Carlos Mancuso

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Interior do Theatro São Pedro, um dos seus principais projetos de restauro
O Solar Lopo Gonçalves, restaurado por Mancuso, hoje sede do Museu de Porto Alegre

Carlos Antônio Mancuso (Porto Alegre, 1930 - 2010) foi um artista plástico, professor, arquiteto e restaurador brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Interessado pelas artes desde jovem, teve aulas com José de Francesco e João Faria Viana, e ganhou uma bolsa de estudos para ingressar no Instituto de Belas Artes. Como artista plástico trabalhou em várias técnicas e deu preferência para temas como retratos, cenas urbanas, paisagens, marinhas e naturezas-mortas.[1] Na década de 1950 obteve diversos prêmios: 1º Prêmio em Gravura e 2º Prêmio em Desenho no Salão da Câmara de Porto Alegre, Medalha de Prata em Gravura no Salão do Instituto de Belas Artes,[2] e Medalha de Bronze em Desenho no V Salão da Associação Francisco Lisboa.[3] Participou do Clube de Gravura de Porto Alegre, influente centro de renovação das artes gráficas do estado, e uma de suas gravuras foi incluída no primeiro álbum publicado, que recebeu o Prêmio Picasso da Paz na Conferência Internacional pela Paz de 1952.[3][4] Com colegas do Clube expôs em Berlim em 1958 com favorável recepção crítica.[5] Foi membro do júri do I Salão de Arte Universitária em 1966.[6]

Paralelamente desenvolvia outras atividades. Graduou-se arquiteto em 1956, e no ano seguinte seu professor Angelo Guido o convidou para ser seu assistente. Mais tarde herdou a posição do mestre, lecionando Estética e História da Arte no Belas Artes e na Faculdade de Arquitetura da UFRGS até se aposentar.[1] Foi membro das bancas examinadoras para os vestibulares da Arquitetura.[7] Também lecionou Cultura Artística na Faculdade de Jornalismo da PUCRS,[8] e dirigiu o Departamento de Cultura do Centro de Estudos Cinematográficos da mesma universidade.[9]

Como profissional da arquitetura projetou residências e foi um dos responsáveis pela popularização no sul da estética modernista nos projetos de interiores.[10][11] Com Luiz Araújo fez o projeto da Usina Elétrica e da Hidráulica de Pinhal.[12] Foi o primeiro arquiteto a ser convidado pelo governo do estado a dirigir um projeto de restauro, no caso, do Forte de Santa Tecla em Bagé. Também reconstruiu a casa de Bento Gonçalves em Camaquã.[13] Dirigiu os projetos de recuperação de três importantes edificações de Porto Alegre: o Theatro São Pedro, o Solar dos Câmara e o Solar Lopo Gonçalves, todas tombadas. O prédio do teatro estava muito degradado e seu projeto de restauro, com a assessoria de Antônio Carlos Castro, incluiu a reconstrução de elementos originais perdidos, como o grande lustre de cristal, os veludos estampados das poltronas e a pintura do forro, da qual se encarregou pessoalmente com a colaboração de Danúbio Gonçalves, Léo Dexheimer e Plínio Bernhardt. Foi aproveitada a oportunidade para dotar o teatro com equipamentos modernos.[1] O historiador e professor da UFRGS Círio Simon o chamou de mestre, elogiou os resultados positivos que obteve no teatro, que o recolocaram na categoria dos melhores do Brasil, acrescentando louvores à sua integridade intelectual e pessoal, sua sensibilidade e seu profundo envolvimento com o sistema de arte do Rio Grande do Sul.[4]

Fez várias viagens de estudo à Europa e fez pesquisas sobre a pintura brasileira, o Barroco brasileiro e a história da arquitetura e urbanismo no Rio Grande do Sul e sua capital Porto Alegre. Em 1969 recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal, onde se aprofundou nos estudos sobre o Barroco, publicando seus resultados em 1972 na antologia Aspectos do Barroco em Portugal, Espanha e Brasil, junto com outros três autores, entre eles Angelo Guido. Deu muitos cursos e palestras e foi colaborador dos jornais Correio do Povo, Folha da Tarde e Zero Hora, escrevendo sobre temas da cultura e da arte.[1]

Em 2016 a Secretaria Municipal de Cultura realizou uma retrospectiva de suas aquarelas na Pinacoteca Aldo Locatelli.[14]

Referências

  1. a b c d "Carlos Antônio Mancuso". In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022
  2. "Clube de Gravura". Diário de Notícias, 30/09/1955
  3. a b "Mancuso, Carlos Antônio". Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, UFRGS
  4. a b Simon, Círio. "Carlos Antônio Mancuso". Arte em Porto Alegre, 04/10/2010
  5. Macedo, Francisco Riopardense de. "Notas sobre um catálogo". Diário de Notícias, 03/01/1958, p. 3
  6. "Estes são os 3 melhores do Salão DEE". Diário de Notícias, 26/08/1966, p. 5
  7. "Roteiro de ensino". Jornal do Dia, 13/02/1960, p. 9
  8. Dornelles, Beatriz. PUCRS: 50 anos formando jornalistas. EDIPUCRS, 2002, p. 37
  9. "Fundado na PUC centro de estudos cinematográficos: eleita diretoria". Diário de Notícias, 15/08/1963, p. 5
  10. Marques, Sergio Moacir. "Adeus Capitán Cláudio Araújo (1931-2016)". In: Revista Drops, 2016; 17 (107)
  11. Silva, Antonio. "A evolução do design de mobília no Brasil". In: Bianchi, Claudia de Brito Lameirinha (org.). Mobília brasileira contemporânea. Centro Cultural São Paulo, 2008, p. 99
  12. "Usina e hidráulica da praia do Pinhal". Diário de Notícias, 05/12/1957, p. 3
  13. "Experiência dos arquitetos que farão a perícia". Folha de Hoje, 08/06/1994, p. 12
  14. Piffero, Luíza. "Exposição destaca leveza das aquarelas de Carlos Mancuso". Zero Hora, 19/12/2016