Bo-Kaap

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Bo-Kaap
  Bairro da Cidade do Cabo  
Localização
Coordenadas 33° 55' 14.99" S 18° 24' 45.00" E
País África do Sul
Província Cabo Ocidental
Características geográficas
Área total 0,95 km²
 • População estimada (2019) 6,000

Bo-Kaap é o bairro residencial mais antigo da Cidade do Cabo. Está localizado na encosta da colina Signal Hill. Possui uma arquitetura vernacular distinta e uma forte presença da comunidade muçulmana. O bairro foi declarado como Patrimônio Nacional da África do Sul.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

O bairro se originou nos anos de 1760, chamada de Waalendorp, com o funcionário holandês da Companhia das Índias Orientais Jan de Waal construindo casas de aluguéis (huurheisjes) para arrendar aos imigrantes vindos da Ásia e de outros locais da África para trabalharem na Cidade do Cabo, em sua maioria eram artesãos estrangeiros, mas também residiam negros livres e escravos libertos. Na época, as huurheisjes só podiam ser pintadas de branco. Em 1794, foi construída no bairro a primeira mesquita da cidade, a Mesquita Auwal. Com a abolição da escravatura, em 1831, passaram a autorizar a compra das casas e suspenderam a regra da pintura branca. Foi a partir do anos de 1885, que o bairro assumiu sua forma atual.[3][4][5]

Na década de 1930, o bairro começou a se degradar, se transformando em favela. E em 1941, 150 imóveis construídos entre os séculos XVIII e XIX foram expropriados pelo Governo Municipal para serem demolidos. Um grupo formado por moradores da Cidade do Cabo e liderado por Jansen du Plessis, interrompeu o plano de demolição e acionou a Comissão de Monumentos do Centro Histórico (HMC), com o objetivo de preservar a antiga arquitetura malaia. O projeto de preservação e restauração foi finalizado em 1950, com os custos excedendo o orçamento planejado, e entrou em um impasse entre o Governo Municipal e o HMC.[6]

Em 1957, com a Lei das Áreas de Grupo criado pelo regime do apartheid, o bairro foi reservado exclusivamente para os malaios (mulçumanos de cor na classificação do apartheid), e as pessoas negras e não muçulmanas foram removidas à força. Somente em 1991, a Lei das Áreas de Grupo foi abolida.[4][5]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Típica arquitetura de Bo-Kaap

A maioria das edificações do bairro possuem estilo arquitetônico holandês colonial e gregoriano, de um a dois pavimentos, com cobertura plana, janelas de guilhotina, portas boenonder, e suas fachadas são pintadas com cores vivas. As ruas são estreitas, e algumas são pavimentadas com paralelepípedos.[4][7]

Geografia[editar | editar código-fonte]

O bairro é vizinho ao centro da cidade e está delimitado ao sul pela rua Buitengracht; ao norte pela rua Strand e a Military que circunda a encosta do Signal Hill. As principais áreas de comércio estão localizadas ao longo da rua Wale e da rua Rose. É na rua Wale que se encontra o Rocksole (desde 1936), Atlas Foods (desde 1946) e o Museu Bo-Kaap (desde 1978).[2][7]

Há três pedreiras de ardósia, que estiveram em operação entre os anos de 1660 e 1946. Suas pedras foram usadas para a construção de estruturas da cidade, como o Castelo da Boa Esperança e a Igreja Metodista na Praça do Mercado Verde.[7]

Tana Baru é o cemitério sagrado muçulmano localizado no bairro, onde estão sepultados os fundadores e líderes de Bo-Kaap; está desativado desde 1886.[7]

Cultura[editar | editar código-fonte]

  • Museu Bo-Kaap.[3]
  • Festival do Cabo Minstrel (Kaapse Klopse).[3]

Referências

  1. «Bo-Kaap». World Monuments Fund (em inglês). 2017. Consultado em 11 de setembro de 2023 
  2. a b Bo-Kaap: Local spatial development framework. City of Cape Town Isixeko Sasekapa Stad Kaapstad. (em inglês).
  3. a b c Langer, Bridget (23 de abril de 2019). «Getting to know the Bo-Kaap». The Mail & Guardian (em inglês). Consultado em 11 de setembro de 2023 
  4. a b c «Bo-Kaap Museum». Iziko Museums of South Africa (em inglês). Consultado em 11 de setembro de 2023 
  5. a b Davis, Rebecca (20 de setembro de 2019). «Bo-Kaap's complicated history and its many myths». Eyewitness News (em inglês). Consultado em 12 de setembro de 2023 
  6. Kotze, Nico. (18 de março de 2013). A community in trouble? The impact of gentrification on the Bo‑Kaap, Cape Town. Urbani izziv, Vol. 24, Nº. 2.
  7. a b c d Bo-Kaap: Tourism Development Framework June 2021. City of Cape Town Isixeko Sasekapa Stad Kaapstad. (em inglês).