Arconticismo

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O arconticismo foi uma seita gnóstica existente na Palestina e Armênia que surgiu por volta do século IV e que possuía algumas semelhanças com a seita do setianismo.[1] O nome "arconticismo" ou "arcônticos" provém de "arconte" mas é provável que fora atribuído por Epifânio.[2]

Origens[editar | editar código-fonte]

Epifânio de Salamina parece ter sido o primeiro a escrever sobre a seita, segundo Epifânio, a seita dos arcônticos fundada na metade do quarto século começou quando um armênio de nome Eutacto estava retornando ao Egito e parou na Palestina, onde conheceu um ermitão chamado Pedro, o gnóstico, Pedro era um ex-sacerdote palestino que habitava uma caverna onde recebia apenas as visitas de seus pupilos. Epifânio relaciona a conversão de Pedro a um período em que ele esteve na Arábia possivelmente com os Ebionitas e Nazarenos.[3]

Tanto os ebionitas quando os Nazarenos não eram gnósticos, mas seitas judeo-cristãs com grandes tendências ascéticas. Quando Eutaktus retornou para a Armênia, ele ensinou aos pupilos de Pedro a doutrina gnóstica, entre os pupilos havia um senador e outras pessoas da elite o que mostrou sua considerável influência na alta sociedade armênia, através de Eutaktus, os arcônticos se disseminaram pela Armênia onde conseguiram arrebanhar diversos armênios ricos e influentes.[2][3]

Escritos e crenças[editar | editar código-fonte]

Epifânio relata que os ensinamentos dos arcônticos estavam contidos em dois livros, o Harmonia Menor e o Harmonia Maior,[4] e que os arcônticos mencionam dois profetas de nomes Martiades e Marciano que, assim como Sete, ascenderam aos céus por três dias e depois retornaram,[5] os arcônticos também consideravam o deus cristão, pai de Cristo, como um arconte e originador de todo o mal.[6]

A crença dos arcônticos consistia em oito céus que ficavam acima do supremo e bom deus, chamado de Pai de Tudo, e da Mãe Superiora, também chamada de Mãe Luminosa. A alma, também, provinha do oitavo céus, os sete céus abaixo eram governados por arcontes maléficos, dos quais Sabaoth, o deus dos judeus, era seu líder habitando o sétimo céu.[7] A doutrina dos arcônticos também mostrar grande similaridade com os conceitos existentes no Apócrifo de João e Hipóstase dos Arcontes mas aparentemente eles começaram a partir de uma estrutura do mundo divino mais simples do que as assumidas nestes escritos.[8][9]

Referências

  1. Antti Marjanen; Petri Luomanen. A Companion to Second-Century Christian 'Heretics'. BRILL; 2008. ISBN 90-04-17038-3. p. 55.
  2. a b Andrew Phillip Smith. A Dictionary of Gnosticism. Quest Books; 2009. ISBN 978-0-8356-0869-5. p. 28.
  3. a b Andrew Phillip Smith. The Gnostics: History, Tradition, Scriptures, Influence. Duncan Baird Publishers; 2008. ISBN 978-1-78028-464-4. p. 41 - 42. (em inglês)
  4. "Essas pessoas também forjaram alguns próprios apócrifos e estes são os seus nomes. Eles chamam um livro por Harmonia Menor e o outro Harmonia Maior.", Epifânio de Salamina, Panarion, 40, 2. Contra os Arcônticos Arquivado em 6 de setembro de 2015, no Wayback Machine., 40, 2:1 (em inglês)
  5. Epifânio de Salamina, Panarion, 40, 2. Contra os Arcônticos Arquivado em 6 de setembro de 2015, no Wayback Machine., 40, 7:6 (em inglês)
  6. Epifânio de Salamina, Panarion, 40, 2. Contra os Arcônticos Arquivado em 6 de setembro de 2015, no Wayback Machine., 40, 7:7 (em inglês)
  7. Epifânio de Salamina, Panarion, 40, 2. Contra os Arcônticos Arquivado em 6 de setembro de 2015, no Wayback Machine., 40, 2:6 (em inglês)
  8. Wouter J. Hanegraaff; Antoine Faivre; R. van den Broek. Dictionary of Gnosis & Western Esotericism: I. Brill; 2005. ISBN 978-90-04-14372-2. p. 89 – 91.
  9. R. van den Broek. Gnostic Religion in Antiquity. Cambridge University Press; 2013. ISBN 978-1-107-03137-1. p. 156.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]