Castelo de Cardiff

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Castelo de Cardiff
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depois
Estilo
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Proprietário
Cardiff Council (en)
Estatuto patrimonial
Monumento marcado
Edifício listado como Grau I (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
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Altitude
12 m
Coordenadas
Mapa
Vista parcial do Castelo de Cardiff.

O Castelo de Cardiff ou, nas suas formas portuguesas, de Cardife ou de Cardívio (em galês: Castell Caerdydd; em inglês: Cardiff Castle) é um castelo medieval e palácio neogótico vitoriano, erguido a partir duma torre de menagem normanda construída sobre um forte romano. Localiza-se na cidade de Cardiff, capital do País de Gales. Encontra-se classificado como um listed building com o Grau I desde 2 de dezembro de 1952.[1]

História[editar | editar código-fonte]

O forte romano[editar | editar código-fonte]

No local onde se ergue o actual castelo, devem ter existido, pelo menos, dois fortes romanos anteriores. O primeiro foi, provavelmente, construído por volta do ano 55 durante a conquista da tribo dos Siluros. Entre o final do século II e o início do século III, edifícios civis associados com trabalhos em ferro ocuparam o lugar (Forte Romano).

O castelo normando[editar | editar código-fonte]

A torre de menagem normanda do Castelo de Cardiff.

A torre de menagem normanda foi erguida num alto forte do tipo motte-and-bailey no sítio dum antigo castro romano, descoberto pela primeira vez durante a terceira campanha de construção do Marquês de Bute. A torre normanda, cuja estrutura subsiste, foi construída por volta de 1091 por Robert Fitzhamon, Senhor de Gloucester e conquistador de Glamorgan.

O Castelo de Cardiff em 1775, inserido num cenário pitoresco por Charles Knight.

Depois da tentativa falhada de Roberto II da Normandia, filho mais velho de Guilherme, o Conquistador, tomar a Inglaterra a Henrique I, aquele nobre acabou por ficar aqui detido entre 1106 a 1134, acabando por ser o mais famoso prisioneiro do castelo.[2]

O castelo, reconstruído em pedra, foi uma importante fortaleza dos Senhores das Marcas nas dinastias de Clare e le Despenser, e também dos Beauchamps, Condes de Warwick, de Ricardo, Duque de Iorque, através do seu casamento na família Neville, e da família Herbert, Condes de Pembroke.

Cenário de importantes batalhas ao longo dos séculos, foi reconquistado pelos galeses em 1404, sob o governo de Owen Glyndŵr. Mais tarde, em 1488 passou para as mãos de Jasper Tudor, primeiro Duque de Bedford.

No século XVIII, o castelo passou para a posse de John Stuart, 3.° Conde de Bute, que se tornou, através da sua esposa (membro da família Herbert), num importante proprietário rural da região e cujos herdeiros desenvolveram as docas que transformaram Cardiff duma vila piscatória num importante porto de exportação de carvão durante o século XIX.

O palácio vitoriano[editar | editar código-fonte]

Edifício vitoriano do Castelo de Cardiff.
A sala de fumo de verão de Burges.

No início do século XIX, o castelo foi ampliado e renovado num estilo neogótico inicial, por Henry Holland, para John Crichton-Stuart, 2º Marquês de Bute. No entanto, a sua transformação começou em 1868 quando John Crichton-Stuart, 3º Marquês de Bute, contratou o arquitecto William Burges com o fim de empreender uma reconstrução maciça, a qual tornaria o castelo numa fantasia oitocentista de palácio medieval de conto de fadas, com uma série de salas que, talvez, constituam a mais alta realização do desenho neogótico tardio em estilo vitoriano.[3]

A torre do relógio.

O encontro do marquês, um convertido precoce ao catolicismo, tremendamente rico e imerso numa visão romântica do mundo medieval, com Burges, proeminente arquitecto de arte, forjou uma das melhores relações patrono/arquitecto entre um entusiasta do gótico e um desenhador altamente talentoso, que conduziu a uma sucessão de triunfos arquitectónicos, dos quais o Castelo de Cardiff é o maior de todos.

