Brigada Democrática do Norte

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Brigada Democrática do Norte
لواء الشمال الديمقراطي‎
Participante na Guerra Civil Síria
Datas 2013 - presente
Ideologia Secularismo
Pluralismo político
Federalismo
Anti-islamismo
Sentimento anti-turco
Objetivos Transformar a Síria num estado democrático, federal e secular
Organização
Parte de Exército Livre Sírio

Forças Democráticas Sírias (a partir de 2015)

Líder Alexander Khalil
Origem
étnica
Árabes
Sede Região de Shahba, Síria
Área de
operações
Norte da Síria
Antecessor(es)
anterior
Brigada al-Qa'qa'
Relação com outros grupos
Aliados Brigadas da Unidade Nacional (2013-2014)
Brigada Mártires de Idlib (2013-2014)
Frente Curda (desde 2014)
Unidades de Proteção Popular (desde 2014)
Unidades de Proteção das Mulheres (desde 2014)
Outros grupos membros das FDS (desde 2015)
Inimigos Jabhat al-Nusra
Ahrar al-Sham
Estado Islâmico
 Turquia
Exército Nacional Sírio
Síria Governo Sírio (2013-2014)
Conflitos
Guerra Civil Síria

A Brigada Democrática do Norte (BDN) (em árabe: لواء الشمال الديمقراطي‎, Liwa al-Shamal al-Democrati) é uma unidade do Exército Livre Sírio (ELS), liderada por Alexander Khalil.[1], que está em aliança com as forças curdas das YPG e YPJ na zona de Afrin desde 2014. A Brigada também viria ser uma das fundadores das Forças Democráticas Sírias (FDS), um grupo que une diversas forças curdas e rebeldes sírios. Os membros iniciais da BDN eram da província de Idlib[2], e tem recrutado árabes de Idlib, Alepo, e outras cidades no norte da Síria desde da sua aliança com YPG[3]

História[editar | editar código-fonte]

Formação e aliança com as forças curdas[editar | editar código-fonte]

A unidade foi formada na província de Idlib em 2013, e originalmente denominava-se como Brigada al-Qa'qa', parte do Exército Livre Sírio baseado em Jabal Zawiya, província de Idlib[4]. Durante o ano de 2014, juntou-se inicialmente Liwa Ahrar Souriya, para depois mudar-se para a Frente Revolucionária Síria (FRS)..[5] Quando a FRS se aproximou de grupos islamistas radicais, a Brigada foi expulsa da FRS, o que levou à unidade a juntar-se à Frente de Salvação Síria em Maio de 2014. Quando o Conflito Jabhat al-Nusra - Frente Revolucionária Síria eclodiu, a Brigada al-Qa'qa', então afiliada à Frente de Salvação Síria, foi expulsa da província de Idlib pela Frente Al-Nusra, Jund al-Aqsa e Ahrar al-Sham, tendo-se retirada para o cantão de Afrin, controlada pelas milícias curdas da YPG[3]

Em Novembro de 2015, a Brigada al-Qa'qa' foi um dos vários grupos afiliados ao ELS das províncias de Idlib e Alepo que oficialmente se juntaram às recém-formadas Forças Democráticas Sírias[6], também se integrando no Exército dos Revolucionários..[5]. Pouco depois da sua junção às FDS e ao Exército dos Revolucionários, Al-Nusra e Ahrar al-Sham acusaram o grupo de apostasia e lançaram um ataque contra posições das FDS no norte de Alepo[7] Apesar disto, a BDN mandou algum dos combatentes para os cantões de Kobani e Jazira para a luta contra o Estado Islâmico (EI), por exemplo tomando parte na ofensiva para a captura de Al-Hawl. Em Janeiro de 2016, um dos líderes da Brigada, conhecido como Abu Omar al-Idlibi, foi apontado como o líder militar do Exército dos Revolucionários. Apesar disto, a Brigada viria a deixar o Exército dos Revolucionários em Fevereiro de 2016[8], adoptando o seu nome actual de "Brigada Democrática do Norte" e tornando-se um grupo independente dentro das FDS[5]

Participação em combates contra forças turcas e islamistas[editar | editar código-fonte]

Absi Taha, conhecido pelo seu nome de guerra "Abu Omar al-Idlibi", comandante da Brigada Democrática do Norte

Em Agosto de 2016, a BDN e outros grupos do ELS integrantes nas FDS condenaram a intervenção militar turca na Síria e a coligação internacional pelo seu apoio, acusando as forças rebeldes pró-turcas de cometerem "massacres" em localidades nos arredores de Jarablus, e anunciaram o seu apoio ao Conselho Militar de Jarablus formado pelas FDS[9]. Pouco depois, a brigada participou na ofensiva na zona ocidental de Al-Bab contra o Estado Islâmico, capturando várias localidades aos jihadista[10]. Em Outubro de 2016, a BDN participou numa ofensiva na mesma zona, desta vez contras as forças rebeldes pró-Turquia, capturando Tal Malid[11]. Durante a Batalha de Al-Bab, a brigada voltou a combater forças pró-turcas.[1]

Na fase final da Batalha de Alepo em Dezembro de 2016, a Brigada Democrática chamou grupos do ELS cercados para se juntarem às FDS, afirmando uma unidade local já o tinha feito[12]. Desde de Junho de 2017, a BDN participou na campanha das FDS sobre Raqqa contra o EI. Unidades foram colocadas em Taqba[13], enquanto outras participaram na Batalha de Raqqa[14].

