Bianca Cappello

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bianca Cappello
Bianca Cappello
Retrato de Bianca Cappello, por Scipione Pulzone
Grã-Duquesa da Toscana
Reinado 1579-1587
Antecessor(a) Joana da Áustria
Sucessor(a) Cristina de Lorena
 
Nascimento 1548
  Veneza, República de Veneza
Morte 20 de outubro de 1587 (39 anos)
  Poggio a Caiano, Grão-Ducado da Toscana
Cônjuge Pietro Bonaventuri
Francisco I de Médici
Descendência António de Médici
Casa Cappello (por nascimento)
Médici (por casamento)
Pai Bartolomeo Cappello
Mãe Pellegrina Morosini
Brasão

Bianca Cappello[1] (Veneza, 1548 - Poggio a Caiano, 20 de outubro de 1587) foi uma nobre italiana amante e, depois, a segunda mulher de Francisco I de Médici, Grão-Duque da Toscana. O seu marido oficializou o seu estatuto de consorte Grã-Ducal.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bianca nasceu em Veneza, em 1548, filha de Bartolomeo Cappello e de Pellegrina Morosini, que pertencia a uma das mais ricas e nobres famílias Venezianas, destacando-se pela sua grande beleza.[2]

Com quinze anos ela apaixonou-se por Pietro Bonaventuri, um jovem Florentino empregado na firma dos Salviati e, a 28 de novembro de 1563 fugiu com ele para Florença, onde vieram a casar. Em 1564 ela deu à luz uma menina chamada Virginia ou, de acordo com outras fontes, Pellegrina. O governo Veneziano fez todos os esforços para que Bianca fosse detida e enviada de volta pa Veneza mas o Grão-Duque Cosme I de Médici interveio em sua defesa e ela acabou por ser deixada em paz.[3][4]

Bianca Cappello e seu filho Antonio, retrato por Alessandro Allori

Contudo, ela não se dava bem com a família do marido, que eram pessoas pobres e a obrigavam a fazer trabalhos domésticos. Mas a sua beleza, atraiu o Grão-Príncipe Francisco, filho e herdeiro aparente do Grão-Duque.[5]

Embora já casado com Joana da Áustria, Francisco seduziu Bianca e ofereceu-lhe jóias, dinheiro e outros presentes. A Bonaventuri, o marido de Bianca, foi oferecido um emprego na Corte e ele próprio envolveu-se com outras mulheres até que, em 1572, foi assassinado nas ruas de Florença como consequência de intrigas amorosas. É possível que Bianca e Francisco estivessem envolvidos.[3]

Com a morte de Cosme I, em 1574, Francisco sucedeu no Grão-ducado. Ele instalou Bianca num palácio (atualmente conhecido como Palazzo di Bianca Cappello) próximo da sua residência oficial e desrespeitando a sua mulher exibindo a sua amante perante ela. Nesta altura, Francisco não tinha qualquer filho legítimo que viesse a herdar a coroa; uma criança de Bianca, embora ilegítima, seria um potencial herdeiro e, consequentemente, reforçaria a posição de Bianca.[3] Em 1576 ela deu à luz Don António de Médici, mas o pai, que ainda mantinha a esperança de ter um filho legítimo da sua mulher, recusou a reconhece-lo. Francisco e Joanna acabaram por ter um filho, o Grão-Príncipe Filipe de Médici, em 1577. A criança sobreviveu os frágeis meses da infância, e as esperanças de Bianca não passavam.[6]

O Palácio de Bianca Cappello, em Florença.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Em 1578, a Grâ-Duquesa Joana morreu; poucos meses mais tarde, Francisco casou secretamente com Bianca e, a 10 de junho de 1579, o casamento foi anunciado publicamente, e António reconhecido como filho do Grão-Duque. Dois dias mais tarde, a 12 de junho, Bianca foi coroada Grã-Duquesa da Toscana no Palazzo Vecchio em Florença. O governo Veneziano ultrapassou quaisquer ressentimentos sendo oficialmente representado nas magnificas festividades de casamento, uma vez que via em Bianca Cappello um instrumento para cimentar as boas relações com a Toscana.

Contudo, a posição de Bianca, ainda não estava assegurada. O herdeiro continuava a ser o jovem Grão-Príncipe Filipe; o seu próprio filho da relação com Francisco, embora reconhecido, permanecia ilegítimo e, por isso, impedido de herdar o trono. Não houve qualquer outra descendência do relacionamento, e Bianca sabia bem que, se o marido morresse antes dela, ela estava perdida, uma vez que a família grã-ducal, especialmente o irmão Cardeal Fernando, odiavam-na amargamente, considerando-a uma aventureira e intrusa.[3][7]

Contudo, em 1582, o Grão-Príncipe Filipe morreu. Francisco começou imediatamente a tentar que a sucessão fosse assegurada pelo seu outro filho, António, tentando legitimá-lo e torná-lo herdeiro aparente, com o apoio de Filipe II de Espanha. Como mãe do herdeiro, a posição de Bianca reforçar-se-ia: mesmo que Francisco viesse a morrer antes de António atingir a maioridade, Bianca teria uma boa pretensão para governar como regente em nome do filho, e a familia do marido respeito-la-ia como mãe do herdeiro.

