Carta de Solos do Brasil

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Solo regolítico sobre rocha granulítica, no Rio de Janeiro.

A Carta de Solos do Brasil é o mapeamento realizado a partir de 1953, identificando os tipos de solos encontrados no país, envolvendo ainda o preparo de pedólogos e que foi parcialmente concluído em 2003, capitaneado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos (CNPS-Embrapa, ou Embrapa Solos), com sede no Rio de Janeiro.

Histórico[editar | editar código-fonte]

Ainda em 1947 ocorreu a criação da "Comissão de Solos" (atual Embrapa Solos) e a fundação da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, com sede na Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais. A Comissão, após reestruturação em 1953, criou um programa para o reconhecimento do solo no país que, no ano seguinte, iniciou os estudos no estado-sede do Rio. Em 1955 teve início o mapeamento do estado de São Paulo.[1]

No programa participaram entidades como a Universidade Rural (atual UFRRJ, diversos cursos de Agronomia, o Projeto RADAM,[1] o IBGE, dentre outros.

No ano de 2003, após meio século de pesquisas, o IBGE lançou o primeiro mapa de solos do país.[2]

Adaptação e tipos de solo[editar | editar código-fonte]

Sistema de cores de Munsell, ainda usado para a pedologia no Brasil.

A classificação brasileira de solos foi baseada no antigo sistema de Baldwin et al. (1938), com modificações de Thorp e Smith (1949). A despeito da grande variedade de solos no Brasil, buscou-se uma padronização de conceitos e nomes, através dos mapeamentos realizados até a metade da década de 1980, que resultou no sistema da Embrapa (1999) que, entretanto, ainda está em ajustes.[3]

A classificação dos tipos de solos varia de acordo com várias de suas características; por exemplo, com relação à estrutura granulométrica baseada na forma dos agregados ou peds e agregamento do perfil, pode ser laminar (ocorre em horizontes de tipo E de muitos argissolos), prismática (que ocorre em solos tipo Bt e horizonte B solonétzico); em blocos (horizonte B com solos Bt) e Granular (horizonte A, ricos em húmus e Latossolo; horizonte A chernozênico de alguns solos).[4]

Também é observado o conteúdo de água e a saturação relativa no solo, nos três estados físicos (gasoso, líquido e sólido). Dentre os aspectos analisados para a classificação estão as constantes da água no solo: CMA (Capacidade Máxima de Armazenamento de Água), CC (Capacidade de Campo), PMP (Ponto de Murcha Permanente), DREN (Água sujeita à Drenagem), AD (Água Disponível) e AND (Água Não Disponível). Capítulo especial refere-se à atmosfera do solo, pois questões como a respiração aeróbica, aeração, e outras têm capital importância para as reações biológicas do solo, dentre outros fatores a ser apreciados.[5]

A classificação dos solos no Brasil teve de sofrer alterações em relação às existentes noutros países, em razão da diferença do clima, em que predomina o tropical, enquanto os demais se baseiam no temperado.[6] Existem no país treze classes de solos, que por sua vez são divididos em grandes grupos e subgrupos.[3]

A ação bioclimática sobre o material de origem, em certos tipos de relevo, faz surgirem os horizontes H, O, A, E, B e C que, entretanto, não são suficientes para a classificação, que ocorrem nos chamados horizontes diagnósticos. Assim, tem-se no horizonte A o A húmico, o A proeminente, o A chernozêmico, A antrópico, A fraco e A moderado; no horizonte hístico tem-se ocorrência em organossolos, alguns gleissolos e poucos cambissolos; nos horizontes diagnósticos subsuperficiais (B), tem-se o Bt (B textural), B latossólico (Bw), etc.[3]

Característica da Carta[editar | editar código-fonte]

A Carta de Solos do Brasil tem por principal característica a multicategorização - ou seja, a sistematização hierárquica das classes de solos, partindo das classes de solo mais genéricas, para as mais específicas; e também por ser aberta - ou seja, permite a introdução de novos tipos de solos descobertos.[6]

Referências

  1. a b Embrapa Solos. «Histórico CNPS». Consultado em 23 de dezembro de 2009 
  2. Comunicação Social IBGE (31 de julho de 2003). «Mapa de Solos do Brasil». Consultado em 23 de dezembro de 2009 
  3. a b c João Carlos Ker (2006). Anotações e perguntas sobre solos brasileiros (SiBCS - atualizado). Viçosa: UFV. 72 páginas 
  4. Elpídio Inácio Fernandes Filho; Márcio Rocha Francelino. Solo como sistema trifásico. Viçosa: UFV. 40 páginas 
  5. Hugo A. Ruiz (2004). Constituição, propriedade e classificação de solos. Capítulos 3 e 4. Viçosa: UFV. 14 páginas 
  6. a b Hélio do Prado (dezembro de 1995). «Pedologia simplificada» (PDF). Arquivo do Agrônomo - Nº 1 (2ª edição - ampliada e totalmente modificada). Consultado em 23 de dezembro de 2009 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]