Carlos Collado

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Carlos Collado
Carlos Collado
Collado em visita a La Moncloa, em março de 1991
Presidente da Região de Múrcia
Período 31 de março de 198416 de abril de 1993
Antecessor(a) Andrés Hernández Ros
Sucessor(a) María Antonia Martínez García
Presidente da Assembleia Regional de Múrcia
Período 15 de julho de 19823 de abril de 1984
Sucessor(a) Manuel Tera Bueno
Deputado na Assembleia Regional de Múrcia
pela circunscrição n.º 3
Período 15 de julho de 198228 de maio de 1995
Dados pessoais
Nome completo Carlos Collado Mena
Nascimento 12 de julho de 1938 (85 anos)
Orleães, França
Nacionalidade espanhol
Alma mater Universidade Complutense de Madrid
Partido Partido Socialista Operário Espanhol

Carlos Collado Mena (Orleães, 12 de julho de 1938) é um político espanhol, presidente da Região de Múrcia de 1984 a 1993.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Orleães em 1938, onde seus pais residiam durante a Guerra Civil Espanhola. Em 1940, voltou à Espanha junto com sua mãe e irmãos, ficando o pai no exílio na França.[2] Após seu retorno a Almendricos, aldeia no município de Lorca, cursou seus primeiros estudos nesta localidade. Anos depois voltou à França, na cidade de Biarritz, por razões de trabalho.

Formação e docência[editar | editar código-fonte]

Em 1965, formou-se em Filosofia e Letras pela Universidade Complutense de Madrid.[3] No ano seguinte, tornou-se professor da escola de Assistentes Técnicos Médicos (ATS) da faculdade de medicina da universidade.

Em 1969, ingressou como professor no Instituto de Licenciatura Carlos III, na cidade de Águilas.[4] A partir de 1978, lecionou filosofia na Escola Secundária Alfonso X o Sábio, na cidade de Múrcia, permanecendo em licença para cargos públicos de 1979 a 1993. Após seu retorno ao Instituto, ele ocupou o cargo de diretor de 2000 a 2007.[5]

Presidente da Assembleia Regional de Múrcia[editar | editar código-fonte]

Membro do PSOE, foi eleito vereador de Águilas, em 1979. Posteriormente, assumiu a presidência da deputação provincial de Múrcia. Em 16 de julho de 1982, Carlos Collado foi eleito presidente da Assembleia Regional Provisória de Múrcia com 21 votos a favor.[6]

Durante as eleições autonómicas de 8 de maio de 1983, foi eleito deputado regional. Na abertura da legislatura em 28 de maio, foi eleito por unanimidade pelos 43 parlamentares como presidente da Assembleia Regional, aos 44 anos de idade.[7]

Presidente da Região de Múrcia[editar | editar código-fonte]

Após a renúncia de Andrés Hernández Ros, em 9 de março de 1984, envolvido em um escândalo por suposto crime de suborno a jornalistas, foi eleito pelo Partido Socialista da Região de Murcia-PSOE (PSRM-PSOE) para assumir o seu cargo.[8][9] Em seguida, compareceu frente aos deputados regionais no dia 27 de março, com um discurso focado em austeridade e na gestão rigorosa das finanças públicas regionais, anunciando também que estava desistindo de criar uma televisão pública autonómica.[10] Carlos Collado foi então investido presidente da região de Murcia por 26 votos a favor, 14 votos contra e 1 abstenção.[11] Ele foi empossado oficialmente no cargo em 31 de março de 1984.[12]

Mantendo-se à frente nas eleições autonómicas de 10 de junho de 1987, obteve 44,1% dos votos expressos e 25 deputados de 45, conservando a maioria absoluta que os socialistas tinham na Assembleia. Ele foi investido para um segundo mandato como Presidente da Comunidade Autônoma em 20 de julho por 25 votos a favor, 17 contra e 2 abstenções.[13] Sua reeleição foi oficialmente efetivada em 23 de julho de 1987.[14] Em 24 de abril de 1988, foi eleito secretário-geral do PSRM-PSOE com 81,2% dos votos expressos, tendo sua lista de candidatos ao comitê regional recebido o apoio de 65,7% dos votos, contra 31,8% do seu antecessor, Enrique Amat.[15] Apenas dois anos depois, sua lista foi derrotada por três votos para a ala de seus adversários internos, mas o líder desta última decidiu mantê-lo no cargo.[16] Posteriormente, em 18 de dezembro de 1990, acabou substituído como presidente do partido por Juan Manuel Cañizares, que naquele momento ocupava o cargo de vice-secretário geral.[17]

Nas eleições autonómicas realizadas em 26 de maio de 1991, os socialistas ganharam novamente, obtendo 45,7% dos votos e 24 dos 45 deputados. A Assembleia o reintegrou como Presidente da Região de Múrcia em 21 de junho, recebendo 24 votos a favor, 17 contra e 4 abstenções.[18]

Demissão e fim da carreira[editar | editar código-fonte]

Em 9 de março de 1993, quando a Assembleia Regional começou a considerar uma moção de censura apresentada pelo Partido Popular da Região de Murcia (PPRM), o Tribunal Superior de Justiça entregou ao Ministério Público uma investigação elaborada por uma comissão parlamentar acusando-o de prevaricação e peculato na compra do terreno da "Finca Casa Grande".[19] A compra dos terrenos da Finca Casa Grande de La Aljorra, localidade do município de Cartagena, pela Comunidade Autônoma, foi acusada de ter sido superfaturada, e teria como objetivo inicial ser cedida para abrigar um milionário investimento da empresa americana General Electric na região.[20][21]

