Benigno Andrade Garcia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Benigno Andrade Garcia
Nascimento 22 de outubro de 1908
As Foucellas
Morte 7 de agosto de 1952
Corunha
Cidadania Espanha
Ocupação anarco-sindicalista, sindicalista, guerreiro, minerador, político
Ideologia política anarquismo
Causa da morte garrote vil

Benigno Andrade Garcia (Mesia, Galiza, 22 de Outubro de 1908 - 7 de Agosto de 1952) foi um militante da CNT e guerilheiro antifranquista. A alcunha de Foucelhas faz referência ao seu lugar de origem. Benigno Andrade é um dos nomes míticos do antifranquismo armado na Galiza do século XX[1].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido no lugar das Foucellas, na freguesia de Cabrui, Mesía. Estudou na escola primaria da localidade e desde muito novo trabalhou na lavoura do campo, de jornaleiro; também trabalhou numa leitaria[2]. Mais tarde, foi trabalhar nas minas de carvão de Faveiro, na comarca oriental do Bierzo.

Casado com María Perez, teve dois filhos, Josefa e Sergio. A mulher trabalhava na casa do médico da localidade, Manuel Calvelo quem, junto com a mulher Isabel Ríos Lazcano, dirigia a célula comunista de Curtis, chamada Sociedade Republicana Rádio Comunista em Curtis, com a qual o Foucellas simpatizava.

Posteriormente filiado à CNT, ao começar a Guerra Civil Espanhola aderiu a uma coluna que se dirigia à Corunha, mas à chegada deparou com a cidade já tomada pelos grupos golpistas da extrema-direita, o que o obrigou a voltar para Curtis. Interveio numa confiscação de armas em Fisteus e em outra de dinamita na estação do comboio de Teixeiro. Temendo represálias dos sectores fascistas, integrou-se nas numerosas guerrilhas rurais galegas que combatiam o fascismo na altura. Durante a guerra, esteve doente de difteria e manteve-se na convalescença e oculto em diferentes locais do concelho. Tendo sido convocado para o recrutamento militar pelas autoridades franquistas, foi declarado prófugo.

Uma vez recuperado da doença, assume a direcção, por volta de 1941, de um grupo guerrilheiro actuante na área dos concelhos de Sobrado e Arzúa, integrado maioritariamente por prisioneiros republicanos de esquerda fugidos de batalhões de castigo disciplinares franquistas existentes nessa zona da Galiza. Foi ferido em 1945 e os camaradas levaram-no para o sanatório de São Nicolau, na Corunha, onde foi operado. É nessa altura que a memória popular conta que assistia ao Estádio de Riazor para ver os jogos do Desportivo da Corunha, vestido de padre para evitar qualquer suspeita. Benigno participa activamente no Exército Guerrilheiro da Galiza como combatente destacado, no V Agrupamento que agia na zona de Pontevedra.

Foi capturado a 9 de Março de 1952 pela Guarda Civil franquista, no dia da Feira em Curtis, após um tiroteio em que Benigno foi ferido de um tiro numa perna. Estava lá para assistir a um casamento e, pelos vistos, foi delatado por alguém, sem que nunca se soubesse quem. Mais tarde, foi condenado à morte e executado, na prisão provincial da Corunha, mediante garrote vil, meio habitual aplicado pela ditadura franquista contra a oposição política.

Ele não foi a única vítima na família. O irmão foi torturado pela Guarda Civil e uma irmã, Consuelo, acusada de fazer labores de ligação e apoio à guerrilha, sofreu também a repressão. A mãe acabou a pedir porque, sendo uma família muito pobre, não conseguiu trabalhar com o precedente de um filho guerrilheiro.

Ainda hoje lembrado pela vizinhança da sua comarca de origem, que, coincidindo com o centenário do nascimento, prepara uma homenagem ao seu filho, dentro da vaga de actividades realizadas na Galiza para a recuperação da memória histórica da ditadura franquista.

Referências

  1. Botarse ao monte, Francisco Xavier Redondo Abal, Ediciós do Castro, serie : Documentos. ISBN 84-8485-231-8 /
  2. http://www.vieiros.com/nova/24049/o-foucellas-guerrilleiro-e-mito-popular

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Eduard Pons Prades. Guerrillas españolas (1936-1960). Planeta, Barcelona, 1977. ISBN 84-320-5634-0
  • Francisco Xavier Redondo Abal Botarse ao monte,Censo de guerilleros antifranquistas en Galiza (1939-1965) , Edicios do Castro, serie : Documentos. ISBN 84-8485-231-8 /
  • V. Luís Lamela García (1993), Foucellas - El riguroso relato de una lucha antifranquista (1936-1952). A Coruña: Edicios do Castro ISBN 84-7492-608-4
  • Manuel Astray Rivas (1992), Síndrome del 36 - La IV Agrupación del Ejército Guerrillero de Galicia. A Coruña: Edicios do Castro ISBN 84-7492-584-3

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]