Em 2 de Julho, o comandante militar da BDN declarou a brigada como pronta para "libertar todo o território sírio sob ocupação turca" e pediu aos grupos das forças pró-turcas para desertarem e juntarem-se às FDS. Esta declaração foi uma resposta aos alegados planos turcos de invasão sob Afrin e Shahba[15]. Estas afirmações foram repetidas quatro dias mais tarde numa declaração conjunta de grupos árabes membros das FDS contra a Turquia[16]. Após a Intervenção militar turca em Idlib contra Tahrir al-Sham e as forças curdas do YPG/YPJ, a Brigada denunciou a intervenção como tentativa dos "otomanos" em cercarem Alepo e Afrin. Em resposta, o grupo anunciou a sua intenção de formar um Conselho Militar de Idlib com outros grupos do ELS para combater as forças turcas e os jihadistas em Idlib[17][18]. Em Dezembro de 2017, um comandante da BDN acusou a Turquia de enviar ex-combatentes do EI para a província de Idlib como forma de expandir a sua influência na província[19].

Quando a Turquia começou a preparar a sua invasão de Afrin, um comandante da brigada declarou que os seus homens estavam "prontos e preparados para responderem a qualquer fonte de fogo."; a BDN viria a participar nos combates contras as forças turcas na região de Afrin no final de Janeiro de 2018[20]. Em 6 de Março de 2018, o contingente da BDN destacado no leste da Síria, sediado em Raqqa, anunciou que se ia transferir para Afrin para combater os turcos e os seus rebeldes[21]. Em Setembro de 2018, 25 membros da Brigada completaram o seu treino e formaram o primeiro comando de forças especiais do grupo[22].

Referências

  1. a b «عفرين تودع مناضلاً من المكون العربي». cantonafrin.com. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  2. «KurdisCat: Liwa al-Shamal al-Democrati s'incorpora a la campanya de Raqqà». KurdisCat. dissabte. 10 de junho de 2017. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  3. a b Elnaiem, Mohammed. «Whose Free Syrian Army? The Arab opposition resisting Turkey's Afrin attacks». theregion.org. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  4. «محافظة إدلب 6 3 2014». محافظة إدلب 6 3 2014 (em árabe). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  5. a b c Obs, Syrian Rebellion (11 de novembro de 2016). «#SRO - EXCLUSIVE - Liwa al-Qaqaa was one of Jaysh al-Thuwar for #Afrin then became autonomous in #SDF as Liwa al-Shamal al-Democrati (END).». @Syria_Rebel_Obs (em in). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  6. «15 rebel factions are ready to fight under SDF banner in Aleppo and Idlib | Syrian Observatory For Human Rights». web.archive.org. 20 de novembro de 2015. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  7. «Nusra reportedly attacks newly pledged SDF forces in Aleppo». Syria Direct (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  8. «Welcome all4syria.info - BlueHost.com». www.all4syria.info. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  9. «Rebel factions in northern Aleppo give the U.S led coalition the responsibliti». OSDH. 29 de Agosto de 2016. Consultado em 6 de Janeiro de 2019 
  10. «تحرير بلدة حربل في ريف حلب الشمالي من قبل الفصائل الثورية». راديو ولات (em árabe). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  11. Tomson, Chris (23 de outubro de 2016). «Kurdish forces capture village in northern Aleppo as the Turkish Army redeploys». AMN - Al-Masdar News | المصدر نيوز (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  12. Linge, Thomas van (27 de novembro de 2016). «#Syria: Liwa Shamal al-Democrati (#SDF) goes on by claiming rebels of Katibat Askari Kamilah of the #FSA have already joined them in #Aleppopic.twitter.com/g3zeBmWD53». @ThomasVLinge (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  13. «Latin American Herald Tribune - SDF Brigade Denies Fighting with Pro-Assad Forces in al-Tabqa». www.laht.com. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  14. «Great War for the liberation of Raqqa begins | ANHA». web.archive.org. 9 de junho de 2017. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  15. «Rebel brigade says ready to expel Turkish forces from northern Syria - ARA News». web.archive.org. 5 de julho de 2017. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  16. «Arab revolutionary factions: we will liberate north of Syria | ANHA». web.archive.org. 19 de outubro de 2017. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  17. «لواء تابع لـ "قسد" يتوعد بدخول إدلب». عنب بلدي (em árabe). 23 de outubro de 2017. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  18. SouthFront (22 de outubro de 2017). «US-backed Forces Prepare To Establish Idlib Military Council To Fight Turkish Army In Province» (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  19. «Opposition commander: Turkey is sending ISIS groups to Idlib». ANF News (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  20. «مقاتلون من إدلب: ندافع عن عفرين وعيوننا على تحرير إدلب | ANHA». web.archive.org. 28 de janeiro de 2018. Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  21. «Syrian Democratic Forces to withdraw fighters from eastern Syria to 'confront Turkish aggression' in Afrin». Syria Direct (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2019 
  22. «لواء الشمال الديمقراطي يخرج أول دورة للقوات الخاصة - ANHA | وكالة أنباء هاوار». www.hawarnews.com (em árabe). Consultado em 6 de janeiro de 2019