Apoena Meireles

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Apoena Meireles
Ocupação sertanistas

José Apoena Soares Meireles, mais conhecido, simplesmente, como Apoena Meireles (reserva indígena Xavante na Terra indígena Pimentel Barbosa, Mato Grosso, 15 de fevereiro de 1949Porto Velho, 9 de outubro de 2004), foi um importante indigenista brasileiro. Presidiu a FUNAI entre 1985 e 1986.[1][2]

Nascido em uma terra indígena, seu nome "foi uma homenagem prestada pelo pai, Francisco Meireles, a um cacique Xavante que ele conhecera na década de 1940, durante o primeiro contato do homem branco com a tribo Xavante". [3]Apoena conviveu com os índios desde os quatro anos de idade. Seu pai era o sertanista Francisco Furtado Soares de Meirelles (1908–1973), mais conhecido como Francisco Meireles.[4]Assim Apoena Meireles desenvolveu aquela que seria a vocação que o consagraria como um dos maiores indigenistas do país: ele aprendeu a ter paciência, a escutar e a dar opiniões sobre qualquer assunto relacionado ao tema indígena. Para ele "o índio é um ser dotado das mesmas capacidades de desenvolvimento dos não índios". Desde que alcançou a idade de 20 anos, Apoena era listado como sertanista na categoria "A" da FUNAI. [5]

Apoena Meireles recebeu como comenda a Medalha do Mérito Indigenista na categoria Pacificação, durante as comemorações do dia do índio em 1991.[6]

Morte[editar | editar código-fonte]

Apoena Meireles foi assassinado em 2004. Na época, ele era o coordenador-geral de documentação da FUNAI e fora encarregado pelo Governo Federal de estudar a regulamentação da atividade de mineração em terras indígenas.[7]

Não obstante o fato de que dez equipes de policiais civis, militares e federais tenham trabalhado na investigação do assassinato do sertanista Apoena Meirelles, o diretor da Polícia Civil de Rondônia, Carlos Eduardo Ferreira, trabalhou, desde o início, com a hipótese de latrocínio.

Quando a polícia civil de Rondônia concluiu as investigações sobre a autoria e a forma de execução do crime, o acusado foi um rapaz de 17 anos, de família de classe média, sem passagem pela polícia e aluno de um bom colégio. Em sua casa foram encontradas as roupas e a bicicleta usadas no dia do crime e ele foi apreendido, inicialmente pelo crime de latrocínio.

Todavia, encaminhado a um centro de tratamento para dependentes químicos, Alan Carlos Ferreira Lopes, assassino confesso do sertanista, fugiu em 27 de Novembro de 2004. Desde então, a polícia rondoniense não mais teve pistas do rapaz. Ao atingir a maioridade em 2008, Alan Carlos deixou de ser procurado.[8]

Há suspeitas de que Apoena tenha sido, de fato, executado, a mando de algum interesse. A arma do crime nunca foi localizada. Em abril daquele ano, Apoena passara a ser, também, coordenador da "Operação Roosevelt", montada para garantir a integridade dos índios e proibir a entrada de garimpeiros dentro da reserva, enquanto estava em curso uma investigação, pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), sobre os responsáveis pela chacina, também ocorrida em abril, quando morreram 29 garimpeiros no interior da Reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas. A reserva fica numa região de Rondônia rica em jazidas minerais, tais como cassiterita, ouro e diamante.[7]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Apoena: O Homem que Enxergava Longe, é o título do livro de autoria da escritora Lilian Newlands, com colaboração de Aguinaldo Araújo Ramos, lançado pela Editora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás em 2007, narrando a vida e a trajetória do sertanista Apoena Meireles. 'Apoena', em língua xavante, significa "homem que enxerga longe".[9][10][11]

Referências

  1. APOENA MEIRELLES 1949-2004. Por Mauro Leonel e Betty Mindlin. Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.4, n.1, p.225-289, jul. 2007
  2. Meirelles, Apoena, 1949-2004.; Meireles, Denise Maldi.; Newlands, Lilian.; Ramos, Aguinaldo. (2007). Apoena : o homem que enxerga longe : memórias de Apoena Meirelles, sertanista assassinado em 2004. Goiânia, Goiás, Brasil: Editora da UCG. OCLC 209563246 
  3. Corpo do sertanista Apoena Meireles é enterrado. Por Aline Beckestein. Agência Brasil, 12 de outubro de 2004.
  4. Francisco Meirelles. Dados biográficos.
  5. A morte do pacificador. Instituto Socioambiental, 11 de outubro de 2004
  6. «João Apoena Soares Meireles, o Apoena Meireles». Consultado em 25 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 22 de maio de 2014 
  7. a b Apoena Meireles, um dos mais importantes indigenistas do país, é assassinado. 10 de outubro de 2004.
  8. Matador de Apoena Meirelles chega aos 21 anos e está livre da justiça. 6 de janeiro de 2008.
  9. Vida de Apoena é paixão amazônica. 16 de setembro de 2007.
  10. Livro conta a trajetória de Apoena Meirellles. 7 de agosto de 2007 Por Marta Simões. Texto originalmente publicado pela Tribuna da Imprensa.
  11. Livro enfoca vida do sertanista Apoena Meirelles Arquivado em 22 de maio de 2014, no Wayback Machine.. 20 de julho de 2007.