Carla Akotirene

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Carla Akotirene
Nome completo Carla Adriana da Silva Santos
Conhecido(a) por Carla Akotirene
Nascimento 30 de abril de 1980 (44 anos)
Salvador, BA
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade Federal da Bahia
Instituto Anísio Teixeira
Ocupação

Carla Akotirene, nascida Carla Adriana da Silva Santos (Salvador, 30 de abril de 1980) é uma militante, pesquisadora, autora e colunista no tema feminismo negro no Brasil. Carla é professora assistente na Universidade Federal da Bahia (UFBA), e frequentemente citada pela sua investigação sobre interseccionalidade.[1][2][3][4][5][6][7][8]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Carla Akotirene estudou, entre 1998 e 1999, Patologia Clínica no Instituto Anísio Teixeira (IAT). Na alura, esteve envolvida nos seguintes projetos e ações: Núcleo de estudantes negras Matilde Ribeiro; Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra; coordenação nacional da Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra/Bahia; conferências de igualdade racial, políticas para as mulheres e de juventude, tais como o Enjune – Encontro Nacional de Juventude Negra; pesquisa sobre violência letal e mapeamento de adolescentes e jovens que morrem em unidades de internamento; projeto Escola Plural, do Instituto Ceafro, coordenado por Nazaré Lima, Licia Barbosa, Valdecir Nascimento. Criou o Opará Saberes, para contribuir no ingresso de pessoas negras na pós-graduação em universidades públicas brasileiras.[1][5][9]

Ela tirou o seu bacharelado em Serviço Social. E seu mestrado em Estudos Feministas (PPGNEIM/UFBA), onde pesquisou a interseccionalidade no Conjunto Penal Feminino de Salvador, e abordou a questão das mulheres no sistema prisional.[1][4][10] No seu doutoramento em estudos de gênero, mulheres e feminismos, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Akotirene ela realiza um estudo comparativo entre as lógicas de racismo e sexismos institucionais nas prisões masculinas e prisões femininas, a partir do conceito da interseccionalidade.

Em 2016, Akotirene foi referenciada pelo coletivo feminista Think Olga como uma das Mulheres Inspiradoras de 2016. A lista reúne nomes de mais de 200 mulheres, grupos e coletivos cujas contribuições em 2016, segundo o coletivo, "merecem ser reconhecidas, valorizadas e incentivadas".[11]

Em 2017, foi indicada por Djamila Ribeiro ao Trip Transformadores como uma das "sete mulheres de ação que nos ajudam a repensar a sociedade".[2] Nesse mesmo ano participou no evento "Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras", em Salvador, Brasil, juntamente com outras mulheres negras convidadas para analisar a obra da escritora Conceição Evaristo.[12]

Em setembro 2018, Akotirene lançou o seu primeiro livro autoral, "O que é Interseccionalidade?", através da Editora Letramento. A publicação faz parte coleção Feminismos Plurais, elaborado pela filósofa Djamila Ribeiro, e traz olhares e críticas ao conceito “Interseccionalidade”.[13][1] No mesmo ano, apresentou a conversa Feminismos Plurais, na FLUPP, Feira Literária das Periferias, junto com Joice Berth, Juliana Borges e Silvio Almeida. A feira literária juntou mais de 80 autores de países como Inglaterra, Camarões, França, EUA, Senegal e Brasil.[14]

Ainda em 2018 foi uma das especialistas convidadas pela ONU Mulheres para partilhar a sua visão como especialista negra sobre temas como violência contra as mulheres negras; racismo nas cidades; mídia; trabalho decente e crescimento econômico; entre outros; e formas de o Brasil atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O evento ocorreu de 23 a 27 de julho, por meio da ação digital #MulheresNegrasNosODS, desenvolvida pela ONU Mulheres Brasil em parceria com o Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030.[15]

Em março de 2020 o Itaú Cultural fechou a sua participação na edição de 2020 da MITsp apresentando duas mesas do seminário Reflexões Estético-Políticas. Contradições no Debate da Cultura como bem comum que reuniu os artistas Carla Akotirene (BA), Daniele Small (RJ), Grazi Medrado (MG), Gyl Giffony (CE), Jaqueline Elesbão (BA) e Jé Oliveira (SP).[16]

Também em 2020, a revista Vogue publicou uma lista de 10 obras fundamentais escritas por mulheres negras na qual incluiu a obra "Interseccionalidade", de Akotirene.[17] Do mesmo modo, Interseccionalidade foi incluido na revista Glamour, que recomendou 5 livros teóricos para entender a luta antirracista no Brasil.[18] Desde junho 2020, ela é colunista da Revista Vogue Brasil.[19]

Ela também foi uma das convidadas das Talks do Festival GRLS! do Canal GNT . Ela dividiu a mesa de debate Cancelar e ser Cancelado ao lado de Linn da Quebrada, João Vicente e Pai Rodney.[20]

Carla, que trabalhou como cordeira e segurança do tradicional bloco africano Ilê Aiyê na década de 1990s, retornou em 2020 à casa do bloco, a Senzala do Barro Preto, onde foi homenageada especial em evento por sua luta pelos direitos das mulheres negras.[21][22]

Akotirene é frequentemente apresentada como uma autora de referência no tema do feminismo, homofobia e racismo.[23][2][1][24]

Principais ideias[editar | editar código-fonte]

De acordo com Akotirene, a interseccionalidade é uma forma metodológica de se pensar como as mulheres são atravessadas por múltiplas diferenciações. No que se trata das mulheres negras, a interseccionalidade revela problemas além do racismo, revela o machismo, o sexismo, entre outras formas onde as opressões se encontram.

