos da edificação receberam "três níveis diferentes camadas tinta, além de uma possível camada de pintura decorativa com motivos florais."[4]

Tombamento[editar | editar código-fonte]

O Antigo Paço Municipal de Marapanim foi tombado em nível estadual pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Estado do Pará (DPHAC), em 1994.[1]

Referências

  1. a b «Marapanim – Antigo Paço Municipal | ipatrimônio». Consultado em 1 de maio de 2023 
  2. a b c d e f g h FERREIRA, Tiago Barros. A interiorização da República: o jogo político no Salgado Paraense durante Primeira República (1888-1903). 2015. Dissertação (Mestrado em História Social da Amazônia) Instituto de Filosofia e Ciências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2015. Acesso em: 01-05-2023.
  3. a b c d e f FERREIRA, Tiago Barros. Construindo uma nação republicana: Marapanim e o processo de formação da identidade nacional brasileira durante a Primeira República (1889 – 1901). XXVII Simpósio Nacional de História (ANPUH) - Conhecimento histórico e diálogo social. 22-26 de julho de 2013, Natal-RN.
  4. a b c d e f RIBEIRO, Ana Elisa do Nascimento. Aplicação dos estudos de arqueologia da arquitetura em edificações históricas: o caso do Palácio Paço Municipal de Marapanim. 2017. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Federal do Pará, Belém, 2017. Acesso em: 01-05-2023.
  5. a b Secult do Pará (30 de junho de 2020). «Terra boa é terra de carimbó, mas nem só deste fazer popular vive Marapanim: esta é terra também de patrimônio material, como o Antigo Paço Municipal». Instagram. Consultado em 1 de maio de 2023