Carl Jacob Burckhardt

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Carl Burckhardt
Carl Jacob Burckhardt
Carl Burckhardt
Nome completo Carl Jacob Burckhardt
Nascimento 10 de setembro de 1891
Basel, Suíça
Morte 3 de março de 1974 (82 anos)
Vinzel, Suíça
Nacionalidade Suíço
Progenitores Mãe: Hélène Aline Schazmann (1871-1949)
Pai: Carl Christoph Burckhardt (1862-1915)
Parentesco Irmã: Theodora " Dori " Burckhardt
Cônjuge Elizabeth de Reynold de Cressier (1906-1989)
Educação
Profissão Diplomata e Historiador
Principais trabalhos

Carl Jacob Burckhardt (Basel, 10 de setembro de 1891 – Vinzel, 3 de março de 1974)[1] foi um diplomata e historiador suíço. Sua carreira alternou entre pesquisas históricas e cargos diplomáticos. Os mais notáveis cargos que desempenhou foram os de alto comissário da Liga das Nações para a Cidade Livre de Danzigue e presidente da Cruz Vermelha.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Burckhardt nasceu em Basel, na Suíça. Filho de Carl Christoph Burckhardt (1862–1915), um membro da família patrícia Burckhardt e de sua esposa, Hélène Aline Schazmann (1871–1949). Teve também uma Irmã chamada Theodora Burckhardt (1896-1982).[3]

Frequentou o ginásio em Basel e Glarisegg (em Steckborn).[4][5] Logo depois, ele estudou nas universidades de Basel, Zurique ,Munique e Göttingen, sendo particularmente influenciado pelos professores Ernst Gagliardi e Heinrich Wölfflin.[2]

Obteve sua primeira experiência diplomática na Missão Diplomática suíça na Áustria, de 1918 a 1922, um período caótico após o colapso da Áustria-Hungria. Enquanto estava lá, ele conheceu Hugo von Hofmannsthal. Burckhardt obteve seu doutorado em 1922 na Universidade de Gottigen e depois aceitou uma nomeação no Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que o enviou para a Ásia Menor, onde ajudou no reassentamento dos gregos expulsos da Turquia após a derrota da Grécia em 1922.[2]

Posteriormente retornou à Suíça, onde se casou com Elisabeth de Reynold (filha de Gonzague de Reynold)[3] e seguiu uma carreira acadêmica.[6] Ele foi nomeado Privatdozent na Universidade de Zurique em 1927, e em 1929, foi nomeado como professor extraordinário de história contemporânea na universidade. De 1932 a 1937, foi professor ordinário no recém-criado Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais (IHEID), em Genebra.[4] Enquanto estava lá, ele publicou em 1935 o primeiro volume de sua biografia abrangente do Cardeal Richelieu , que seria concluída com a publicação do quarto volume em 1967.

Retornou à carreira diplomática em 1937, servindo como o último Alto Comissário da Liga das Nações na Cidade Livre de Danzig de 1937 à 1939.[2] Nessa posição, ele pretendia manter o status internacional de Danzig garantido pela Liga das Nações, que colocou-o em contato com vários nazistas proeminentes enquanto tentava evitar o aumento das demandas alemãs. A missão acabou sem sucesso com a invasão da Polônia e anexação alemã em Danzig.[6]

Após este período como Alto Comissário, voltou ao cargo de professor em Genebra pelo resto da Segunda Guerra Mundial (1939–1945). Enquanto ocupava esse cargo, ele também exerceu uma função de liderança no CICV, viajando várias vezes à Alemanha para negociar um melhor tratamento para civis e prisioneiros, em parte usando os contatos adquiridos durante seus dois anos como Alto Comissário em Danzig.[6]

Envolvimento com o nazismo[editar | editar código-fonte]

Depois da guerra, tornou-se presidente do CICV, servindo de 1945 a 1948. Para se organizar, ele aumentou a integração das instituições internacionais da Cruz Vermelha e das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha. Politicamente, seu mandato foi controverso, pois manteve a política existente do CICV de estrita neutralidade nas disputas internacionais, o que levou o CICV a se recusar a condenar os nazistas quando suas atrocidades vieram à tona oficialmente.[7] Seu forte anticomunismo até o levou a considerar o nazismo um mal menor. Nesse tempo, serviu simultaneamente, de 1945 à 1949, como enviado suíço em Paris.[6]