"A interseccionalidade visa dar instrumentalidade teórico-metodológica à inseparabilidade estrutural do estrutural do racismo, capitalismo, e cisheteropatriarcado- produtores de avenidas identitárias em que mulheres negras são repetidas vezes atingidas pelo cruzamento e sobreposição de gênero, raça e classe, modernos aparatos coloniais" (AKOTIRENE, 2019, p.19).[25]

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em 2021, Carla Akotirene foi um das personalidades nomeadas pela lista Bantumen Powerlist 100, onde se encontram reunidas as "As 100 Personalidades Negras Mais Influentes da Lusofonia". [26]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • 2018 - O que é interseccionalidade? - ISBN 9788598349695[13][27],
  • 2020 - Ó pa í, prezada! Racismo e sexismo institucionais tomando bonde nas penitenciárias femininas - ISBN 9786550940034[28]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e «O que é Interseccionalidade?». www.folhape.com.br. Consultado em 8 de junho de 2020 
  2. a b c «Djamila Ribeiro lista mulheres negras para seguir». Trip. Consultado em 8 de junho de 2020 
  3. «Atividade Docente - UFBA» (PDF). UFBA. Consultado em 8 de junho de 2020 
  4. a b «Opinião - Djamila Ribeiro: A boca não vence a guerra». Folha de S.Paulo. 20 de setembro de 2019. Consultado em 8 de junho de 2020 
  5. a b «Carla Akotirene: de cordeira do Ilê Aiyê a intelectual festejada». CartaCapital. 10 de fevereiro de 2020. Consultado em 8 de junho de 2020 
  6. «CONVERSAS SOBRE DIREITOS HUMANOS E PRÁTICAS EDUCATIVAS NO ESPAÇO ESCOLAR» (PDF). Universidade Estadual de Maringá - Edições Diálogos. 2019. Consultado em 8 de junho de 2020 
  7. «Conheça mais duas personalidades inspiradoras da série "Resistência tem nome: mulher" | FENAJUD». 9 de março de 2020. Consultado em 8 de junho de 2020 
  8. «INTERSECCIONALIDADE – Filhas de Frida». Consultado em 8 de junho de 2020 
  9. «Carla Akotirene». Geledés. Consultado em 8 de junho de 2020 
  10. Silva , Carla Adriana Santos da (2014). «Ó Pa Í, Prezada! Racismo e Sexismo Intitucionais tomando bonde no Conjunto Penal Feminino de Salvador» (PDF). UFBA. Consultado em 9 de junho de 2020 
  11. Noelle, Midiã (5 de dezembro de 2016). «Preticess: baianas são destaque na lista de mulheres inspiradoras de 2016». Jornal CORREIO | Notícias e opiniões que a Bahia quer saber. Consultado em 8 de junho de 2020 
  12. «'Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras' começa nesta terça-feira e irá debater obra de Conceição Evaristo». G1. Consultado em 8 de junho de 2020 
  13. a b «Pesquisadora baiana Carla Akotirene lança primeiro livro autoral e faz pré-venda na internet». G1. Consultado em 8 de junho de 2020 
  14. «Literatura, racismo e negritude em debate». Marcelo Rubens Paiva. Consultado em 8 de junho de 2020 
  15. «ONU Mulheres ouve ativistas negras sobre formas de o Brasil atingir objetivos globais». ONU Brasil. 25 de julho de 2018. Consultado em 8 de junho de 2020 
  16. ABCdoABC, Portal do. «Itaú Cultural recebe atividades da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo». www.abcdoabc.com.br. Consultado em 8 de junho de 2020 
  17. «10 livros fundamentais escritos por mulheres negras». Vogue. Consultado em 8 de junho de 2020 
  18. «5 livros teóricos para entender a luta antirracista (e ser um)». Revista Glamour. Consultado em 8 de junho de 2020 
  19. «Carla Akotirene estreia como colunista da Vogue». Vogue. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  20. «Linn da Quebrada, João Vicente, Carla Akotirene, Pai Rodney de Oxóssi – Grls!» (em inglês). Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  21. «Carla Akotirene: de cordeira do Ilê Aiyê a intelectual festejada». CartaCapital. 10 de fevereiro de 2020. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  22. «Intelectual baiana, Carla Akotirene é homenageada pelo Bloco Ilê Ayê». Revista Marie Claire. Consultado em 29 de janeiro de 2021 
  23. «Entenda o movimento Black Lives Matter e como ele pode ser cobrado no Enem». Portal N10. Consultado em 8 de junho de 2020 
  24. «Djamila Ribeiro indica livros para ler durante isolamento por coronavírus». Revista Marie Claire. Consultado em 8 de junho de 2020 
  25. Akotirene, Carla (2019). Interseccionalidade. [S.l.]: Pólen Produção Editorial LTDA. p. 19. 152 páginas 
  26. «Carla Akotirene». POWERLIST100 BANTUMEN. 12 de dezembro de 2021. Consultado em 14 de dezembro de 2021 
  27. Akotirene, Carla. «Interseccionalidade». Cadernos de Linguagem e Sociedade - UNB. Consultado em 9 de junho de 2020 
  28. «Ó pa í, prezada!». LetrasPretas. 24 de março de 2020. Consultado em 9 de junho de 2020 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]