A reconstrução começou com a Torre do Relógio (Clock Tower), planeada em 1866-1868 e iniciada em 1869. As torres sucedem-se em direcção a oeste, com a Torre Reservatório (Tank Tower), a Torre do Convidado (Guest Tower), a Torre Herbert (Herbert Tower) e a Torre Beauchamp (Beauchamp Tower), realizadas tanto por Burges como por Holland e, em parte, durante os século XV e XVI, criam uma silhueta, melhor observada a partir do Bute Park, que ecoa o desenho não construído de Burges para os Tribunais (Law Courts) e apresenta uma imagem visualmente deslumbrante de cidade medieval.

Dentro do castelo, sucedem-se os sumptuosos apartamentos; as Salas de Fumo de Verão e de Inverno (Winter e Summer Smoking Rooms), a Sala de Chaucer (Chaucer Room), a Sala Árabe (Arab Room), o Quarto de Lorde Bute (Lord Bute's Bedroom), o Jardim Coberto (Roof Garden), as quais ilustram repetidamente a habilidade suprema de Burges como um arquitecto de arte. Tomando um controle completo no desenho do edifício, da decoração e do mobiliário dos apartamentos, e usando o seu tema favorito de Nicholls, Crace e Lonsdale, Burges criou um conjunto de salas em estilo neogótico que não têm rival.

Actualidade: acesso e eventos[editar | editar código-fonte]

Interior da Sala Árabe.

Em 1947, o castelo foi vendido pela família Bute à cidade de Cardiff, pelo valor simbólico de 1 libra. Actualmente, é uma popular atracção turística da capital, alojando, também, o museu do regimento, em adição às ruínas do velho castelo e à reconstrução vitoriana. Situa-se nos esplêndidos terrenos do Bute Park.[4]

O castelo tem acolhido vários concertos rock e actuações, tendo capacidade para acomodar mais de 10.000 pessoas. Entre os concertos mais notáveis incluem-se o Live at Cardiff Castle dos Stereophonics, em Junho de 1998, e o concerto dos Green Day, em 2002.[5] Em 1948, uma multidão de 16.000 pessoas, um recorde para o jogo de basebol britânico, assistiu à derrota da Inglaterra frente ao País de Gales nos campos do castelo. Todos os anos, o Castelo de Cardiff acolhe o Baile de Verão da Universidade de Cardiff.[5][6] É o local do País de Gales onde se realiza o maior Mardi Gras, todos os Agostos. Tom Jones apresentou-se aqui, perante uma grande audiência, em 2001; esta actuação está registada num DVD com o título Tom Jones: Live at Cardiff Castle.[7]

O historiador de arquitectura Dan Cruickshank seleccionou o castelo como uma das suas oito escolhas para o livro de 2002, com a chancela da BBC, The Story of Britain's Best Buildings.[8]

Referências

  1. «Cardiff Castle, Castle». britishlistedbuildings.co.uk (em inglês). Consultado em 22 de fevereiro de 2012 
  2. Brewer's Britain & Ireland (2005), s.v. "Cardiff"; John Davies, Cardiff and the Marquesses of Bute.
  3. Girouard, Mark (1979). The Victorian country house. [S.l.]: New Haven : Yale University Press 
  4. «Cardiff - Atlantic Rim Bowls Championships 2019 Visitor Attractions» (PDF). welshbowls.co.uk. 2019. Consultado em 5 de maio de 2020 
  5. a b «Cardiff Castle in Cardiff, Wales» (em inglês). www.gpsmycity.com. Consultado em 5 de maio de 2020 
  6. «Cardiff Castle - Wales, UK». www.waymarking.com. 3 de outubro de 2009. Consultado em 5 de maio de 2020 
  7. «Cardiff Castle». www.walestouristsonline.co.uk. Consultado em 5 de maio de 2020 
  8. Cruickshank, Dan. «Choosing Britain's Best Buildings» (em inglês). BBC History. Consultado em 3 de Junho de 2008 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CROOK, J. Mordaunt, The Strange Genius of William Burges (1981) National Museum of Wales.
  • COOK, J. Mordaunt, William Burges and the High Victorian Dream (1981) John Murray.
  • GIROUARD Mark, The Victorian Country House (1979) Yale University Press.
  • NEWMAN, John. The Buildings of Wales: Glamorgan (1995) Penguin.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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