Embora o grupo parlamentar socialista tenha votado contra a moção de censura apresentada pelo PP em 10 de março, expressou apenas um tímido apoio a Collado, cujo nome não foi nem mesmo mencionado pelo porta-voz do partido, Ramón Ortiz.[22] Apenas um mês depois, o secretário geral do PSRM-PSOE, Juan Manuel Cañizares, e o porta-voz da liderança regional do partido e então presidente da Assembleia Regional, Miguel Navarro, o exortou publicamente a renunciar.[23]

Ele apresentou sua carta oficial de demissão à Assembleia Regional em 19 de abril de 1993, tendo o PSRM-PSOE escolhido a vice-presidente do Parlamento autônomo, María Antonia Martínez, para suceder-lhe.[24] Ele foi oficialmente demitido de suas funções em 3 de maio.[25]

Ele foi definitivamente absolvido do "caso Casa Grande" pelo Tribunal de Contas em 1997.[26]

Referências

  1. «Los antecesores del actual Presidente» (em espanhol). La Opinión de Murcia. 15 de junho de 2011. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  2. «Carlos Collado Mena» (em espanhol). Región de Murcia Digital. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  3. «Carlos Collado: "Me sentí traicionado y apuñalado por mis propios compañeros, y el PSOE no ha repuesto mi honor"» (em espanhol). Cadena SER. 25 de fevereiro de 2017. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  4. «El expresidente Carlos Collado, nombrado Hijo Adoptivo de Águilas» (em espanhol). Cadena SER. 28 de julho de 2016. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  5. «Directores» (em espanhol). Instituto de Educación Secundaria Alfonso X el Sabio. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  6. «Un socialista, elegido presidente de la Asamblea de Murcia» (em espanhol). El País. 17 de julho de 1982. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  7. «Sesión constitutiva de la Asamblea Regional» (PDF) (em espanhol). Jornal de Sessões da Assembleia Regional. 28 de maio de 1983. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  8. «Hernández Ros, Collado y PAS: las cuatro mociones de censura que fracasaron o ni se debatieron» (em espanhol). Murcia Plaza. 16 de março de 2021. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  9. «Hernández Ros renuncia hoy a la presidencia de la comunidad autónoma de Murcia» (em espanhol). El País. 8 de março de 1984. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  10. «El futuro presidente murciano anuncia austeridad en su discurso de investidura» (em espanhol). El País. 28 de março de 1984. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  11. «Pleno de la Asamblea Regional» (PDF) (em espanhol). Jornal de Sessões da Assembleia Regional. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  12. «Real Decreto 629/1984, de 29 de marzo, por el que se nombra Presidente de la Región de Murcia a don Carlos Collado Mena.» (PDF) (em espanhol). Boletim Oficial do Estado. 31 de março de 1984. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  13. «Pleno de la Asamblea Regional» (PDF) (em espanhol). Jornal de Sessões da Assembleia Regional. 20 de julho de 1987. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  14. «Real Decreto 947/1987, de 22 de julio, por el que se nombra Presidente de la Región de Murcia a don Carlos Collado Mena.» (PDF) (em espanhol). 23 de julho de 1987. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  15. «Benegas afirma que España tiene ahora la clase política más digna de este siglo» (em espanhol). El País. 25 de abril de 1988. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  16. «La lista oficialista de Carlos Collado perdió el congreso de los socialistas murcianos» (em espanhol). El País. 30 de setembro de 1990. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  17. «El vicesecretario general saliente, Juan Manuel Cañizares ha salido elegido secretario general del PSRM-PSOE cargo que sustituye al presidente de la Comunidad Autónoma Carlos Collado» (em espanhol). EFE. 18 de dezembro de 1990. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  18. «Presidente de Murcia» (em espanhol). El País. 22 de junho de 1991. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  19. «El Tribunal Superior de Murcia pide que se investigue a Collado» (em espanhol). El País. 9 de março de 1993. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  20. «General Electric, a La Aljorra» (em espanhol). La Verdad. 22 de outubro de 2020. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  21. «Indicios de irregularidades en la actuación de Collado en el 'caso Casa Grande' de Murcia» (em espanhol). El País. 3 de maio de 1995. Consultado em 26 de agosto de 2021 
  22. «El PSOE deja a Collado como presidente, pero evita respaldarle» (em espanhol). El País. 11 de março de 1993. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  23. «Dirigentes socialistas de Murcia piden públicamente la dimisión de Collado» (em espanhol). El País. 13 de abril de 1993. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  24. «Collado formaliza su dimisión como presidente de Murcia en un escrito sin explicaciones» (em espanhol). El País. 20 de abril de 1993. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  25. «Real Decreto 625/1993, de 2 de mayo, por el que se dispone el cese de don Carlos Collado Mena como Presidente de la Región de Murcia» (PDF) (em espanhol). Boletim Oficial do Estado. 3 de maio de 1993. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  26. «El ex presidente socialista de Murcia, exculpado en el caso que le obligó a dimitir» (em espanhol). El País. 14 de fevereiro de 1997. Consultado em 25 de agosto de 2021