Burckhardt era "um amigo próximo e admirador de Hitler" e estava informado da Solução Final já em 1942. Sob sua liderança, o CICV "serviu como uma ferramenta da política de extermínio nazista", segundo a historiadora israelense Livia Rothkirchen. A postura da Cruz Vermelha durante a guerra não veio totalmente à luz até que ela abriu seus arquivos do período em 1994.[8]

Depois de 1949, voltou à carreira acadêmica, publicando vários livros de história nas décadas seguintes. Em 1954, recebeu o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão.[9] Ele morreu em 1974 em Vinzel. Sua esposa morreu em 1989.[3][6]

Trabalhos[editar | editar código-fonte]

Livros[2][editar | editar código-fonte]

  • Der Berner Schultheiss Charles Neuhaus (1925)
  • Richelieu (4 vols., 1935–67)
  • Gestalten und Mächte (1941)
  • Reden und Aufzeichnungen (1952)
  • Meine Danziger Mission, 1937–1939 (1960)
  • GW (6 vols., 1971)
  • Memorabilien (1977)
  • Briefe: 1908–1974 (1986)[10]

Conquistas[editar | editar código-fonte]

Prêmios[2][editar | editar código-fonte]

  • Comandante da Legião de Honra Francesa
  • Membro estrangeiro da Academia de Ciências da Baviera
  • Membro da Academia Alemã de Linguagem e Poesia
  • Doutor honorário pelas Universidades de Basel, Grenoble e Lille
  • Cidadão honorário de Lille

1949[editar | editar código-fonte]

  • Placa Goethe da cidade de Frankfurt am Main

1950[editar | editar código-fonte]

  • Honorário cidadão de Lübeck
  • Prêmio Hansischer Goethe

1954[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão

1955[editar | editar código-fonte]

  • Cavaleiro da Classe da Paz da Ordem Pour le Mérite

1958[editar | editar código-fonte]

  • Medalha Willibald Pirckheimer

1959[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio Johann Peter Lever
  • Decoração Austríaca de Honra para Ciência e Arte

1961[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio Cultura da Cidade de Basel

Referências

  1. «Carl Jacob Burckhardt». Oxford Reference (em inglês). doi:10.1093/oi/authority.20110803095535863. Consultado em 8 de março de 2021 
  2. a b c d e f «Prabook». prabook.com. Consultado em 7 de março de 2021 
  3. a b c «Family tree of Carl Jakob BURCKHARDT». Geneanet (em inglês). Consultado em 8 de março de 2021 
  4. a b Levine, Herbert S. (1973). «The Mediator: Carl J. Burckhardt's Efforts to Avert a Second World War». The Journal of Modern History (3): 439–455. ISSN 0022-2801. Consultado em 7 de março de 2021 
  5. Gossman, Lionel (1988). «Jacob Burckhardt as Art Historian». Oxford Art Journal (1): 25–32. ISSN 0142-6540. Consultado em 7 de março de 2021 
  6. a b c d e «Burckhardt, Carl Jacob». hls-dhs-dss.ch (em francês). Consultado em 8 de março de 2021 
  7. «"Croix gammée et Croix rouge", une relation sulfureuse». L'Obs (em francês). Consultado em 8 de março de 2021 
  8. Rothkirchen, Livia (1 de janeiro de 2006). The Jews of Bohemia and Moravia: Facing the Holocaust (em inglês). [S.l.]: U of Nebraska Press. p. 303 
  9. «Carl J. Burckhardt». www.friedenspreis-des-deutschen-buchhandels.de (em alemão). Consultado em 7 de março de 2021 
  10. «Briefe, 1908-1974 / Carl J. Buckhardt ; herausgegeben von Kuratorium Carl J. Burckhardt... ; besorgt von Ingrid Metzger-Buddenberg | Carl Jacob Burckhardt 1891-1974 (Metzger-Buddenberg, Ingrid ) | The National Library of Israel». www.nli.org.il (em inglês). Consultado em 7 de março de 2021