Barlas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Barlas
برلاس • Berlas • Barulas
Status desaparecida
Estado Transoxiana (Qués, Samarcanda)
Título mirzabaiguexequesardaremirgazisultão
Origem
Fundador Qarachar Noyan
Casa originária Borjiguins
Etnia mongol-turca
Atual soberano
Linhagem secundária
Timúridas

Os Barlas (em mongol: Barulas; em chagatai e persa: برلاس ou Berlas) foram uma confederação tribal nómada [1] originalmente mongol [2] e posteriormente turco-mongol da Ásia Central,[nt 1] [nt 2] que se destacou principalmente na Transoxiana,[1] onde é atualmente o Usbequistão. O seu membro mais célebre, e também um dos mais tardios, foi Tamerlão, fundador do Império Timúrida.[nt 3]

Origens[editar | editar código-fonte]

Segundo a História Secreta dos Mongóis, escrita durante o reinado de Oguedai Cã (r. 1229–1241), os Barlas tinham os mesmos antepassados que os Borjiguins, o clã imperial de Gêngis Cã, e que outros clãs mongóis medievais. O clã que liderava dos Barlas reclamava-se descendente de Qarachar Noyan (ou Karachar Barlas),[nt 1] comandante dum dos regimentos de Chagatai, o segundo filho de Gêngis. Qarachar, por sua vez, era descendente do senhor da guerra mongol lendário Bodonchar Munkhag (ou Bodonchir, Bodon Achir ou Bodon'ar Mungqaq) do século IX ou X, que também é considerado um antepassado de Gêngis Cã.[4] A estrutura interna do clã dirigente dos Barlas era composto por cinco linhagens principais, cada uma descendente dum filho de Qarachar, que eram importantes em termos de herança mas não constituíam entidades políticas ou territoriais separadas..[5]

Os Barlas controlavam as região de Qués (ou Quis, a moderna Xacrisabez, no Usbequistão) e todas as suas linhagens parecem ter estado associadas a essa região.[6] Ao contrário das tribos suas vizinhas, que permaneceram nómadas, os Barlas eram sendentários.[7] Devidos aos intensos contactos com a população nativa da Ásia Central, a tribo adotou a religião (islão) e a língua chagatai, um idioma turco do ramo carluco, da qual também deriva o uigur, que foi fortemente influenciada pelo árabe e pelo persa.[8] Apesar de nem sempre serem exógamos, a maior parte dos casamentos eram feitos fora da tribo.[5]

Timúridas e mogóis[editar | editar código-fonte]

Os barlas mais famosos da história foram os timúridas, descendentes do grande conquistador Tamerlão (m. 1405), cujo império se estendeu desde a Anatólia até aos atuais Paquistão e Índia, incluindo a Mesopotâmia, Irão, Afeganistão e quase todo o Cáucaso e Ásia Central. Pouco mais dum século depois da sua morte, um dos seus descendentes, Babur, fundou o Império Mogol, que dominou parte da Ásia Central e da Índia e duraria até ao século XIX.[9]

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Barlas», especificamente desta versão.
  1. a b «[…] Sabemos definitivamente que o clã líder da tribo Barlas atribuía a sua origem a Qarachar Barlas, cabeça dum dos regimentos de Chagatai […] Estes eram então os membros mais proeminentes do ulus Chagatai: as antigas tribos mongóis — Barlas, Arlat, Soldus e Jalayir […]» Manz 1989, p. 28
  2. «[…] Um dos seus seguidores era […] Timur da tribo Barlas. Esta tribo mongol tinha-se estabelecido no do vale do Kashka Darya, misturando-se com a população turca, adotando a sua religião (islão) e desistindo gradualmente dos seus hábitos nómadas, como várias tribos mongóis na Transoxiana […]» Bosworth & Asimov 1998, p. 320
  3. «Timur era um membro da tribo Barlas, um subgrupo mongol que se tinha estabelecido na Transoxiana (que atualmente corresponde aproximadamente ao Usbequistão) depois de tomar parte nas campanhas de Chagatai naquela região. Timur cresceu então naquilo que era conhecido como o Canato de Chagatai.» Encyclopædia Britannica[3]

Referências

  1. a b Garthwaite 2007, p. 148.
  2. Grupper 1992–1994.
  3. «Timur», Encyclopædia Britannica (em inglês), consultado em 17 de novembro de 2020 
  4. Rachewiltz 2004
  5. a b Manz 1989, p. 157.
  6. Manz 1989, p. 156–157.
  7. Chaliand 2014, p. 151.
  8. Doerfer 1991.
  9. Grousset 1970, p. 409.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]