Brasões de antigos territórios portugueses

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Este artigo trata dos brasões de armas dos antigos territórios portugueses de 1935 a 1999/2002 e de alguns territórios portugueses de épocas mais remotas.

Antigas colónias[editar | editar código-fonte]

Os brasões das antigas colónias seguiam o seguinte padrão: a dextra, composta de prata com cinco escudetes de azul, cada um com cinco besantes de prata em aspa; e a ponta, de prata com cinco ondas de verde - pretendiam simbolizar a ligação à metrópole. A sinistra era de uma composição intrínseca ao território em questão.

Brasão Território Descrição Significado
Angola Em campo de púrpura, um elefante e uma zebra.[1] Os dois animais fazem referência à formação colonial de Angola, sendo que o elefante foi tirado do brasão de Benguela, e a zebra faz, provavelmente, referência a Luanda, pois estas duas cidades foram as primeiras a serem fundadas pelos portugueses.[carece de fontes?]
Ficheiro:Lesser coat of arms of Portuguese Cape Verde.svg Cabo Verde Em campo de verde, uma nau de quatro mastros de ouro com vela de prata, sobre três ondas de verde em prata.[1]
Estado da Índia Em campo de ouro, uma roda de tortura em negro com oito lâminas e uma torre vermelha.[1] Alusão ao martírio de Santa Catarina.[2]
Guiné Portuguesa Em campo de negro, um ceptro de ouro com uma cabeça de africano.[1] Alusão ao ceptro utilizado por D. Afonso V, rei de Portugal à época da exploração da região.[2]
Macau Em campo de azul, um dragão chinês de ouro, armado e linguado de vermelho com um dos escudetes do brasão português na dextra.[1]
Moçambique Em campo de prata, sete flechas verdes apontadas para baixo, amarradas por uma fita vermelha.[1]
São Tomé e Príncipe Em campo de vermelho, gotado de azul, uma roda de engenho-de-açúcar dourada.[1]
Timor Português Em campo gironado de prata e negro, uma cruz florida em contraste, carregada com um dos escudetes da dextra.[1] Cruz igual àquela que simboliza a ordem dos Dominicanos, responsáveis em grande parte pela colonização de Timor.[2]

Brasões anteriores a 1935[editar | editar código-fonte]

Brasão Território Descrição Significado
Macau O primeiro brasão de Macau era composto das armas reais portuguesas em escudo de prata, e em volta o letreiro: "Cidade do nome de Deus, não há outra mais leal".[2]
Macau Em campo de negro, um dragão. Dragão semelhante ao encontrado nas bandeiras do Império Chinês, anterior a 1911.[carece de fontes?]
Moçambique Em campo de prata, franchado de vermelho, uma esfera armilar de ouro. Símbolo de D. Manuel I, durante reinado no qual os portugueses chegaram à África Oriental.[carece de fontes?]

Territórios pertencentes a Portugal antes do século XX[editar | editar código-fonte]

Brasão Território Descrição Significado
Bahia Em escudo redondo português em campo de prata, uma pomba com um ramo de oliveira no bico.[3] O símbolo remete à história dos primeiros tempos de colonização da região do atual estado da Bahia. Sua gradual ocupação pelo donatário Francisco Pereira Coutinho desencadeou violentos conflitos na área. Segundo a historiografia e livros de heráldica da época, o símbolo da pomba foi adotado em razão de se ter fundado a capital, Salvador, e esta ter trazido a paz e reconciliação àquela parte do Brasil.[3]
Benguela Em escudo redondo de dourado, um elefante-africano em prata.[2] Simboliza força e também faz alusão ao comércio de marfim local, importante fonte de renda da colônia.[2]
Brasil Em escudo redondo de prata, um pau-brasil de verde e uma cruz latina negra.[4][5] Uma junção dos dois símbolos que deram nomes a essa terra: Vera Cruz e Brasil.[5]
Ceilão Em campo de prata, a geografia da ilha, com montanhas e palmeiras, tendo um elefante-asiático ao centro.[carece de fontes?] Simboliza a força.[carece de fontes?]
Funchal Em escudo redondo de campo azul, cinco pães de açúcar em prata, tendo um arpão em tenné, com ponta dourada ao centro do escudo.[2]
Goa Em campo de vermelho, uma mitra dourada, uma roda de azenha em tenné com oito pás e uma torre em prata.[2] Alusão ao martírio de Santa Catarina.[2]
Golfo da Guiné (Guiné Equatorial) Em escudo redondo de prata, em primeiro plano uma Bombax, ou árvore-deus, desenraizada, tendo por fundo uma cena natural da região.[carece de fontes?] Foi sob uma dessas árvores onde se assinou o primeiro tratado entre Portugal e o governante local. Curiosamente tal escudo sobrevive como emblema oficial da independente Guiné Equatorial, sofrendo mínimas modificações.[carece de fontes?]
Ilha de Moçambique Em campo de prata, um feixe de sete flechas de verde, atadas por uma fita de vermelho, em contrachefe duas palmas de verde.[2] Tudo em alusão ao martírio de São Sebastião, patrono da Ilha de Moçambique.[2]
Salsete Em escudo redondo de prata, uma roda de azenha em tenné com oito pás. Dentro da roda, o brasão de Portugal, em escudo redondo.[2] Alusão ao martírio de Santa Catarina.[2]
Santiago (Cabo Verde) Em escudo redondo de prata, dois ramos de purgueira cruzados e quatro castanhas dispostas em cruz.[2]
Sergipe Em escudo redondo de vermelho, um sol dourado com uma face humana ao centro.[carece de fontes?]
Terceira Em escudo redondo de prata, uma Cruz de Cristo ao centro, tendo, ao pé desta, dois açores.[2]