Em outubro de 1587, na Villa Medicea di Poggio a Caiano, Francisco e Bianca morreram em 19 e 20 de outubro, provavelmente envenenados, ou como alguns historiadores pensam, com febre da malária. Como Bianca não era oficialmente membro da família Médici, o Cardeal Fernando não permitiu que o seu corpo fosse sepultado na tumba da família.[8] Em vez disso, Bianca foi sepultada numa sepultura sem quaisquer marcas sob a igreja de S. Lourenço, localizada próximo do local da sua morte. Em 2006, peritos forenses e toxicological da Universidade de Florença identificaram evidências de envenenamento com arsénico num estudo publicado no British Medical Journal,[9] mas em 2010 evidências do parasita Plasmodium falciparum, causador da malária, foi encontrado nos restos mortais de Francisco.[10]

Representações[editar | editar código-fonte]

A biograpfia de Bianca Cappello foi utilizada por Thomas Middleton para a sua tragédia Women Beware Women, publicada em 1657.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. em português o seu nome seria traduzido como Branca
  2. Lytton, Lytton, Rosina Wheeler Bulwer (2010). Bianca Cappello: An historical romance. [S.l.]: Nabu Press. pp. 13–14. ISBN 978-1144883667 
  3. a b c d Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público. The above cites:
    • S. Romanin, Lezioni di storia Veneta, vol. ii. (Florence, 1875)
    • G. E. Saltini, Tragedie Medicee domesticheFlorence, 1898)
  4. Sizeranne, Robert de La (1969). Celebrities of the Italian Renaissance in Florence and in the Louvre. Bianca Cappello in the Pitti Palace: [s.n.] pp. 122–124. ISBN 978-0836913026 
  5. Sizeranne, Robert de La (1969). Celebrities of the Italian Renaissance in Florence and in the Louvre. Bianca Cappello in the Pitti Palace: [s.n.] pp. 125–126. ISBN 978-0836913026 
  6. Roberto Cantagalli, “Bianca Cappello e una leggenda da sfatare; La questione del figlio supposto,” Nuova rivista storica 44 (1965): 636–652; Jacqueline Marie Musacchio, “Objects and Identity: Antonio de' Medici and the Casino at San Marco in Florence,” in The Renaissance World, ed. John Jeffries Martin (New York: Routledge, 2007), 481–500.
  7. Sizeranne, Robert de La (1969). Celebrities of the Italian Renaissance in Florence and in the Louvre. Bianca Cappello in the Pitti Palace: [s.n.] pp. 129–130. ISBN 978-0836913026 
  8. Hayes, Mary (1803). Female Biography; or, Memoirs of Illustrious and Celebrated Women, of All Ages and Countries 1 ed. London: Chawton House Library Series: Women’s Memoirs. pp. 419–422 
  9. Francesco Mari; Aldo Polettini; Donatella Lippi; Elisabetta Bertol (2006). «The mysterious death of Francesco I de' Medici and Bianca Cappello: an arsenic murder?». BMJ. 333 (June 23–30, 2006): 1299–1301. PMC 1761188Acessível livremente. PMID 17185715. doi:10.1136/bmj.38996.682234.AE 
  10. Lorenzi, Rossella (14 de julho de 2010). «Medici family cold case finally solved». Discovery.com. Consultado em 16 de julho de 2012 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Bianca Cappello».

Bibliografia/Fontes[editar | editar código-fonte]

  • James Chater, "Bianca Cappello and Music", em Renaissance Studies in Honor of Craig Hugh Smyth, Florença, 1985, Vol. I, 569–79
  • Samuele Romanin, Lezioni di storia Veneta, Vol. II, Florence, 1875;
  • G. E. Saltini, Tragedie Medicee domestiche, Florença, 1898;
  • Saltini, Della morte di Francesco de' Medici e di Bianca Cappello, Florence, 1863;
  • Elizabeth Clementine Stedman, Bianca Capello, A Tragedy, 1873;
  • Steegman, Bianca Cappello, Baltimore, 1913.
  •  Este artigo incorpora texto de uma publicação em domínio público«Bianca Cappello». Nova Enciclopédia Internacional (em inglês). 1905 
  • Rosina Wheeler Bulwer-Lytton Lytton, Bianca Cappello: An Historical Romance, Nabu Press, 2010 ISBN 978-1144883667

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Bianca Cappello

Títulos de nobreza
Precedido por
Joana da Áustria

Grã-Duquesa da Toscana

1579–1587
Sucedido por
Cristina de Lorena