Invasões estrangeiras ao território da colônia portuguesa do Brasil[editar | editar código-fonte]

Nova Holanda[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Invasões holandesas do Brasil

Os brasões a seguir foram criados pela administração de Maurício de Nassau, durante o período em que os Países Baixos dominaram parte do nordeste brasileiro. Tais símbolos foram solicitados pelas Câmaras de Justiça locais para selarem seus papéis com emblemas próprios.[6]

Brasão Território Descrição Significado
Alagoas Em escudo redondo de prata, três tainhas postas em pala.[6] Significava a fartura do pescado.[6]
Itamaracá Em escudo redondo de prata, três cachos de uvas.[6]
Pernambuco Em escudo redondo de prata, uma donzela com uma cana-de-açúcar na mão direita, olhando sua imagem refletida em um espelho seguro por sua mão esquerda.[6] Simbolizava a verdade.[2]
Rio Grande do Norte Em escudo redondo de dourado, uma ema, ave caraterística da região, tendo a seus pés três ondas em azul, branco e azul.[6]
Paraíba Em escudo redondo de azul, seis torrões de pão-de-açúcar dourados.[6] Alusão à produção de açúcar, principal atividade econômica da região à época.[6]
Sergipe Formado pela figura de um sol ao estilo heráldico, na parte superior do escudo, contendo na base três coroas douradas, dispostas em arranjo triangular.[7] O sol, vulgarmente chamado de o “astro-rei”, representa o nome da região, conhecida na época por Sergipe d’El Rey. As coroas podem se referir à conquista armada empreendida por Nassau naquela parte da capitania.[7]
Porto Calvo Em escudo redondo de prata, três montes, representando as serras É a principal característica geográfica, que serviu de entrave desde os primórdios da colonização na região.[8]
Sirinhaém Em escudo redondo de goles, um cavalo branco. Alude, provavelmente, aos excelentes animais de cela criados naquela comarca.[8]
Igarassu Em escudo redondo de prata, três caranguejos (aratus) dispostos em roquete. Referência à abundância desse crustáceo naqueles manguezais.[8]

França Equinocial[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Invasões francesas no Brasil

Provavelmente o primeiro Brasão conferido ao Maranhão foi instituído pelo rei Luís XIII,[9] durante o período da França Equinocial, onde, a região que compreende o norte do Estado fora tomada e colonizada por franceses que fundaram a cidade de São Luís por Daniel de La Touche.

Brasão Território Descrição Significado
Maranhão Sol das Índias ladeado pelas flores de lís da França, com lema: Indis sol splendet, splendescunt lilia Gallis.[9] A flor de lis é um emblema tradicional da monarquia francesa, que indica a fidelidade à coroa e o sol é um elemento comum nos brasões franceses, que expressam a ideia do “rei-sol”, ou seja, um monarca absoluto e iluminado.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h Flags of the World – Brasões dos territórios ultramarinos
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p LAGHANS, Almeida. "Armorial do Ultramar Português". Agência Geral do Ultramar, 2 volumes. 1966.
  3. a b DORNELLAS, Afonso Dornellas. Brasões das Villas e Cidades de Portugal, circa fins do século XVIII.
  4. MENDES, Francisco Coelho. "Tesouro da Nobreza", 1675.
  5. a b POLIANO, Luís Marques. Heráldica, pág. 229. Ed. GRD. Rio de Janeiro, 1986.
  6. a b c d e f g h Imagens da Formação Territorial do Brasil. Fundação Emílio Odebrecht.
  7. a b Brasões de Armas da Nova Holanda - Tiago José Berg
  8. a b c name=* http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/58/artigo292635-1.asp>
  9. a b c C. d'Abbeville, Histoire de la mission des pères Capucins en l'isle de Maragnan et terres circonvoisines, p. 10 v., F. Huby, Paris, 1614.